SOBRECARREGAR MOTORES ATÉ... QUEIMAREM

Sair ao mar em África é e será sempre uma perfeita aventura.
É certo e sabido que ninguém pode contar com meios terrestres de salvamento porque eles ou não existem, ou estão inoperativos.
Quando há a sorte de haver uma lancha salva-vidas acontece logo a seguir o azar de não ter combustível.
Quando se dá o caso de o barco ter um VHF, algo raro, a estação receptora da mensagem em terra não existe.
Por isso, cada um sabe que apenas pode contar consigo e mais ninguém.
Um pouco como um caranguejo que se deixa ficar perdido em terra e tem de inventar água para conseguir respirar um pouco, até que a maré lhe traga de novo a água salvadora.


Em África, aquilo que é seguro é ter confiança na força dos braços.
Tudo o que vá além disso, é acreditar que irá funcionar sempre, sabendo que isso é uma perfeita utopia, não existe.
Os motores que têm provas dadas são motores a dois tempos, enduro, com muito pouca ou nenhuma tecnologia electrónica, com cavalagens baixas.
Isso é aquilo que dura, e que garante alguma segurança se o seu proprietário tiver um mínimo de conhecimentos operativos.
Motores a quatro tempos, com sistemas electrónicos complexos, são apenas uma fonte de arrelias, de sofrimento e …despesa.
O Luís Ramos acredita tanto nisso que, ao fim de 12 anos de serviço decidiu mudar de motores e a sua opção foi…pelo mesmo modelo: Yamaha Enduro 2 tempos, 40 HP.
Porque os conhece como as palmas das suas mãos, abre a capota, limpa velas e ….siga.

Quando alguém sai para mar aberto, é bom que saiba algo sobre motores. Também é importante que tenha dois…

Aquilo que se vê por aquelas bandas é que o remo é a solução mais fiável. Porque depende da força de braço, e porque a pesca feita é frequentemente feita com a costa à vista, a permitir uma reacção rápida a uma mudança brusca das condições de tempo. Cambio de ventos, de correntes, podem levar qualquer embarcação para o largo e aí, …é a morte certa.
Por isso a costa está pejada de redes quase encostadas às paredes de rocha, onde os peixes têm de ir comer.
Fizemos percursos de muitos quilómetros de mar onde a maior dificuldade é mesmo conseguir algum espaço de passagem por entre os labirintos de redes aplicadas.

Esta gente vive em condições francamente difíceis!

Se há uma saída de água, há gente por perto.
A água é aquilo que faz a diferença entre o deserto e a possibilidade de criação de vida.
Nestas aldeias por onde passámos, os meios são escassos, as possibilidades de sobrevivência reduzidas, mas… existem.
Porque existe água. O resto o mar dá.

No fim de tudo, os remos. Esses são seguros e apenas dependem de braços. 

Aquilo que percebi é que os motores Yamaha a 2 tempos, sendo de facto robustos e seguros, sofrem “abusos” para os quais não estão preparados.
Colocar um motor de 40 HP a empurrar uma embarcação de grandes dimensões, carregada com uma tripulação animada e uma carga de redes e caixas de peixe, ...é exigir o céu e a terra a um pequeno engenho certamente feito para outras coisas.
Quando avaria, e isso acontece com frequência pelo excesso de carga, culpa-se o motor, não o barco.

Vejam o filme:

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.

Um verdadeiro milagre estes motores conseguirem fazer o que fazem...

Este não é um barco para receber um motor de 40 HP...


Vítor Ganchinho


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2 Comentários

  1. Surreal mesmo 😂😂..e ao vivo ainda é mais giro 😁

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    1. Sim, quem presencia isto ao vivo e a cores diverte-se muito mais.....

      Amanhã temos mais um artigo desta série de Angola.

      Há um que é especial, mas ainda não é amanhã.



      Abraço
      Vitor

      Eliminar
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