PESCA ULTRA LIGEIRA - Com material leve, todos os peixes são grandes!

O final da Primavera é um momento incrivelmente interessante para pormos em prática um estilo de pesca muito pouco divulgado entre nós: a pesca ultra ligeira, ou se quiserem por outro nome, LRF, Light Rock Fishing.
O tema é pescar em “finesse”, com equipamentos de muito pequeno tamanho, que pesam poucas gramas e que nos transmitem sensações muito agradáveis. Quem gosta de pescar com técnica, gosta de LRF!
Pode ser praticada em diversos locais, desde a saída de um porto, um molhe, uma desembocadura de um rio, pedras baixas, pesqueiros de rocha até aos 50 metros. Para tudo há soluções, e equipamentos. 

Vamos ver de que tipo de material necessitamos: 

Mafalda Ganchinho, a minha filha com 7 anos, com um robalo, pescado em estilo: Lançamento, animação da amostra, um vinil da Savage, ferragem, recuperação e peixe no barco. Tudo sozinha!


As canas - quando se pesca com amostras ou jigs de 5 gramas, nem vale a pena pensar que é possível fazê-lo com a mesma cana com que pescamos ao fundo com chumbadas de 100 gramas. Não resulta, de certeza. 
O material ligeiro tem características muito próprias, quer em termos de peso, de acção, de elasticidade, e é isso que permite desenvolver este tipo de pesca. Os novos tipos de carbono trouxeram com eles a possibilidade de termos na nossa mão o prolongamento do nosso braço. A sensibilidade é de tal ordem que nem precisamos estar a olhar para saber que está um peixe no fim da linha. Ligeiras e sensíveis, são ao mesmo tempo canas rápidas, quer dizer, que permitem ferragens muito imediatas, por terem a rigidez necessária para isso. Ao mesmo tempo, têm uma ponteira muito sensível, e por isso não são de produção acessível a qualquer fábrica. Preferencialmente de uma só secção, elas terão entre 1,90 e 2,25 mts, com pelo menos 9 passadores ao longo do seu blank. São elásticas e nervosas. 

Os carretos - Devem acompanhar em ligeireza o item anterior. O equilíbrio da cana com o carreto é primordial, e para isso trabalharemos com tamanhos entre o 1000 e o 3000, sendo que a quantidade de linha que aportam nem é tão importante assim. 
São pescas sobretudo de pequena profundidade, pelo que com 100 metros de linha já nos sobra bastante. Lançaremos a 30, 40 metros de distância, como máximo. 
O carreto é, de todas as peças, o que menos é solicitado, sendo todavia conveniente que tenha uma boa embraiagem. Vai ser necessária!
Para este tipo de pesca, a ligeireza é fundamental, e vai permitir-nos pescar com conforto muitas horas. 

Ainda mais difícil: uma lula feita com um jig agulha, com assistes. Seria mais normal com anzol triplo. O carreto é um Daiwa Saltiga Bay Jigging, topo de gama, montado com uma linha Morethan 12 de 0.06mm.


As linhas - Sem sombra de dúvida os trançados. É de esquecer os nylons, porque não estamos a falar da mesma coisa. Um trançado de 0.04, 0.06mm de diametro satisfaz perfeitamente, se de boa qualidade. 
Em caso de dúvida, podemos subir para 0.08mm, sendo que já estamos a fazer concessões em termos de velocidade de descida, de apresentação do jig, e de animação do jig. Quanto mais grossa for a linha mais teremos de trabalhar com jigs ou amostras de maior peso. 
E pretendemos evitar isso a todo o custo. Existem linhas próprias para jig e outras próprias para jig casting. Quando temos de lançar, damos preferência a uma linha mais macia, quando trabalhamos com jigs, uma linha com cobertura de silicone pode resultar melhor. 
Estar no mar e fazer uma cabeleira com uma linha fina, é um drama. Na maior parte dos casos mais vale cortar logo e seguir pescando, porque desenlear nós apertados, é quase impossível. Para aqueles que não acreditam que é possível pescar peixes de 3 kgs, então que utilizem 0.10mm, mas vão perder oportunidades por isso. Também há que ter em atenção que uma linha trançada não deve ter uma resistência superior à que a própria cana tem, sob pena de poder acontecer um desastre! Que seja a linha a partir, em caso de acidente, e não a cana.
No fim do nosso trançado, e para obtermos um efeito de discrição absoluta, aplicamos um chicote com dois ou três metros de nylon, que pode ir de 0.18mm a 0.28mm. No fim desta ponta de nylon, um pequeno agrafo pode ajudar-nos a substituir as amostras com mais rapidez. A Smith tem agrafos muito pequenos, quase invisíveis aos olhos dos peixes, e que têm resistências até cerca de 28 kgs! Estão à venda na GO Fishing Almada, ou através da loja online: store.gofishing.pt.
Os bons pescadores não os utilizam, porque querem ter um melhor controlo sobre a movimentação da amostra, e além de tudo, conseguem fazer os nós em menos de 30 segundos. 

As amostras - Este é um interminável capítulo, em que cada um joga com as suas preferências. Há quem pesque com vinis, e muito bem, há quem pesque com minúsculos jigs, e pesque bem, e quando possível, quando temos águas rasas, pequenas amostras rígidas. A diversidade de possibilidades é tanta que vamos centrar-nos apenas naquilo que é garantido e indispensável:

Os jigs metálicos - com pesos entre as 3gr e as 60 gramas, permitem-nos pescar desde a superfície, aos 70 metros, sem dificuldade. Para cada tipo de situação teremos a peça indicada, se estamos a picar carapaus que estão por baixo do barco, utilizamos 3 gramas, se estamos a pescar robalos a 45 metros, utilizamos um jig de 30 gramas. Cabe a cada um tentar entender qual a amostra mais indicada para aquela situação. Águas claras, amostras de côr neutra, os azuis, os verdes, águas tapadas os fluorescentes, os brancos,  os amarelos. Tratam-se de amostras compactas que conseguem aliar o peso à cor chamativa, e isso já de si é uma vantagem. A seguir, teremos sempre de considerar que num sitio com certos tipos de peixes, nomeadamente pampos, cavalas grandes, etc, ter uma amostra rígida protege-nos de perder amostras para os dentes afiados destes peixes. Permitem também lançar muito longe e por vezes isso é necessário, até por razões de segurança. Podemos trabalhá-los com animações lentas, rápidas, em dente de serra, ao fundo, à superfície em jig casting, etc. 

Um parguinho, feito com um vinil de 30 gramas a 50 mts de fundo.


Os vinis - Muitas vezes não damos conta de que temos peixe grande a comer junto a nós. É uma estrela à superficie da água, é um pequeno cardume de peixes que salta espavorido, os sinais estão lá para quem os souber lêr. Utilizamos os vinis com uma cabeça de chumbo, que poderá ter 5, 7, 10 gramas, em função do tipo de fundo a que trabalhamos. Ter em atenção que os anzóis devem estar permanentemente bem afiados, para que ao mais pequeno toque o peixe fique cravado. Há situações em que, no sítio certo, na hora certa, com o vinil certo, nos cansamos de puxar peixes. E de quando em quando, vem um mesmo muito grande, porque os grandes peixes também se enchem de pequenos peixinhos. Nestes momentos, passar uma amostra de 17 cm pelo meio desta acção de pesca significa quebrar o feitiço, os peixes recompõem-se e param o que estão a fazer. Temos de nos saber adaptar à situação que se vive de momento. Os vinis imitam na perfeição os movimentos vibratórios dos peixes e atraem muito peixe do fundo, que está emboscado a caçar. Promovem picadas quando todos os outros já falharam. Com cauda longilínea, os slugs, com cauda de pala, tipo shad, a verdade é que são altamente produtivos e uma opção segura. Quando as outras amostras falham, por saturação do peixe, por já estar picado, por termos águas muito limpas, por pressão de pesca sucessiva num mesmo local, então a amostra é o vinil, sem dúvida.

As amostras rígidas - a turbulência de uma amostra com pala pode estragar todas as possibilidades que teríamos de conseguir uns quantos peixes de qualidade. A maior parte das pessoas insiste em amostras com pala, por uma questão de comodidade, basta enrolar a linha no carreto e a amostra trabalha sozinha, e sobretudo porque não sabem fazer mais que isso. Uma amostra sem pala, um stickbait bem trabalhado, com paragens bruscas e uns arranques repentinos, pode fazer muito mais pelo nosso dia de pesca do que imaginam. Um pequeno popper à superfície pode dar-nos aquela picada que nos corta o ar! 

O tipo de peixe que procuramos é essencialmente um predador. Falamos de robalos, de bailas, de sarrajões, de garoupas, de lirios, mas não se ficam por aqui as nossas possibilidades. Também os sargos, as douradas, as choupas, os carapaus, as cavalas, etc, entram muito bem aos nossos enganos e podem deixar-nos felizes com uma boa captura. Não que seja o objectivo primeiro, porque na verdade esta é uma pesca para nos mater entretidos, com muito peixe, e não uma pesca selectiva de um só peixe. Mas por vezes acontece um dos grandes vir engolir a nossa amostra. Com as canas finas e sensíveis de que dispômos, os combates são incrivelmente excitantes, e tiram de nós toda a técnica de mãos de que dispomos. A boa disposição a bordo quando temos por baixo do barco um cardume de grandes carapaus, faz-nos esquecer ques e trata de um peixe menor. É a vantagem do LRF, comparada com as outras técnicas, porque estamos a pescar ultra-light, todos os peixes são grandes! Naquele momento, naquele lugar, somos nós, o nosso equipamento, e o nosso jig de …3 gramas!

O autor, com um sarrajão feito a norte de Sines, com um jig de 12 gramas, da marca Xesta.


A GO Fishing Portugal, passada que seja a pandemia COVID 19, vai voltar a organizar saídas de pesca LRF a partir de Setúbal. Para adultos e crianças a partir dos 8 anos de idade. 

Pode fazer a sua inscrição utilizando as indicações que damos em rodapé, ou procure os contactos na página web da GO Fishing, em www.gofishing.pt.

Não necessita de ter equipamento, disponibilizamos tudo.

Contacto telefónico Vítor Ganchinho: 919 840 572





4 Comentários

  1. Esperamos pacientemente que seja possível sair para pescar; quando for, lá estaremos para experimentar o LRF :)

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    1. Bom dia Ricardo!

      Temos de ter paciência, mas o momento vai chegar, sem dúvida. Aos poucos as coisas irão normalizar, e ir à pesca vai deixar de ser algo estranho. Eu fui na sexta feira passada, e senti-me um extra-terrestre, com máscara, viseira, álcool para as mãos, etc. A semana que vem promete bom tempo, vamos ter uma acalmia valente! Será desta que vamos?

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  2. Sem dúvida algo que me despertava a curiosidade o LRF,é um método de pesca fascinante os diâmetros dos fios utilizados são minúsculos mas aqui é que esta a diversao pois nao vamos rebocar um peixe temos de trabalhar o peixe até cá acima ....após experimentar o LRF....viciei-me!!! Obrigado Go Fishing.pt pela experiencia a repetir sem dúvida!!!!

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    1. Bom dia Simão


      Andam por aí uns parguinhos. É ir onde falámos, em frente às Bicas/ Meco, com o Kayak, porque eles vão aparecer. Na cota dos 50 metros aparecem também uns robalos. Atenção aos limites da Reserva da Arrábida. Das Bicas para o lado de Lisboa já se pode pescar.

      Abraço
      Vítor

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