Já aconteceu a todos. Não acredito que exista um único pescador de linha não tenha já tido problemas com …as suas linhas.
É fatal como o destino e não vem daí mal ao mundo, desde que tenhamos a capacidade de resolver, de uma forma ou outra, e seguir pescando.
Parece-me importante guardar alguma reserva de paciência para estes casos. Se algo de errado podemos fazer numa situação dessas, é o seguinte:
1- Barafustar com o colega que enrolou a sua linha na nossa. A relação de companheirismo e entreajuda deve imperar a bordo. Um barco é uma casca de noz demasiado pequena para ter dentro duas pessoas desavindas. E estragar um dia de pesca por causa de linhas enleadas é uma asneira. Nestes casos, a primeira coisa a fazer é encher os pulmões de ar e expirar suavemente. Metade do nervoso miudinho desaparece dessa forma. Não esquecer que se nós não estamos a pescar, também a outra pessoa o não pode fazer. Retirar as luvas de pesca é um imperativo, trabalhamos melhor com os dedos descobertos.
2- Pedir apoio ao colega pode encurtar o tempo de trabalho. Nem que seja para segurar duas linhas. De alguma forma isso irá dar-lhe a ele uma ideia do quanto é difícil resolver estas questões, e com isso talvez possamos obter um melhor compromisso da sua parte com a obvia necessidade de cada um lançar para um lado distinto do barco.
3- Quando falamos de trançados, de linhas multifilamento, reagir com violência e dar puxões pode ser …o fim da linha, que é como quem diz, a impossibilidade absoluta de conseguir reparar o problema sem ter de cortar tudo. A aderência dos multifilamentos é algo que não podemos evitar, são assim e temos de ser nós a adaptarmo-nos a eles. Por isso, puxar bruscamente, nunca.
4- Há formas técnicas de evitar estas coisas. Se não temos aguagem, a chumbada irá cair verticalmente para o fundo, com mais ou menos rapidez. O problema pode ocorrer quando temos corrente, e mais ainda quando temos corrente muito forte.
Nessa circunstância, pouco se pode fazer para evitar um enleio ou outro, excepto se actuarmos de acordo com dois princípios básicos: quem está a pescar a montante da corrente tem de usar chumbada mais pesada, e linha mais fina.
Dessa forma, o outro pescador, a jusante, irá ter uma linha de diâmetro mais elevado, logo mais susceptível de ser levada pela corrente, e a sua chumbada, sendo mais leve, irá também permitir que a força da água lhe pegue e leve para longe da outra.
Este raciocínio é válido para duas pessoas que pescam lado a lado. É certo e sabido que se estamos numa traineira com mais 10 pessoas lado a lado, pouco mais se pode fazer que carregar no chumbo…o que destrói de alguma forma as nossas possibilidades de pesca.
5- Também me parece pertinente dar-vos um conselho que tem a ver com o tipo de linha multifilar que poderão usar. Quando pescamos a lançar na horizontal, em spinning, é importante ter linhas com características próprias para isso.
Concretamente a linha de spinning é macia, para desenrolar facilmente, mesmo a roçar no bordo exterior da bobine do carreto, a tocar nos passadores da cana. É feita para isso e não é por acaso.
Essa linha, com essas propriedades específicas, é tudo aquilo que não queremos ter quando praticamos jigging, ou pesca vertical. Não nos faz falta nenhuma ter linha macia, mas sim uma linha multifilamento que tenha uma cobertura que a torne, para além de mais resistente ao eventual contacto com as rochas do fundo, uma maior facilidade em a conseguirmos desenlear, no caso de surgirem problemas. Isto é sempre importante, mas mais quando pescamos numa situação de mar formado, com ondas altas.
Nós estamos numa situação em que o lançamento da peça, baixada de chumbo com anzóis, ou jig, já foi efectuada, e estamos a um determinado nível. Quando a onda vem, passa sob o barco e levanta-o. Nessa altura, há um incremento de saída de linha, por força do impulso e velocidade acrescida da subida do barco. O problema acontece a seguir: o barco baixa bruscamente após a passagem da onda, e deixa-nos numa situação de desconforto. Deixa a nossa linha laça, solta, a obrigar-nos a fazer essa compensação de altura perdida. Se o conseguirmos fazer, tudo bem, não tem história. Mas se temos um descuido, acontece aquilo que é mais temível: uma cabeleira, um enleio.
Neste caso, ter uma linha mais rija, mais capaz de roçar uma sobre a outra sem enlear, é importantíssimo. A linha com cobertura de silicone pode ser “esfregada” noutra espira de linha sem que daí venha grande mal ao mundo. Mesmo em casos de prisão de linha entre duas pessoas, a facilidade de desemaranhar as linhas é bem superior. Como o jig, ou a chumbada, levam tudo para o fundo, não há necessidade de linha macia. Pelo contrário!
Gostaria pois que retivessem que existem linhas especificas para diferentes técnicas, e que há formas de actuar de maneira a evitar os enleios.
Quando não é possível reparar a “avaria”, ….nesse caso trabalha a faca. Cortar tudo.
E aí, o método mais simples é levar de casa uma quantidade de baixadas feitas, completamente montadas, o que permite reagir em poucos minutos, cortar a anterior, colocar a chumbada/ jig, e retornar a pescar.
Manter um sorriso é importante. Mesmo que o incidente tenha acontecido num momento particularmente interessante da pescaria. Mesmo que vos apeteça praguejar alto com a outra pessoa e mandá-la catar!
Não esqueçam: respirar fundo.
Vítor Ganchinho
Bem haja pelo seu comentario Amigo!
ResponderEliminarAcontece a todos. Há pessoas mais pacientes que outras, mas em resumo, aquilo que é importante é não estragar um dia de pesca por um enleio. Nada vale o bom ambiente a bordo.
EliminarAbraço
Vitor