TEXTOS DE PESCA - Monstros marinhos – Capítulo II

Na sequência do artigo anterior, em que abordei peixes de tamanhos menos comuns, aqui têm algo mais relacionado com meros, desta vez com caçadas efectuadas no Senegal, ao largo de Dakar. 

Falamos de uma zona particularmente rica em peixe, com duas épocas distintas: a de Inverno, em que as águas do Atlântico baixam a temperatura aos 12ºC, e que trazem diversas espécies de garoupas, meros, badejos, para a costa. É o momento em que os polvos fazem as suas migrações para os baixios, e por isso, os seus predadores naturais seguem-nos, aproximando-se da costa, logo de cotas acessíveis a caçadores submarinos em apneia. 

 
Vítor Ganchinho e José Vilarinho, com dois bons meros e com um anfitrião que os faz todos os dias, por obrigação, por trabalho, Mohamed. O meu recordo-me que tinha 16 kgs. 


As “garoupas”, termo genérico dado a qualquer tipo de mero por quem não reconhece as diferenças, são peixes muito procurados nos países africanos, com o intuito de os exportarem em frio para a Europa e Estados Unidos. 
Os valores de venda no local são três vezes mais reduzidos, mas há que contar, e pagar, todos os custos da cadeia de distribuição. Estes peixes raramente são consumidos localmente, a não ser em épocas de grande abundância, nomeadamente Janeiro, Fevereiro e Março. Trata-se de um mero de águas muito frias, que vai desovar aos baixios, quantas vezes a não mais de 3 metros de fundo, e que sofre com isso, vendo os seus efectivos diminuir drasticamente. 
Os seus juvenis, até 30 cm, vivem nos mangais, em zonas estuarinas, e quando atingem tamanhos mais consideráveis, descem a cotas de 30 a 100 metros. Vivem muito ligados a substratos de areia, vaza, e não tanto de rocha, como os seus parentes Guaza, ou Marginatus. Todavia, já os cacei entocados em buracos na rocha. 

Este mero, Epinephelus Aeneus, é corrente nos nossos mercados em Portugal. Acredito que 99% das pessoas não tenha a noção de que não é um peixe das nossas águas, mas sim que é importado da Mauritânia, Marrocos e Senegal. Este em concreto, foi arpoado por mim numa baixa, a 17 mts de fundo, ao largo da Ilha de Gorée. 


A mesma espécie anterior, mas de tamanho maior, cerca de 10 kgs. Por sinal, este peixe foi por mim avistado, em final de mergulho e quando já vinha para a superfície. Na baixada seguinte o Mohamed Sow acabou por o arpoar. Esta espécie pode crescer até cerca de 16 kgs, naquelas paragens senegalesas.


O meu amigo Farba, senegalês de N`Gor, com uma Cobia. Podem atingir facilmente os 60 a 70 kgs.


Aspecto geral de uma Cobia, peixe muito lutador, com uma vitalidade incrível, e que é sem dúvida um peixe interessante para fazer à linha. É muito pescado do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, embora de tamanhos mais modestos.


Vítor Ganchinho


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