Ainda os kayaks

Tenho a rara sorte de ter amigos em muitos pontos do globo, que não deixam de me manter informado das suas pescarias, das suas desventuras, e isso dá-me a possibilidade de conseguir arranjar material, quer em termos de imagens quer de assuntos, para continuar a escrever diariamente para este blog.
Hoje, trago-vos alguém que já conhecem de muitas outras jornadas de pesca. O Raúl Gil vai estar connosco em Outubro, durante uma semana ficará em minha casa e terei oportunidade de organizar um work-shop na loja de Almada, a que espero possam assistir. Porque o Raúl fala de pesca com muita categoria, com conhecimento, com a segurança de quem sabe muito bem aquilo que está a dizer.
Desde logo porque pesca de uma forma muita intensiva, diria quase todos os dias. E quem sai muito, …aprende, nem que seja à força. Não é o caso dele, que é um pescador fino, muito técnico, que será sem dúvida das pessoas mais sabedoras do nosso continente europeu. O Raúl pesca como respira, naturalmente.
Rendido ao kayak, faz pescas de arromba na sua Valência natal, e é sobre isso que vos irei falar hoje. A utilização de um kayak, pese o seu espaço reduzido e as naturais limitações, propicia ainda assim oportunidades que podemos não ter quando nos deslocamos num barco a motor, com o seu inevitável ruído a levantar dúvidas nos peixes que estão por baixo.


O Raúl Gil, a bordo do seu Kayak Radar. Reparem que mesmo limitado pela exiguidade da embarcação, ainda assim não prescinde de levar 4 canas a bordo. Sei de dias em que leva seis, e a explicação é simples: ele sai ao mar e tem de estar preparado para actuar em função das circunstâncias. Não poderia montar e desmontar amostras com a velocidade que os acontecimentos exigem...


Aqui três versões diferentes de algo que sei ser-lhe muito útil: a lula da Savage Gear. O Raúl pesca exclusivamente com artificiais, e com a mesma convicção com que alguém pesca com iscadas de sardinha nas nossas águas.


Mesmo peixes que nos parece serem exclusivamente mariscadores, acabam por revelar a sua “costela” de predadores, lançando-se aos jigs.


O carapau é um peixe que não esconde a sua predilecção por artificiais. Já os pesquei com jigs de….250 gr!...


Aqui uma lula que sucumbiu a um jig ligeiro. Quando armados com fateixas triplas, os jigs pescam tanto quanto as correntes toneiras.


E os espáridos, que estão sempre dispostos a mais uma dentada? Estes peixes de dimensões reduzidas são sempre libertados pelo Raúl, que pesca muito mais peixe que aquele que leva para casa. Num dia de pesca normal, acredito que chegue a 90% o peixe libertado.


Vejam o filme:




Aquilo que faz é marcar num contador de peixe (ver abaixo) o número de exemplares capturados.


Neste dia, a quantidade de capturas foi de 33 peças, entre sargos, douradas, lulas, carapaus, pargos, etc.


E aí está, mais um, a demonstrar uma vez mais que pescar com artificiais não é um handicap, pelo contrário. Uma cana de pesca com um jig, ou um vinil, nas mãos de pessoas como o Raúl Gil é uma arma mortífera!


E chega ao fim da sessão de pesca, mais um treino, mais uma saída divertida, em que o Raúl experimentou material, testou este ou aquele gesto técnico.


A pesca a este nível é mesmo outra coisa. Acredito que tenhamos entre nós muito melhores condições para pescar que os valencianos, que saem nos seus kayaks para águas com uma profundidade muito reduzida, com visibilidades verticais muito significativas, e que os obrigam a utilizar linhas que deste lado nem nos atreveríamos a considerar. O Raúl pesca muitas vezes com chicotes de nylon de …0.16mm. É preciso ter boas mãos.



Vítor Ganchinho



2 Comentários

  1. Amigo Vítor,

    É uma forma de estar e uma postura que devíamos adoptar.

    Temos uma zona costeira magnífica, com condições fantásticas, devíamos respeita-la muito mais.

    Infelizmente, para todos nós, a nossa cultura está muito longe do necessário.

    Abraço!
    A. Duarte

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    Respostas
    1. Olá António Escrevi ontem um artigo a falar nisso. Irá sair apenas em Agosto, porque tenho sempre uma almofada de precaução, porque posso sair muitos dias à pesca seguidos e não ter tempo para me sentar ao computador. Quando chego a casa já venho moído do mar e a vontade não é muita. Mas é importante manter a regularidade, e até agora consegui. Há muita coisa para sair. Quem faz a gestão é o Hugo Pimenta, o nosso expert para estas coisas.
      Nós podíamos ter muito mais peixe, bastava que as pessoas não fossem dentro do rio pescar com redes mosquiteiras a tudo o que possa cair....
      Ou a pescar peixes juvenis, para fritar...

      Haja paciência. A nova geração vai ser mais consciente, seguramente. Não pode ser pior...

      Abraço
      Vitor

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