Um peixe curioso, a saima. Desde logo porque este Diplodus Cervinus é um dos maiores sargos que está presente nas nossas águas.
Não é dificil que atinja pesos na ordem dos 3 kgs, chegando aos 55 cm de comprimento e cerca de 4 kgs, por vezes mais. Só é suplantado pelo sargo de bico, que aparece ocasionalmente, e que atinge pesos superiores.
Porque o sargo saima faz a sua reprodução entre Maio e Julho, este é um periodo em que o encontramos muito fragilizado, muito dependente da obtenção de alimento, e por isso, mais receptivo às nossas iscas.
Na área de Setúbal / Sesimbra é muito frequente na zona da Arrábida, enquanto juvenil, Cabo Afonso, Pedra do Leão, e um pouco mais à frente, já um pouco maior em tamanho, na base das paredes do Espichel, e muitos por cima do barco afundado, o River Gurara.
Saimas da Comporta. O peso médio ronda os 2 kgs. |
Pesco-os com relativa facilidade ao largo da zona da Comporta, onde se agrupam em cardumes residentes, a profundidades relativamente baixas. São muito gregários, deslocando-se calmamente, em grupos de 6 a 8 indivíduos.
No Senegal, país onde seria suposto não haver, de acordo com os livros técnicos, …são aos milhares. De resto, nunca vi tamanhas concentrações de peixes destes, que chegam a formar bolas, massas de peixes. Os destroços de Mbao têm toneladas de saimas, dentro e fora dos barcos afundados. Para um país em que é pressuposto não haver….
Voltando à Comporta, temos que este peixe é pescado de espera, preferencialmente com iscas macias, navalha fresca, casulo vivo, ganso, etc. É um sargo de águas paradas, e a sua dieta reflecte isso mesmo. Alimenta-se de vermes, minhocas, algas, sendo a sua carne de qualidade inferior à do sargo comum, por não ter a possibilidade de mariscar os mesmos tipos de pedra. Apenas muito raramente se aventura em zonas de correntes, espuma, preferindo uma vida mais pacata, mais recatada, em fundos estáveis.
Uma imagem, feita a partir de um print-screen que fiz de um filme feito no Senegal com a minha GO-Pro. Elas andam por lá…. Debaixo da pedra, na zona escura, um pequeno mero, com riscas. |
Pescar as saimas em termos de pesca dirigida, é possível, sobretudo numa altura do ano em que os sargos legitimos estarão menos predispostos a atacar as nossas iscas.
Os melhores resultados obtêm-se em águas clamas, com a temperatura igual ou acima dos 18ºC.
Porque se trata de uma pesca de espera, com alguma dose de paciência conseguem-se vários exemplares no mesmo pesqueiro, ao longo do dia. O peixe é anzolado, dispara para se libertar, assustando os outros.
Mas daí a pouco, muitas vezes alguns minutos apenas, já estamos com outra picada. Porque se trata de um peixe muito calmo, as picadas são suaves, lentas, e permitem algum tempo de reacção.
Na verdade trata-se de um peixe que se pesca com grande facilidade, dispensando linhas demasiado fortes. Estralhos de nylon 0.35mm são mais que suficientes, o seu arranque é franco, a direito, sem procurar entocar.
Quando se consegue levantar da zona de pedra está quase garantido. Dado ter lábios grossos, carnudos, normalmente não desferra.
A saima é um peixe bonito, com cores vivas, que desaparecem ao fim de algumas dezenas de minutos. Esta pesquei-a um pouco mais abaixo, no Gaião.
De notar que o equipamento foi uma cana Lioness, da Nissin, com acção de 60 gramas, em conjunto com um carreto Daiwa Leobritz, da Daiwa, peso 460 gr, com bateria de litío acoplada ao próprio carreto.
A costa espanhola tem bastantes, sendo um peixe pouco dado, pelos seus hábitos calmos, a grandes ataques a jigs ou vinis.
Começou a ser visto nos Açores há alguns anos, certamente a população irá crescer, desde que consigam encontrar alimento em quantidade e qualidade.
Caso pretendam saber algo mais, tenho muito mais informação, muito mais imagens, basta perguntar no espaço abaixo.
Vítor Ganchinho