Barracudas Gigantes

Temos muita dificuldade em tentar imaginar a força que um peixe grande pode desenvolver, porque esses peixes não fazem parte do nosso dia a dia. 
Ouvimos falar de colossos, sabemos que existem, mas não os temos por cá. Tirando as raras corvinas, um ou outro mero, um ou outro atum que se deixa enganar, ficamos por aí, o que temos são miudezas. 
Há pessoas que os têm colossos destes todos os dias e mais do que isso, vivem dessas capturas. Já aqui vos trouxe alguns exemplos de peixes de sonho, e concretamente algumas barracudas que num ápice vos podem esvaziar a linha do vosso carreto favorito, o tal das douradas. Um peixe destes faz duas ou três centenas de metros em menos de 15 a 20 segundos e a seguir o que o pescador pode fazer é amaldiçoar a sua sorte, por não ter um carreto Daiwa Saltiga, com drag de 30 kgs. Esses são os equipamentos que travam estes peixes, que os fazem virar a cabeça na direcção do nosso barco. 




Extremamente agressivas, estas barracudas africanas são responsáveis por inúmeros ataques a mergulhadores, ou se quiserem, mais concretamente a caçadores submarinos. 
Trata-se de um peixe que apenas se defende, depois de arpoado. Presas com linha e anzol também acarretam algum grau de risco, nomeadamente a possibilidade de saltarem ao barco onde nos encontramos. 

Barracuda de 33 kgs. O caçador tem 1,92 de altura.



Exemplares de cerca de 40 a 42 kgs de peso. O meu amigo Cherif dá-lhe com muita força, todos os dias.


Posso explicar-vos como se faz para capturar um peixe destes: o caçador segue à superfície, e limita-se a nadar a bom ritmo. A subida das barbatanas à superfície e o seu posterior afundamento, provocam bolhas de ar, que atraem estes peixes. Supostamente serão para eles pequenos peixes que brilham. Quem já nadou atrás de alguém que leva umas barbatanas calçadas já viu isto, muita turbulência, bolhas e algum ruído. 
É o suficiente. Quando o caçador se volta para atirar, frequentemente estes peixes acabam por se afastar, não dando possibilidades de tiro. Assim, a técnica correcta, que não fácil, é levar a arma segura pela mão direita, e, ao ver o peixe atrás de nós, meter a arma entre as pernas, apontar bem e fazer um tiro para trás. É muito mais fácil dizer que fazer, mas resulta. O peixe arpoado desvia para um dos lados, levando linha do carreto preso à arma. O passo seguinte é chamar de imediato a piroga de apoio e subir para dentro. A seguir, tudo é bem mais simples, basta dar linha e recuperar, como se se tratasse de uma pesca à linha simples. Consegui fazer com sucesso algumas vezes, e sempre achei genial este processo. 
Isto é o mais parecido que podemos fazer, nas nossas águas. Qualquer semelhança é pura coincidência, o poder de um peixe é incomensuravelmente superior ao outro, o peso também, e a agressividade nem é comparável.

Bicuda (sphyraena viridensis) a nossa modesta barracuda, capturada com uma linha trançada 0.08mm, chicote de nylon 0.25mm  e jig de 30 gr. Dada a fragilidade da cana, na circunstância uma travel da Xesta de acção 2-10 gramas, com 85 gramas de peso, acabou por dar alguma luta. Aqui utilizei uma carreto Stella versão 4000, da Shimano.




Vítor Ganchinho



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