Tempo de chocos!

Para muitas pessoas, o período da pesca do choco é um momento aguardado com ansiedade.
Porque se trata de uma pesca fácil, sem grande recorte técnico, acessível a todos, e ao mesmo tempo proveitosa, já que costuma render bastantes exemplares em todas as saídas.

Setúbal é uma zona muito procurada, não só pelos locais, conhecedores das manhas dos chocos e do que é necessário fazer para “encher a lata”, mas também por quem vem de fora, a contar com uma manhã divertida, em que raramente não se fazem os 10 kgs de chocos permitidos. Na verdade há chocos no rio todo o ano, embora sejam muito mais certos numa determinada época.


Os chocos machos disputam as suas fêmeas, envolvendo-se em lutas titânicas, até que um deles, eventualmente o mais pequeno, ou o menos enamorado, desiste.


O momento certo para esta pesca começa em Fevereiro e prolonga-se até Maio. No início da época tudo tem de estar a postos para a “rentrée”, as canas, as linhas e sobretudo os “palhacinhos”, ou toneiras.
E é nestas que se joga grande parte das esperanças de todos aqueles que garantem aos pés juntos que aquela cor é bem melhor que a outra. E há de facto diferenças, e por azar dos Távoras, não é a mesma cor que funciona bem todos os dias.
Dependendo da limpidez das águas, da maré estar a encher ou a vazar, do vento que se faz ou não sentir, assim se utiliza uma ou outra toneira. E os resultados a bordo da mesma embarcação provam que o pescador que acerta no tamanho e na cor, leva para casa muito mais chocos que os outros. Como se não bastasse, há da parte dos chocos alguma fadiga relativamente a modelos que já estão muito usados, sendo as novidades de formatos, cores e tamanhos o garante de uma boa pescaria.
Por isso mesmo, os fabricantes japoneses afadigam-se a inventar novas combinações de cores todos os anos, a diferentes formas de queda, com modelos mais pesados, para momentos de corrente, e modelos mais leves, com maior capacidade de permanecer em suspensão, de queda lenta, para aqueles dias em que os chocos estão mais…” belicosos”.
A técnica em si é rudimentar, trata-se apenas de deixar chegar ao fundo, dar uns esticões com a cana, e deixar pousar suavemente. O choco, normalmente colado ao fundo, ou encostado a uma estrutura, lança-se ao ataque daquilo que acha ser uma presa fácil.
É tempo para deixar funcionar as agulhas, que retêm os tentáculos do choco, e não o deixam escapar até que este entra no enxalavar.
As maiores diferenças ao nível dos custos das toneiras têm a ver com a qualidade das agulhas, e claro, do realismo de cores que o artesão conseguiu imprimir ao seu produto.

Este ano, a marca japonesa DARTMAX está a pulverizar recordes de vendas em todo o mundo, pelos resultados obtidos. Existem modelos com queda rápida, queda lenta, e com o cabeçote de chumbo já incluído na própria amostra.
A GO Fishing Portugal teve o cuidado de importar alguns modelos, nos tamanhos 2,5, 3 e 3,5, em cerca de 20 cores diferentes. Podem ser adquiridos através da loja on-line store.gofishing.pt, ou na loja física de Almada.





Este procura um caranguejo escondido num tufo de algas. De tal forma está concentrado que não deu pelo fotógrafo a aproximar-se com a sua lente indiscreta.


Agora sim, sentiu que havia algo que não batia certo. É quase impossível a um mergulhador não fazer qualquer ruído, e por isso ele adopta a posição de fuga, para o caso de ser necessário.


Uma esguichadela de água pelo sifão pode pô-lo a muitos metros de distância em poucos segundos. Se juntarmos a isto mais uma borrifadela de tinta preta, temos que o choco pura e simplesmente desaparece.


Este ar malandro não engana ninguém, …mais uns segundos e aí vai ele!...


E o que comem os chocos?! Basicamente tudo o que mexe….com especial predilecção por pequenos crustáceos e peixes. Vejamos alguns:

O caboz vermelho, habitante das rochas costeiras, uma das vítimas da rapidez com que o choco consegue projectar os seus tentáculos com ventosas super aderentes. 


O caboz negro do Sado, outra vítima.


A navalheira, outra das vítimas do choco. Pese embora as suas tenazes cortantes, …também marcham.


As bogas juvenis, que têm ainda pouca noção do perigo que representa deixarem chegar perto aquele estranho ser com tentáculos prontos a disparar à distância certa. 


Cardumes de peixe-rei. Com este tamanho, e a nadar de forma tão lenta e pastosa, são uma presa fácil para o choco.


Jogam com a sua capacidade de mimetismo, de se fazerem uma “pedra” no meio das pedras...

Às bolinhas de sarampo, às riscas de tigre, a escolha é variada. E a verdade é que os chocos mordem mais umas que outras…


O choco, um motivo de entusiasmo para os indefectíveis da pesca com toneira, que se levantam de noite cerrada para estarem a pescar aos primeiros raios de sol.
Setúbal sabe acolher estas pessoas, que fazem parte da paisagem do rio. As aiolas a remos chegam cedo, mas cada vez mais os kayaks também madrugam, e fazem as suas deslocações para os locais do costume, os locais que sempre deram chocos e continuarão a dar, se soubermos ser comedidos na sua captura.



Vítor Ganchinho



2 Comentários

  1. Uma pesca que adoro. Adquiri duas toneiras da Dartmax na GoFishing que anseio por estrear. Normalmente pesco de barco mas gosto também de o fazer de terra com o material apropriado, que em parte adquiri no ano passado (falo de uma Daiwa esmeralda S com 2.44m e potência 2.5-3.5).

    É neste contexto que faço esta pergunta: que vantagens trazem os carretos de eging? Tenho pescado com o meu carreto de spinning de costa e tenho tido bons resultados (difícil não os ter quando a zona de pesca é o estuário do Sado), mas não deixo de me questionar sobre a possibilidade de obter melhores resultados com um carreto próprio para a prática.

    Obrigado e cumprimentos,

    Duarte

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    1. Bom dia Duarte

      O carreto pode ser importante na pesca do choco, mas apenas quando a pesca que se faz é a típica pesca japonesa. Nada tem a ver com a nossa. Vale sobretudo para fundos baixos, e apela ao movimento "darting" que a maior parte das toneiras não faz.
      Se quiser, são duas particularidades que não praticamos: pesca em fundos muito baixos, de dois a três metros, ( pescamos sempre mais fundo) e o controle da toneira através da ponteira da cana, que nunca fazemos.
      Poderei vir a escrever algo sobre o assunto brevemente, e por isso não avanço muito mais.
      De qualquer forma, para quem pesca no Sado, e porque a quantidade de chocos ainda é assustadora, basta fazer chegar a toneira ao fundo.

      Há outras formas de pesca, e por isso acredito que ainda não foi dita a última palavra sobre a pesca ao choco. Mas se alguém os sabe pescar são os setubalenses, sem dúvida, os resultados mostram-no.
      Pode é haver variantes que aumentam as capturas. Nem sei se é bom que se conheçam....mas vou dar algumas pistas lá para o fim deste mês.

      Abraço
      Vitor

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