OS PREÇOS DOS MATERIAIS DE PESCA

Os bons equipamentos de pesca têm um preço.
São mais caros de produzir que outros porque são feitos de outros materiais, com outro cuidado, visando outros desempenhos.
Grosso modo, as pessoas que procuram comprar algo muito bom pelo preço de algo muito ruim, estão a enganar-se a si próprias, a tentar fazer a quadratura do círculo.
Nesta vida há absurdos que nos passam pelos olhos e não fazem sentido nenhum. 
Comprar uma pizza redonda embalada dentro de uma caixa quadrada, para ser comida aos triângulos pode parecer estranho. No entanto, quando falamos de equipamentos de pesca, é isto que as pessoas fazem. 
Normalmente quem inventa muito acaba por se prejudicar a seguir… material ruim tem mais problemas que material bom. E quanto a performance, a resultados, não pode haver comparações. 
Quem não acreditar pois sim, que siga a comprar segundas ou terceiras linhas.
Por outras palavras, essas pessoas querem fazer milagres, querem ser iguais ou melhores que Cristo.
Quanto tempo irá permanecer no ar um avião que larga peças? Se lhe saltam os rebites, se perde chapas, parafusos, se deixa cair os motores e grande parte da fuselagem, …o que pode sair de bom dali?
Estamos à espera de que tipo de milagres? Acaso aceitamos entrar num avião…barato? Isso dá-nos segurança?!
É isso que as pessoas devem pensar antes sequer de se aventurarem a ir à pesca para o mar.

Os equipamentos ligeiros não podem ser manuseados como se fossem barras de aço. Uma cana em carbono com 85 gramas não é um cabo de vassoura...

Vem isto a propósito de pessoas que se queixam de que as canas finas não servem para nada porque não permitem levantar os peixes para dentro do barco.
Efectivamente não! Claro que não!
Não é para isso que são concebidas, não o podem fazer, e se a pessoa tentar uma vez que seja, vai arrepender-se, porque fica sem cana.
O ângulo de trabalho máximo de uma cana, na sua generalidade, é de 45º relativamente ao plano de água. Tudo o que seja acima disso é arriscar a integridade do equipamento e uma forma rápida de sair de casa para ir comprar outra cana.

As canas de jigging servem para animar os jigs. E ponto final.
A seguir, o trabalho de tracção é feito pela linha e carreto.

Por vezes colocam-me questões que se prendem com a questão de canas aparentemente frágeis terem mencionadas acções que são elevadas.
Uma cana que tem como finalidade a pesca ligeira com pequenos vinis e cabeçotes de 6/ 10 gramas, pequenos jigs de 5/ 7/ 12 gramas, pode indicar uma acção de 30-75gr, e isso deixa as pessoas confusas.
Sim, é verdade, mas devemos saber que tipo de informação devemos retirar a partir daquilo que o fabricante enumera como “acção de cana”. Foi construída para que técnica?
Não é indiferente que a cana nos sirva para lançar amostras na horizontal, a fazer spinning, ou que o nosso intuito seja outro, o de praticar pesca Kohga, ou Tenya, práticas verticais.
A queda vertical de um artificial de 50 gramas, eventualmente um jig,  não provoca na cana um stress tão elevado quanto a propulsão de uma amostra de 25 gramas.
Não podemos é cair na tentação de pedir mais que aquilo que o equipamento pode dar-nos, sob pena de não só não tirarmos partido da cana enquanto instrumento de pesca, mas também o facto de a podermos destruir inapelavelmente.
O facto de a gravação da acção das canas ser maior ou menor, não nos deve inibir de as utilizar abaixo ou acima dos valores indicados, assim saibamos o que estamos a fazer.
É preciso conhecer a cana, saber até onde podemos ir com ela.
Seguir uma norma rígida que apenas tem em consideração a acção mencionada na cana, como vejo pessoas fazer, imaginem uma cana de 0.5-5 gramas e não passar dos pesos de 5 gramas, é não considerar que tipo de técnica estamos a utilizar, e que tipo de esforço está a ser solicitado. Podemos ir mais longe!
Há canas com enorme reserva de potência no talão, outras que são meros tubos de plástico e pouco mais. 
Os blanks muito leves, normalmente são mais caros porque são produtos mais sensíveis, permitem um grau de sensibilidade superior, dão-nos mais informação. Ajudam-nos a ser melhores. 
Mas a sua principal característica nunca é a de serem indestrutíveis. Partem até mais facilmente que as canas baratas...

Aqui eu estaria muito próximo dos limites de conforto da cana mas há que atender a que se trata de material muito ligeiro, com acção parabólica, e que se necessário poderia ainda dar um pouco mais. Canas com exclusiva acção de ponta, …partem muito antes.

Dizia-me um pescador há dias “eu pesco com jigs de 120 gramas com a minha cana de pesca pica-pica de 3,60 mts”...
Bem, na verdade pode fazê-lo, a cana é dele. Porventura também poderá fazer surfcasting com a mesma cana. E fazer salto à vara com ela. 
Mas há canas de jigging, de surfcasting e canas de pesca vertical com isca, todas diferentes, e não é por acaso.
Se alguém decide fazer lançamentos de surfcasting com chumbadas de 180 gramas, porque a sua cana menciona uma acção de 180 gramas, deve ter em consideração que há uma enorme diferença entre deixar cair verticalmente uma chumbada de 180 gramas para o fundo, ou lançar essa chumbada a alguma distância, na horizontal.
Disse-me essa pessoa que fazia jigging. Nem tive curiosidade em perguntar-lhe que tipo de animação consegue imprimir a um jig com uma cana de 3,60 mts….nem quanto tempo consegue pescar com ela antes de se sentir esgotado.
Não podemos colocar tudo no mesmo saco, e se há técnicas mais indicadas para isto ou para aquilo, também há canas que suportam melhor ou pior alguns tipos de esforços que lhes exigimos.

Posição correcta de trabalho, para uma cana que é uma 1-7 gramas, mas a ser utilizada com um vinil ao qual apliquei um cabeçote de 10 gramas. A profundidade era de cerca de 20 metros...

Também não é indiferente lançar pequenos jigs, ou lançar vinis. Para estes últimos, o conselho que dou é que se use uma cana com alguns gramas acima em termos de acção.
Tem a ver com a resistência que oferecem ao avanço na água, que no caso de um pequeno jig é bem inferior.
Para além de tudo, e a talhe de foice, se pescamos aos robalos, é certo e sabido que os vinis são mais eficazes que qualquer outra coisa. Quem os sabe utilizar confirma isso. E podem ser colados, cortados, e ainda assim continuam a ser eficazes.
Se um dia alguém se fartar dos seus artificiais, por estarem gastos e esfolados, não deve deitar fora tudo. Isso seria deitar fora o bebé com a água suja do banho.
Tudo tem utilidade, se for devidamente adequado e adaptado ao estilo de pesca que pretendemos fazer. O material de pesca é caro, mas durável, desde que devidamente limpo e bem conservado.

A GO Fishing em Almada ajuda a fazer reparações em equipamentos de pesca, a equilibrar os diversos componentes, explica como fazer nós, etc, aos sábados de manhã, desde que com marcação prévia, de forma gratuita.
Gostamos de ajudar.


Vítor Ganchinho


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