UMA VIOLENTA PERSEGUIÇÃO DE BARCOS

Podemos perfeitamente viver sem Deus.
O que não falta é gente que faz toda a sua vida sem recorrer a estímulos espirituais religiosos. E vive aparentemente bem.
Já por contra, a vida seria muito mais aborrecida sem termos uma pontinha de simpatia pelo Diabo.
E temos, todos nós temos um lado mau que nos faz ficar do lado dos bandidos, dos que roubam, dos que assaltam, dos que fogem das prisões.
Queremos sempre muito mais que a polícia não os encontre e prenda …que o contrário.
Fazemos secretamente claque pela bandidagem, torcemos muito para que o criminoso consiga escapar à polícia. Tentamos imaginar o que faríamos na mesma situação.
Essa é a magia dos filmes de acção, de gangsters, colocar-nos na pele do vilão sem sairmos do conforto do nosso sofá.
Que se dane a ordem pública, aquilo que queremos é que existam Robin dos Bosques, gente que assuma a luta contra o sistema.

Ora vejam aqui uma perseguição de barco, com os meliantes a tentarem desesperadamente escapar a um barco da autoridade.

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.


Nem sei qual a moldura penal atribuída a quem defende estas ideias.
Provavelmente será algo um pouco acima do termo de identidade e residência com pulseira electrónica a que já estou habituado por escrever artigos no blog.
Aquilo que vos trago hoje é uma coleção de curiosidades made in Angola, terra onde ser criativo compensa.
Esqueçam as regras, as proibições, a fiscalização.
Em Portugal, se algo não é permitido, é porque é proibido. 
Em Angola, se algo não está proibido é porque é permitido. 
E em Benguela, quer seja proibido quer não, as pessoas fazem o que quiserem. Conduz-se pela direita mas também pela esquerda, sem capacete, sem luzes, com os máximos sempre ligados, à vontade do freguês…
Numa terra onde é cada um por si, as soluções são sempre as que podem render algo para esse dia. Um peixe, por pequeno que seja, …mata a fome.

Este amigo resolveu aproveitar o casco de uma mota de água para fazer dela um barco a remos. Estava a pescar ao fundo, ao sentir...

Na falta de outros recursos, a imaginação é levada ao extremo, e não é raro encontrarmos objectos flutuantes no mar, e por vezes longe da costa, nos quais não quereríamos entrar nem em terra firme. Vejam abaixo o caso desta “bimba”, a embarcação mais comum que podemos encontrar naquelas paragens.

Uma bimba, pequeno barco artesanal, feito com esferovite, madeira, alguns pregos e muita fé. Podem estar a milhas da costa...

Tenho a certeza que qualquer elemento da nossa Polícia Marítima seria levado a cortar os pulsos se tivesse de fiscalizar qualquer uma das embarcações que fotografei durante uma semana de mar em Angola.
Meios de salvamento zero, meios de comunicação zero, meios de segurança zero.
Não há que saber: é fé em Deus e prá frente.

Versão barco à vela.

Não deixa de ser espantoso o que aquela gente faz todos os dias. É verdade que, sabendo não haver meios em terra para os ir salvar, o risco que assumem é total, mas conhecido. Afastam-se de terra tendo em conta a força dos seus braços, e a crença de que o mar não vai mudar.
De vez em quando muda mesmo e …morrem ao largo.

Aqui uma bimba feita com ramos de árvore, a recolher redes.

A utilização de redes derivantes de superfície é um flagelo que mata tudo o que passa.

Podem ver acima na foto um desses casos. O pescador lança a rede, as águas são turvas e tudo o que passar naquele espaço fica preso.


Se é verdade que algum peixe irá ser pescado, também os golfinhos, as tartarugas, e algumas aves irão ser sacrificadas.
Se a ideia é conseguir algo para comer, resulta. Mas é uma pena que mamíferos ou tartarugas protegidas por leis internacionais encontrem o seu fim daquela forma.
Como explicar isso a quem lança as redes para conseguir alimento para os seus filhos?


Vítor Ganchinho


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2 Comentários

  1. Boas Vitor.
    Ao ver essas imagens, fazem lembrar uma qualquer visita a um museu maritimo onde se vê em exposição "embarcacoes" antigas.
    Será um privilégio para quem vê, mas será um desespero para quem as utiliza para obter algum alimento. Abraço.

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    Respostas
    1. A verdade é que esta gente não tem mais nada e quando assim é, a necessidade aguça o engenho.
      Eu e o Luis visitámos duas aldeias que vivem da pesca, e devo admitir que as condições de vida, no meio daquele ambiente árido, são francamente difíceis. Estarão entre o "quase impossível" e o "não quereria aquilo para mim por nada"....

      Mas as pessoas sobrevivem.
      São aldeias que estão junto ao mar, que dá peixe, pescado à rede, existe água doce numa nascente relativamente perto, e o resto ...é o que se arranja.

      Deve ser bem duro viver por ali...sem ter SPORTV....


      Abraço
      Vitor

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