ACABARAM OS DIAS CALMOS

Com a chegada dos primeiros frios, um novo ciclo de pesca começa.
Devemos dizer adeus às possibilidades de pesca de Verão, quando o peixe estava baixo, encostado a terra, beneficiando de temperaturas amenas durante a noite.
Isso acabou. Neste momento o arrefecimento nocturno é uma realidade e vai limitar a presença de muitas espécies às quais tínhamos acesso de costa.
Vai deixar de ser tão fácil conseguir peixes em pesqueiros encostados a terra, a maior parte deles estarão longe, fora do alcance dos lançamentos de surf-casting, ou de spinning.
A maior parte das espécies passa a noite longe, abrigada das temperaturas baixas. Só vai voltar próximo de terra para comer, em raides muito rápidos, de acordo com o andamento das marés, e partindo de novo para os fundões.
O peixe, obrigatoriamente estará mais fundo, procurando fugir aos rigores do tempo. Todavia, algumas espécies mais adaptadas a estas baixas temperaturas irão aproveitar esta pausa na existência de concorrentes para fazer as suas posturas.
É a natureza a assumir os seus ciclos, a dar resposta às necessidades de manutenção de efectivos.
Os peixes têm agora diferentes momentos de alimentação, já não apostam tanto nas primeiras e últimas horas do dia, conforme fizeram durante o Verão. O sol a pino traz o peixe um pouco mais acima na coluna de água.
Deixa de haver períodos tão marcados de maior actividade, as marés cheias passam a influenciar muito mais o comportamento do peixe.
Também os dias de chuva, por amenizarem as temperaturas exteriores, irão permitir que o peixe encoste, dando oportunidades que serão sempre raras já que a norma é termos a água em torno dos 13/15ºC.
Mas nem tudo é mau. As águas, mais agitadas, mais misturadas com o ar da atmosfera por força da instabilidade do tempo, encontram-se com níveis de oxigénio mais elevados, e isso, embora pareça estranho, possibilita aos predadores a ingestão de presas de maior tamanho.
Gorduras, proteína e aminoácidos são bem vindos, porque o desgaste energético é bastante superior. Por isso mesmo podemos, nas horas certas do dia, pescar com amostras de tamanho superior, mais fáceis de lançar.
Para quem gosta de pescar spinning, é tempo para aproveitar as oportunidades que a superfície quente das águas do meio dia nos dão. Amostras com algum tamanho, trabalhadas lentamente, a dar tempo ao peixe para reagir.
A pesca nocturna dá agora menos possibilidades ainda que, e como sempre, seja mais possível encontrar um bom peixe a meio da noite, que a meio do dia, em pesqueiros muito batidos.
Mas, em termos gerais, estaremos mais próximos de pescar algo bom quando tentamos o peixe a cotas mais profundas, onde a termoclina se faz sentir, onde os peixes encontram o conforto de alguns graus a mais na temperatura gelada da água.
São tempos para pescar com carreto eléctrico, em águas abaixo dos 100 metros.




É tempo de gorazes, de cantaril, de tentar um ou outro cherne. Pescar profundo impõe-se pela escassez de peixe nas pedras de Verão.
Por outro lado, vão começar agora as pescas de peixes que saíram aquando da chegada das águas quentes, e falamos das bicas, dos pargos das Canárias, que irão andar pelos fundos a procurar comida.
Também os robalos, a seguir à desova que está eminente, terão o seu período certo para serem encontrados mais fundos, por vezes mesmo bem fundos, na casa dos 120 metros, e que irão dar-nos algumas alegrias.
É pois tempo para mudar de “tércios”, de apanhar nas canas mais robustas, e lançar fundo.

Boas pescas para vocês!



Vítor Ganchinho



2 Comentários

  1. Bom dia Vítor,

    As tempestades na altura certa, são necessárias e são um bem maior pelas razões que já aqui foram tantas vezes faladas e muito bem descritas.

    É tempo de movimentação de areias, é tempo de os nossos rios correrem forte e encherem a nossa costa de nutrientes, é tempo de renovação e de nova vida!

    Para nós pescadores é tempo de olhar para o material, rever técnicas e muita pesquisa e aprendizagem.

    Será que esta maldita pandemia, vai dar brechas e vamos ter os tão esperados workshops na Go Fishing?!

    Abraço,
    A. duarte

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    1. Boa tarde António! Os workshops apenas podem recomeçar quando tivermos a situação de tal forma estabilizada que possamos juntar numa sala cerca de 50 pessoas. Neste momento, e com as restrições que existem, seria um absurdo.

      Por mim fazia, mas não quero com uma atitude irreflectida estar a contribuir para que as pessoas possam ter problemas.
      A altura era a ideal, porque o tempo não ajuda a sair à pesca, as pessoas teriam mais disponibilidade para aparecer.

      Teremos tempo...

      Abraço
      Vitor

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