Novos produtos em canas - O carbono sólido

Ocasionalmente somos surpreendidos por algo que é de facto diferenciador, um detalhe novo ou algo que traz uma vantagem acrescida sobre aquilo que já existia.
É o caso das novas canas com ponteiras em carbono sólido.

Hoje em dia a utilidade e eficácia do carbono enquanto produto de excelência na construção de uma cana de pesca, é amplamente reconhecida e incontestada. Permite rigidez, leveza, e um controlo de acção que roça o perfeito.
Mas a ciência e tecnologia progridem. Já não basta ser carbono. Está em curso um processo de evolução das primeiras varas em carbono para algo que vai revolucionar bastante a fabricação de canas: a ponteira em carbono sólido.
Combinando este novo material de base, o carbono sólido, com o know-how acumulado após muitos anos de construção de canas, as fábricas japonesas meteram mãos à obra e produziram produtos verdadeiramente inovadores.
Com um novo design de orientação das fibras do blank, o qual suporta bem melhor os esforços de torção provocados por peixes que correm lateralmente, e por isso obrigam as canas a esforços laterais e não apenas longitudinais, sobre o seu eixo de passadores, as canas de hoje tornaram-se mais rápidas, ferram melhor, e são cada vez mais leves. E absurdamente mais sensíveis.
Melhorou-se sobretudo ao nível daquilo que é possível pedir à parte da vara que está dobrada. A habitual flacidez dos últimos centímetros, que de pouco nos serviam quando em carga, deu lugar a uma parte da cana que também participa, e activamente, na captura do peixe.

Em termos gerais, as fibras, mais finas, e aplicadas sobre quatro eixos, suprimem zonas fracas, necessitando de menos cola (resina), ganhando em densidade e reactividade. Para cúmulo, os homens da Daiwa resolveram adicionar fibras de titânio a estas ponteiras sólidas. O que se consegue é uma sensibilidade acrescida, potenciada pelo tipo de vibrações recebidas pela mão e antebraço. E conseguiu-se aquilo que se designa por “ressonância” máxima da cana. Sem olhar para a água e cana de pesca, é perfeitamente possível determinar qual o melhor momento para ferrar. Na pesca embarcada vertical, esse factor dá ao fim do dia mais uns quantos peixes. Mas a evolução não fica por aqui, ao nível do corpo da cana. De nada serviria ter melhores materiais, sem que isso fosse acompanhado de uma evolução significativa ao nível dos passadores. Hoje, quer com construção em titânio SIC, quer em titânio torzite, a sua leveza foi acentuada, e a resistência muito superior. E o que é isso de SIC e torzite? Estamos aqui para explicar, e vamos fazê-lo:

O anel de um passador Torzite é mais liso, e mais leve, com uma maior resistência à abertura de rachas, fissuras, e garante maior durabilidade. Também é muito mais fino do que os SIC, e mais caro. Digamos que serão o topo de gama.
O anel SIC regular é mais volumoso, mas já se fabrica uma versão de SIC Slim, que é inclusive mais fina que o Torzite. Mas não deixam de ser mais quebradiços, e abrem frequentemente rachas finas, sobretudo se utilizados no passador de ponteira. Acontece porque este equipamento é de uma dureza extrema, e parte, quando sujeito a choques com objectos. Nem sempre nos damos conta do número de pancadas que sofrem os nossos passadores. Digamos que se formos capazes de não bater com os passadores, aguentam uma eternidade.
Se quiserem saber se os vossos passadores estão danificados, passem uma bola de algodão por dentro deles. As rebarbas microscópicas que possam apresentar irão reter alguns filamentos de algodão. Trata-se de fracturas finas, não facilmente visíveis a olho nu. Se os vossos passadores estiverem danificados, imaginem o que irão fazer às linhas que por eles roçam continuamente….

A vantagem destes passadores topo de gama tem a ver com o aumento da distância de lançamento, e interessa sobretudo a quem faz spinning a sério. Para outras pescas, mesmo a pesca vertical que tanto se faz por cá, só em situações extremas, por exemplo no combate a um grande peixe, em que os passadores são friccionados violentamente pela passagem de linha, e aí sim, um passador normal aquece, e pode originar a rotura desta. Um passador de qualidade não aumenta a temperatura, contribuindo para um menor desgaste do nosso trançado. Quantas vezes isso é a diferença entre uma captura ou uma…rotura de linha.

A GO Fishing Portugal tem neste momento um processo de encomenda em curso, para ponteiras deste tipo de material. Será uma das novidades que teremos para 2021, a venda de ponteiras FUJI SIC e Torzite, para quem tem canas de qualidade, e pretende fazer uma substituição. Eventualmente por ter partido uma ponteira e pretenda uma nova, de diâmetro superior ao original.

Mas não ficam por aqui os melhoramentos das novas canas. Os punhos melhoraram, e se antes era obrigatório que a mão se ajustasse a eles, hoje são muito mais adaptados à mão, tornaram-se mais ergonómicos, e mais aderentes.

Ninguém contestará que os porta carretos contemporâneos são mais eficazes, mais firmes e também mais sofisticados que os de outros tempos.

Os acabamentos das canas topo de gama são hoje francamente melhores.




As fibras de carbono são aplicadas em quatro diferentes sentidos, proporcionando uma enorme resistência contra esforços de torção.
O peixe pode puxar no sentido que quiser, porque estamos preparados para isso. Longe vão os tempos das canas pendidas, com mais plástico que qualquer outra coisa….
Hoje, com carbono 4-eixos, consegue-se uma maior elasticidade, e maior densidade do blank do que com os carbonos tradicionais. Isso significa uma diferente possibilidade de aplicar força na direcção da torção.
Tornou-se possível extrair o máximo potencial de uma determinada zona da cana, com benefício do conjunto de todas as fibras envolvidas. A cana recupera muito mais depressa a forma inicial, pois suprime rapidamente a perda de energia provocada pela curvatura, quando em carga, com um peixe.

Em resumo, e em técnica de pesca spinning, o alcance de lançamento, a precisão do lançamento, supressão de vibração, e operacionalidade no momento da captura, todas estas áreas ficam a ganhar com estas inovações.
Mas também a pesca vertical beneficia imenso com estas inovações: a ponta sólida de carbono de ultra-resistência dá uma superior rigidez, tornando a cana mais direita, e consequentemente mais rápida na ferragem. Também melhora a resistência a quebras, algo muito frequente com ponteiras tubulares, ocas. Quem não partiu já uma dessas ponteiras?

A GO Fishing Portugal pretende estar sempre na vanguarda daquilo que de melhor se fabrica por esse mundo fora. Interessa-nos a qualidade, muito mais que o preço baixo. Para produtos baratos, estão os outros todos. Há milhares de potenciais fornecedores no nosso país. Estamos do outro lado, o dos equipamentos bons, que obviamente terão um preço condizente com a qualidade que têm. Nenhum fabricante de um produto topo de gama precisa ou aceita vender as suas canas ao preço de uma cana de plástico, sem alma. São produtos diferentes, para pessoas diferentes, e não são comparáveis. A matéria-prima não custa o mesmo, a fabricação não custa o mesmo, e nem os funcionários especializados têm os mesmos salários. Tudo é diferente, e isso resulta também num produto diferente.
A nós GO Fishing, são regularmente apresentadas “canas de pesca” por fabricantes que as vendem por 4 euros….e a isso reagimos encolhendo os ombros e obviamente ignorando a “oferta”.
Parece-me pertinente dar-vos uma ideia de alguns pormenores que devem ser considerados aquando da compra de uma cana, para que possam fazer uma opção consciente, que não venha a revelar-se como mais uma tentativa falhada, mais um produto para encostar a um canto e nunca mais usar. Devem considerar como importante:

- Comprimento da cana
- Número de secções
- Peso da cana
- Peso ideal de amostras a lançar
- Carga de rotura da linha a utilizar
- Diâmetro da linha a utilizar
- Diâmetro da ponteira da cana
- Diâmetro do cabo da cana
- Percentagem de carbono
- Tipo de acção: de ponta, parabólica, etc. Os fabricantes indicam a dureza, MH ( Medium Heavy), H, ( Heavy ), HH, Heavy Heavy,…

Com estes dados, dificilmente serão surpreendidos, e podem tomar a melhor decisão.
Porque falamos de qualidade em canas e carretos, linhas e acessórios, frequentemente deparamos com a necessidade de ir ao Japão. Os fabricantes japoneses estão dezenas de anos à frente de qualquer outro país, em termos de produção de equipamentos.
E foi de lá que mandámos vir uma cana de spinning que é um portento de tecnologia: a Seven Sense PE MRS 962 BLS, uma cana de nome feito no mercado japonês. Por lá, é tida como a melhor cana até hoje construída para spinning. Faz parte de uma série de nome MID REEF, da fábrica G-CRAFT, que é tão só o Rolls Royce das canas de lançamento. Ou não fosse a detentora de diversos recordes do mundo de lançamento de amostras!

Concretamente a nossa opção foi uma cana para lançamentos longos a partir de terra, com capacidade para lançar até 60 gramas, sendo os 40 gramas o seu balanço ideal. As linhas a utilizar serão os trançados PE 1,5 a PE 2,5. De resto coincide com as linhas por nós mais frequentemente utilizadas em spinning médio/ pesado em Portugal.
Esta é uma aplicação daquilo que vos falei acima, de um produto de qualidade ímpar, com fibras de carbono cruzado em todos os sentidos, ao longo dos seus 2.76 mts de comprimento, e que permite pescas extremas, em situações difíceis, de mar revolto.
O seu peso, 205 gramas, esconde a possibilidade de desenvolvimento de uma potência muito elevada. É muito frequente que se pesque de costa com amostras pesadas, sobretudo em zonas de saídas de água doce, (barra do Tejo, por exemplo), na circunstância lançando até 60 gramas(!), mas esta cana pode fazer mais que isso: permite a pesca de costa com jigs, fazendo jig casting. Naqueles dias em que o mar está muito mexido e não adianta tentar lançar amostras leves contra o vento, esta é a cana!
A MRS-962-BLS permite uma resposta eficaz às dificuldades levantadas por um dia de temporal, de vento, em zonas onde sabemos que os robalos andam a caçar. Com a facilidade com que se utiliza uma comum cana de spinning para robalos, esta cana G- Craft permite lançar a sítios onde outras canas nem ousariam tentar. Recordo-me de ter escrito algo sobre as canas desta marca, a 01 Setembro 2020, e o texto chamava-se “A diferença entre um produtor de canas chinês e um japonês”. Terá sido um dos meus melhores artigos técnicos, e na altura passou despercebido, sem grande receptividade. É uma pena, porque de facto tem informação importantíssima para quem pensa comprar uma cana. Vale a pena voltarem atrás e ler de novo.

Esta cana, a MRS-962-BLS, é um produto que honra o nome da fábrica G-Craft. Porque se trata de uma unidade de produção particularmente lenta, de processos muito rebuscados, o prazo de entrega é sempre longo. As peças boas levam tempo a produzir, e são analisadas à lupa por quem sabe, muitas vezes. O conceito chinês é outro, é produzir a maior quantidade possível num espaço de tempo curto. Umas saem melhor que outras, mas faz parte e o importante é produzir muito.
A G- Craft trabalha sempre sob uma carteira de encomendas predefinida, e nunca têm um dia livre, estão sempre a produzir artigos previamente encomendados por quem quer qualidade e pode esperar. A Rolls Royce faz o mesmo…

Esta cana pode ser vista na nossa loja física de Almada, para quem tenha a curiosidade de ver aquilo que os japoneses consideram “a melhor cana de lançamento jamais construída”.



Vítor Ganchinho



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