PESCAR ROBALOS NO OUTONO

É um período de excelência para a pesca. Adoro pescar nesta altura do ano.

Brevemente virão os dias frios, chuvosos e com vento suficiente para nos impedir de sair ao mar. Enquanto isso não chega, há que aproveitar os dias possíveis para testar novos materiais, novas técnicas.
Esta é a fase do ano em que os robalos de bom porte se agrupam em cardumes extensos, procurando obter em grupo aquilo que seria mais difícil de conseguir de forma isolada.
É o tempo de comer cavalas, antes de elas emigrarem para outras paragens com águas mais quentes.
O peixe precisa de reservas de gordura e não pode deixar passar este momento sob pena de vir a sofrer quando tiver de combater a descida de temperatura das águas. Agora, ...ou nunca!




Preparando a desova, o robalo aproxima-se nestas semanas de postos de caça que lhe garantam segurança, mas ao mesmo tempo comida suficiente. Já não é o momento de os procurarmos nos areais, é tempo de irmos à sua procura em zonas mistas, com areia e pedra. Zonas de pedra partida, com túneis escuros, com falhas que permitam entrada e saída fácil, furnas com areão de tamanho médio, são o local onde podemos encontrar os nossos “labrax”.
Também pedras mais altas, expostas à corrente, são procuradas pelos peixes predadores. Quanto mais intensidade de corrente, mais facilidade teremos em estar em cima dos robalos. Eles procuram exactamente esses sítios.

Locais com grande turbulência de águas são sempre convenientes a peixes que vivem de encontrar pequenos peixes em dificuldades. Os pequenos peixes que lhes servem de alimento procuram esconder-se em fendas, em rachas na pedra.
O robalo encontra-os e alimenta-se, fazendo crescer rapidamente o teor de gordura dos seus músculos. Por isso muda o tipo de alimentação, passa para sardinha e cavala, sobretudo.
Vai precisar disso, dessa comida gorda, porque daqui a pouco mais de um mês, terá de prestar provas: vem aí o tempo da desova.




Este é o tempo de optar por um tipo diferente de amostra. Já não estão à superfície, (as noites já estão frias), estão um pouco mais abaixo. E a amostra certa são cabeçotes de chumbo, dos 10/12 aos 30/40 gramas, (consoante a lua que tivermos, a qual, com a sua proximidade ou afastamento, influencia decisivamente a velocidade das correntes marítimas) e um vinil. Melhor que jigs, são os vinis que provam bem nestes próximos dois meses. A partir de janeiro, e já com águas muito frias, lançar um vinil para o fundo já requer muita técnica, muita sabedoria e não é algo que possa ser facilmente generalizado a todas as pessoas. O momento é para vinis, indiscutivelmente. Para capturas mais frequentes, vinis com 7/10 cm, para capturas de excepção, poucas mas boas, vinis acima dos 14/ 16 cm. Isto para robalos de maior porte, que são cada vez mais raros, mas existem.

Tive o privilégio de ver há semanas uma “passareira” de robalos, a atacar cavalas à superfície. Eram dezenas e dezenas deles, em tamanhos que estimo entre os 2 e os 3 kgs por exemplar.
É todavia um espectáculo raro, mas digno de se ver. Nessas alturas, a cana deve ficar pousada no barco, as amostras ficam em seco. Não se deve pescar nesses momentos. O tempo é para disfrutar de um fenómeno da natureza raro, que não nos é possível ver todos os dias.

Fazer a montagem de um cabeçote de chumbo num vinil não é algo de difícil, mas se alguém tiver dificuldades é vir aqui ao blog expor as suas dúvidas e poderemos fazer um filme exemplificativo.
A GO Fishing Portugal tem várias linhas de vinis e cabeçotes de chumbo em stock, sendo a marca Fish Arrow e a Berkley aquelas que mais se adequam ao nosso estilo de pesca. Como conselho prévio de escolha, há que pensar que quando optamos por um vinil com cauda em formato de pala, a qual provoca vibrações muito apetecíveis para os robalos, estamos todavia a limitar a nossa acção a águas mais costeiras, mais baixas. Quando queremos pescar mais profundo, a cauda bifurcada desce muito mais rapidamente, pois oferece muito menos resistência. No entanto, não é tão simples de utilizar, implica trabalho de pulso, a trabalhar o vinil no fundo. Canas mais indicadas para esse tipo de trabalho: ligeiras, com acções para pouca gramagem, e ponteiras de dureza relativa, nervosa, por isso canas médio/ rápidas, ou rápidas. Os vinis com cauda Shad, com pala, permitem recuperações mais lineares. Não são necessariamente melhores, tudo depende da velocidade da corrente que tivermos nesse dia, e nesse momento. Podemos nem conseguir que o shad chegue ao fundo, por nos atrasar a descida demasiado. Assim sendo, ter as duas opções na caixa de acessórios é o mais avisado.

As linhas para robalos são conhecidas. A Daiwa tem uma que é francamente boa, a que deu o nome de Seabass Sensor, um producto especialmente concebido para a pesca do robalo:

Existe em stock em três diâmetros, PE1, PE1,2 e PE 1,5. Os robalos não são peixes particularmente lutadores, aplicam o peso, mas ao fim de alguns segundos temo-los à superfície. E com sorte, dentro do camaroeiro.


Este é o momento em que os grandes robalos comem com vontade, sem hesitações. E todos os outros, que ainda não são grandes, aproveitam para crescer mais um pouco, ingerindo quantidades de comida muito elevadas.
Ainda há muitas plantas agarradas à rocha, as tempestades ainda não partiram todas, e isso agrega sobre as pedras todos os peixes que dependem de pequenos micro-organismos que se criam a partir das algas, das plantas. Os robalos estão atentos a isso. Quando as águas arrefecerem e as pedras ficarem limpas dos temporais, do rolar das pedras, do cascalho sobre a pedra mãe, não há razão para esses peixes continuarem por ali. Há que aproveitar os dias de maior coeficiente de marés, que geram correntes de força superior. Mais oxigénio, mais dificuldade para as presas se movimentarem, mais possibilidades de obter comida. Os robalos estão mais activos nestes dias. Com mares parados, não tiram partido das suas incríveis capacidades natatórias, da sua potência, e por isso…repousam e esperam melhores condições.

Iremos conseguir as picadas no nossos vinis logo a seguir ao seu contacto com o fundo, nos primeiros 4/6 metros de recuperação de linha. Os robalos estão agora um pouco acima das pedras, onde podem ver o que se passa em seu redor, e desferir os seus ataques mortíferos.
É pois estar preparado, não perder demasiado tempo a bloquear o carreto, a começar a recolher linha, porque no momento em que o vinil passar pelo predador, tem de estar em acção perfeita, a trabalhar correctamente.
Assim, zonas de pedra não demasiado profundas, pescáveis com vinis, na casa dos 10 a 30 metros, em dias de alguma corrente, ….são dias de robalos!

Os maiores robalos gostam de estar sós, por isso, para além de um olhar atento à sonda, e aos cardumes que nela aparecem, é conveniente estar com uma especial atenção a possíveis vultos isolados, não demasiado longe dos cardumes de comedia, que nos apareçam na sonda em cores laranja ou mesmo castanho. Esses são os grandes.



Vítor Ganchinho



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