A questão da penetração dos anzóis

Já aqui falámos de fabricação de anzóis. Trata-se de um produto que nos toca muito fundo, porque é ele o garante de que conseguiremos trazer até nós o peixe que faz vibrar a ponta da nossa cana. 
Um mau anzol pode deitar tudo a perder em fracções de segundo. Por isso é tão importante fazer a melhor escolha. 

Na área da pesca lúdica, a tecnologia tem avançado imenso nos últimos anos. Os equipamentos de que dispomos hoje pouco ou nada tem a ver com aquilo que existia há 30 anos atrás. Ou mesmo 15….ou mesmo 5 anos. 
Uma das áreas que parecem mais estagnadas é a fabricação de anzóis. E digo parecem, porque na verdade não é assim, nada mesmo. Os anzóis deram um salto qualitativo muito grande, não só nos formatos, cada vez mais eficazes e mais resistentes, como também na composição química dos diversos metais com que são feitos. Falamos hoje de aço carbono, mais leve e mais rígido, o que permite um menor diâmetro de arame e com isso muito mais eficácia na cravagem. 

Um anzol pesado, barato, feito com arame mais grosso para com isso garantir a rigidez necessária, denuncia-se muito mais facilmente aos sentidos do peixe. A tendência vai no sentido de conseguir peças mais leves, mas com a mesma capacidade de garantir a não deformação. Um anzol de baixo nível de preço é barato, mas torna-se caro ao fim do dia, porque nos faz perder muitos peixes. Nunca esquecer que o anzol é o primeiro elemento de contacto do pescador com o peixe. 
A poupar, que seja no maço de tabaco, e nunca nos anzóis ou linhas de pesca. 

O afiamento químico torna as pontas dos anzóis mais finas, o que pode ser comprovado recorrendo a um microscópio potente. 
Se um anzol de ponta romba nos faz perder peixes de forma sucessiva, o contrário dá-nos possibilidades de aumentar a nossa performance, conseguindo peixes que muitas vezes se espetam sozinhos, ao menor contacto com a ponta do anzol. 
Por isso, nunca se guardam os anzóis de uns dias para os outros, porque um anzol perde o seu afiamento ao fim de umas horas de uso. E a partir desse momento, a tentativa de poupança de alguns cêntimos passa a custar muito peixe. 



Atenta ao mercado e ao potencial que este tema tem em termos de vendas, a FUDO Hooks Japan lançou alguns modelos com cobertura Teflon. E o que é isto de cobertura de teflon?!

Explico: trata-se de um banho de fluorina, um produto que faz com que a penetração do anzol seja potenciada ao máximo. Digamos que o anzol, após cravar na boca do peixe, “escorrega” ainda mais para dentro, conseguindo com isso uma superior penetração no musculo, ou osso do peixe em questão. A seguir, é trabalho para a barbela, que tem de ser de efectiva qualidade, bem desenhada, e estar perfeita no momento em que faz falta. 
Quando o peixe se debate, nem sempre conseguimos garantir que a nossa linha está rigorosamente esticada, em todos os momentos. Por vezes, afrouxa um pouco. É aí que a barbela se revela um elemento indispensável. 
Nem deve ser demasiado pronunciada, porque vai travar a penetração do anzol, (isso nota-se imenso quando cravamos douradas, que têm a boca muito dura) nem deve ser demasiado baixa e incipiente, porque o ressalto torna-se insignificante, descrava, e o peixe não terá dificuldade em se livrar do anzol. Falamos de décimos de milímetro que podem fazer muita diferença. 

A barbela pode fazer a diferença entre ficar com o peixe ou ter de morder o lábio...


A questão da penetração dos anzóis triplos é ainda mais importante. Porque enquanto na pesca vertical, por exemplo, temos o indicador de picada na sensível ponteira da cana, na pesca de spinning nunca sabemos quando vai acontecer a picada, logo resta-nos esperar que o peixe ataque com vontade, que morda com força, o que garante logo por si uma cravagem significativa. 
Mas pode não acontecer. E é aí que se torna tão importante ter a possibilidade de contar com material à altura, que crave ao mais ligeiro toque. É o caso destas fateixas da Varivas, uma linha chamada de Nogales. 
Extremamente afiadas, contam com uma cobertura que faz cada anzol penetrar bem mais fundo, com facilidade. Se um triplo normal já é uma arma mortífera, estas fateixas são ainda mais, porque penetram ainda mais na carne e ossos da boca do peixe. 
A diferença nota-se sobretudo naqueles dias em que o peixe está a picar mal, sem agressividade. Nesses dias, este material dá-nos sempre mais alguns peixes, porque o mais pequeno toque, é suficiente. 

Fateixas triplas da Nogales, Varivas, em aço carbono de alta qualidade. São de um efeito tremendo nos ataques de predadores.


Existem em stock na GO Fishing em três tamanhos:

  • Tamanho 4 - Para pesca com amostras grande volume, comprimentos de 12 a 20 cm, dedicadas sobretudo a peixe médio/grande.
  • Tamanho 6 - Para pesca com amostras de volume intermédio, de 8 a 11 cm de comprimento, ou jigs. 
  • Tamanho 8 - Para pesca com amostras de pequeno volume, de 5 a 8 cm de comprimento, ou pequenos jigs, em modalidade Light Rock Fishing. 

Espero que vos tenha sido útil a recomendação de hoje: não é de descurar a qualidade dos nossos anzóis, porque deles depende em grande parte o sucesso do nosso trabalho. 
O anzol é a ponta de todo o nosso equipamento. Se falha, tudo o resto deixa de ter importância. 



Vítor Ganchinho



4 Comentários

  1. Viva Vitor Ganchinho. Obrigado por mais uma partilha.
    Tenho duas questões;

    Por um lado, o cuidado que temos de ter no manuseio dos anzois numa sessão de pesca.
    Se mexemos nos anzois ou estralhos com as mãos molhadas de água salgada, estamos igualmente a comprometer o tratamento químico e consequentemente o seu melhor afiamento.
    Enquanto pesco no meu kayak, tenho uma caixa de plástico para colocar os estralhos e amostras usados ou com destino ao lixo.
    Por outro lado, preocupa-me a manutenção dos triplos das amostras rígidas que não troco assiduamente.
    Há algum que garanta maior resistência aos efeitos do mar?
    Eu passo as amostras por água doce ao fim de uma sessão de pesca.
    Por vezes passo ainda vaselina depois de seco (anzois e amostras)
    Abraço, Paulo
    Alguma sugestão melhor?

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    1. Boa tarde Paulo Obrigado por ter colocado a questão. A resposta irá servir certamente a muitas pessoas.

      Quando temos uma caixa com jigs, maiores ou menores, armados com anzóis simples ou triplos, ou uma régua de anzóis empatados, o cuidado no manuseamento deverá ser máximo. Bem sei que no "fragor da luta" muitas vezes isso não é uma prioridade, e que nos descuidamos. Quando retiramos um deles, com as mãos molhadas e tocamos outros, aquilo que se passa é que a oxidação será sempre uma questão de tempo. Nada resiste indefinidamente ao salgadiço. Os fabricantes têm um problema em mãos que é, aos dias de hoje, irresolúvel: nós queremos que os anzóis, ou fateixas, sejam altamente afiados, que sejam leves, que sejam resistentes à corrosão e que tenham uma grande resistência mecânica. E isso não existe. O que é humanamente possível fazer é privilegiar algumas características, em detrimento de outras...e é isso que os fabricantes fazem.
      Porque só temos um contacto com o peixe, por exemplo quando fazemos spinning, ( nenhum peixe se lança à sua amostra e morde os bicos dos anzóis uma dúzia de vezes...a maior parte das vezes ficamos felizes por uma única picada...) eu optei por garantir o máximo de afiamento, leveza, e resistência mecânica. Consigo isso com um aço inox muito rico em carbono. Este material dá-me tudo o que eu quero. Mas sei que, mesmo com o banho de fluorina, ( uma cobertura dada pela fábrica para o anzol espetar ainda mais, para deslizar osso dentro), se não lavar os triplos, eles vão enferrujar. Garantidamente! Por isso, e porque me custam dinheiro, trago-os para casa numa caixa estanque própria para o efeito, que anda sempre comigo no barco, e lavo-os no fim da pesca com água doce corrente. E resulta. O meu material dura uma eternidade.
      Há materiais que não oxidam quase nada. Mas são grossos, pesados, não espetam, e perco imensos peixes com eles. Quando o peixe pica bem, quando engole a amostra, tudo resulta. Quando estão maus, só com material topo de gama é que podemos garantir que fica. Como eu costumo dizer, com as fateixas da Varivas / Nogales, eles só de olhar pelo canto do olho para a amostra já estão ferrados....


      Abraço
      VItor



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    2. Em resposta à segunda parte da questão, diria que uma boa lavagem com água doce já resolve perfeitamente o assunto. Mas se quiser ir mais longe, pode preocupar-se com as condições em que deixa o seu material de pesca. O espaço tem humidade? É uma casa de habitação, é uma garagem, um anexo? Tudo isso faz diferença. Quando temos alguma humidade, aquilo que se pode fazer é isto: coloca dentro da caixa dos anzóis/ amostras, uns pacotes de sílica gel, que absorvem a humidade. Ajuda bastante. Outra alternativa, menos cómoda é a aplicação de pó de talco, que capta bastante a humidade.
      Eu saio à água três a quatro dias por semana, logo, não os deixo oxidar muito, ...acabam por perder alguma oxidação do dia anterior nos...ossos dos peixes.




      Abraço!
      Vitor

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  2. Muito bom, já aprendi algo de novo hoje, obrigado.

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