TEXTOS DE PESCA - Monstros marinhos - Capítulo I

Cada um de nós tem a sua noção do que é um peixe grande. Para quem pesca em água doce, um peixe com dez quilos já é um peixe grande. Para quem pesca no mar, o mesmo peixe já é algo de possível, uma boa corvina, um mero, um safio, uma tintureira, são peixes que ultrapassam esse peso  com relativa facilidade. Para quem sai de Portugal e vai para os trópicos, um peixe de dez quilos não é seguramente o peixe dos seus sonhos. Logo, tudo é relativo. Trago-vos hoje alguns peixes que fazem parte da minha vida de pescador, e que ultrapassam esse peso. Para que possam reformular a vossa noção de “peixe grande”.  

Vítor Ganchinho com um bom mero, que viria a dar 18.5 kgs na balança. Foi oferecido a uma família carenciada. 


Porque o tema de hoje são os bons peixes nacionais, começamos pelos meros, um dos peixes mais interessantes que temos. Neste momento a sua captura é proibida, pese embora a sua abundância em determinadas zonas do país.  Foi criado à volta deste peixe, de crescimento lento e hábitos territoriais um estigma, que advém do facto de serem feitas imagens de pessoas a alimentar meros com ovos, salsinhas, peixe, em reservas marinhas, onde eles vivem  resguardados de predadores, e onde adoptam hábitos que os não diferenciam de animais domesticos. Na natureza, no meio marinho natural, isso não existe, o mero é um adversário dificil, e vê-lo é uma sorte, pescá-lo ou caçá-lo é uma rara felicidade.


O meu amigo Mohamed, com um mero português de 30.5 kgs.


Os meros são um peixe que é possível à linha. Para isso, teremos de nos preparar em termos de materiais, com um conjunto de jigging constituído por uma cana suficientemente forte, um carreto de tambor movel de  qualidade, linha trançada de 80 libras e um chicote de nylon de 1mm, com pelo menos uns 10 metros. A razão deste chicote tem a ver com o facto de os trançados serem muito pouco resistentes à abrasão e por isso  rebenteram facilmente ao tocar na pedra. O nylon, para além de resistir muito à fricção, permite apresentar o jig de forma mais discreta, tornando a linha invisivel. Atendendo à legislação, deve restituir-se o mero à água.  Na eventualidade de uma subida demasiado brusca, é de ter a preocupação de furar com uma agulha, um estilete, a bexiga natatória do peixe, para que possa retornar ao fundo.


Vítor Ganchinho, num dia de em que conseguiu um “empate” a um mero, com um dos melhores caçadores africanos, Mohamed Fadel Sow. 


Para que tenham uma noção, este senegalês baixa facilmente a 50 metros de fundo…em apneia.
Meros caçados a 21 e 23 metros de fundo. Nada disto seria possível hoje, dada a legislação em vigor. Mas continuam a haver meros, sem dúvida.


Vítor Ganchinho



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