COMO ESCOLHER AS CORES DAS TONEIRAS? CAP V

Temos vindo a trabalhar este tema chocos/ toneiras e suas cores e aos poucos vamos chegando a algumas conclusões.
O tema cores é de tal forma complexo que obriga a muito trabalho de pesquisa. Mas faz-se.
A abordagem de hoje incide sobre a questão dos acessórios que adicionamos ao corpo de uma toneira, e a sua efectividade.
Não é comum que se pesquem chocos pela noite, a maior parte das pessoas faz esse tipo de pesca ao longo do dia, sendo que preferencialmente se dá início aos primeiros raios de luz. É tradição em Setúbal que se saia do porto de abrigo ainda durante a noite, o que gera algum nervosismo natural, já que muitas das embarcações mais pequenas não são portadoras de qualquer tipo de iluminação de presença. E se a têm, ela pode ser de tal forma fraca e incipiente que parece não terem nada. O perigo de colisão é real, e manda a prudência e o bom senso que a saída seja feita com velocidades muito reduzidas e cautelas redobradas...


Fazer fotos no breu absoluto não é possível com meios comuns. Aqui temos uma situação de uma saída já com alguma luz, exemplificativa das horas a que se sai para o mar.


Na maior parte dos casos, pesca-se perto, ou seja a pesca inicia-se passados alguns minutos após a saída, o que significa lançar as toneiras com baixos índices de luminosidade.
Nestas circunstâncias, a utilização de amostras com efeitos luminescentes GLOW ou com aplicação UV`s traz vantagens. Sabemos que são mais caras que as normais, mas nada que meia dúzia de chocos não cubra.
E, mesmo em locais menos seguros, não se perde uma toneira por cada choco capturado, certamente.
Sobre este tema voltarei a escrever algo já que a maior parte das pessoas não tem sequer uma ideia vaga sobre o estado dos fundos onde lança as suas toneiras.

Vejam isto:

Não convém esquecer que as toneiras não são, ainda, obrigatoriamente biodegradáveis...


Um acessório que tem alguma justificação durante este período do dia é o “rattling”, ou seja as esferas internas que produzem barulho.
Pese embora os chocos tenham a possibilidade de ver o suficiente em pobres condições de luz, o facto de haver este indicador sonoro pode ajudá-los a encontrar a nossa amostra. Se temos a possibilidade de conduzir o predador à nossa toneira, ...porque não?
Ainda assim, a natureza impõe-nos limites de razoabilidade pois é certo e seguro que lá em baixo no fundo não haverá presas a “chocalhar” esferas, bem pelo contrário, todas as potenciais vítimas estarão a tentar passar tão despercebidas quanto possível. Mais que isso, convém ter presente que na água o som propaga-se cerca de 4,4 vezes mais forte que no ar.
Vejam esta questão das toneiras com “rattling” desta forma: estamos a pescar e não estamos sós, temos embarcações a chegar, a partir, e a passar rápidas.
No meio desse ambiente frenético e de inquietação matutina, de motores a roncar, é bom saber que algo irá competir com esse ruído, pelo menos o suficiente para ser notado.


O sonho de cada uma das pessoas que pesca chocos é conseguir levantá-los até à superfície, onde o xalavar os irá recolher.


No caso das barbatanas peitorais que alguns fabricantes incluem no nosso “palhacinho”, as penas ou apêndices em silicone, aquilo que se procura é que elas sejam mais um excitador a juntar a outros.
Qualquer leve impulso, qualquer corrente por fraca que seja, acaba sempre por fazer vibrar as ditas, e serve de estimulo visual para o choco.
No fundo, liga-lhes o instinto predatório com mais facilidade. Quando eles estão para “morrer”, tudo serve para os convencer, mas naqueles dias difíceis em que parece tudo estar contra, este será mais um acessório a ajudar.


A questão das barbatanas não é mais do que uma procura incessante da perfeição. Os fabricantes procuram reproduzir fielmente aquilo que é o alimento corrente do choco.


Quando a técnica é a correcta, quando há chocos na zona, fazer uma pescaria avultada não é difícil.
A prova disso são os resultados diários obtidos no Sado, por vezes em condições de visibilidade e vento menos boas.
Tenho amigos que saem com regularidade, e das conversas que tenho com eles fica-me a ideia de que se alguma coisa receiam é apenas o frio vento norte que, de alguma forma, afecta o comportamento normal do choco.
Mas, em condições normais, a pescaria está normalmente garantida.


Pesca feita em Janeiro de 2024 a bordo do barco 4J, do meu amigo Paulo Martins.


Porque os locais onde se pratica a pesca do choco são sobretudo areais, e não rocha partida, a questão do enrocamento do equipamento não se coloca.
Raramente as toneiras ficam presas nalguma eventual pedra, acontece sim que fiquem retidas na infinidade de redes perdidas que jaz sobre os fundos da nossa costa, resquícios de uma actividade piscatória profissional permanente.
Se acontece que a rede tenha parte do pano retido debaixo da areia, pode acontecer a perda da toneira. Quem mergulha sabe que por vezes encontramos os objectos mais estranhos no fundo do mar. Aconteceu-me há muitos anos deparar com uma máquina de costura na Ponta do Cabo Espichel, e perdi a conta aos pneus de carro, tractor, às redes abandonadas ou perdidas, cabos de amarração, caixas em plástico, etc, etc.
Tudo isso pode fazer perder equipamento, mas é minha convicção que ainda assim vale a pena substituir a tradicional chumbada clássica por uma piteira própria para chocos.
Duplicam-se dessa forma as possibilidades de captura, e é certo e sabido que frequentemente os chocos estão no fundo aos pares, normalmente a fêmea de tamanho maior que o macho.
Também convém referir que a maior parte destas piteiras tem tratamento Ultra Violeta, contribuindo para uma melhor atractividade à nossa montagem.
Os equipamentos técnicos existem mas as pessoas resistem a utilizá-los por razões que se prendem com uma contenção absoluta de gastos. Olham-nos de lado, apreciam mas tentam encontrar todas e mais algumas razões para não os adquirir, nem que seja assumir que “só devem ser bons para as lulas...”, ou algo assim. Na verdade, as amostras ancestrais dos nossos marinheiros nunca foram em plástico e bonitinhas como são hoje, sempre foram feitas em chumbo derretido, onde se incluíam os alfinetes, os quais eram, depois de feita a peça em chumbo, revirados com uma alicate de forma a fazer o cogumelo de pontas. Aquilo que faziam na altura era nem mais nem menos que as piteiras modernas de hoje, mas rudimentares.
E embora com os meios arcaicos de que dispunham, sempre se pescaram chocos.
O facto de hoje termos material de muito maior qualidade e ele ser “ignorado” não deve demover os distribuidores de os ter expostos, porque mais dia menos dia alguém irá tentar utilizá-los e vai provar que são eficazes.


Aqui uma piteira com 56 gramas em chumbo, equipada para trazer chocos à superfície. Reparem que a embalagem tem gravados dois valores: o peso em gramas, para ocidental ver, e o peso em GOU`s, a medida de peso japonesa, em que 15 gou`s equivalem aos 56 gramas referidos. Um unidade de gou`s representa 3.74 gramas.


Há pessoas que são reconhecidamente especialistas neste tipo de pesca. E se há bons pescadores de chocos, eles estão certamente ligados ao estuário do Sado, onde o “treino” é …constante. Não deve ser difícil a alguém saber onde pescam porque tudo é feito às claras, à vista, em locais muito próximos da costa.
Para quem quer começar, não será impossível que o primeiro dia de pesca corresponda a um… balde de chocos.
É tentar.

Vamos terminar esta sequência de artigos sobre chocos nos próximos dois números, na esperança de termos contribuído para o esclarecimento de alguns detalhes menos claros.
Boas pescas para todos vós!



Vítor Ganchinho



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2 Comentários

  1. Boas! Como habitual, leio regularmente os seus artigos e hoje saltou-me à vista um ponto. Essa tal piteira que serve de chumbo é uma ideia que nunca tinha visto. Ou seja, em vez de chumbada, utilizamos essa piteira, correto? E o facto de pesar 56gr não afeta na ferragem do choco? Podia falar um pouco mais sobre isso? Tem também à venda na sua loja estas piteiras?

    Um abraço e tudo a correr bem!

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    Respostas
    1. Bom dia Rodrigo Cruz


      As piteiras são usadas entre nós há mais de 100 anos...eram feitas em chumbo derretido e cobertas com linha.
      Há imensas cores.
      Daqui a uns dias vamos poder publicar fotos de mais algumas, mas a GO Fishing já tem
      em stock algumas centenas delas neste momento.

      Trata-se apenas de substituir a chumbada por um peso idêntico, ( há vários pesos, até aos 90 gramas).
      Os japoneses utilizam uma descrição de peso diferente da nossa, os GOU´s, mas a gramagem está em letras pequenas.

      A vantagem é que passa a pescar com duas amostras, em vez de uma.
      Eles lá nem querem ouvir falar em chumbadas, utilizam apenas as piteiras e os palhacinhos.


      A montagem é feita com a piteira em baixo, e a toneira acima, a cerca de 30 cm de distância.
      Utilizar um destorcedor duplo, conforme se faz com a chumbada.
      Passa a poder ter em baixo duas opções para o choco, e pesca mais, sem dúvida.


      Cumprimentos
      Vitor

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