Não há casal com filhos que dedique mais atenção ao rebento mais forte, com mais aptidões, se tiver um outro mais débil, com mais dificuldades.
Cuidamos dos nossos filhos por igual, até ao momento em que um deles nos pareça adoentado. Aí, as prioridades vão todas para esse, sem dúvida.
Aconteceu-me receber um comentário negativo no artigo que escrevi acerca do meu encontro com Norihiro Sato, o homem que criou o slow jigging.
Porque é uma figura ímpar, alguém a quem todos os pescadores de jigging devem algo, não achei que fosse motivo para alguém se insurgir contra o referido artigo.
A não ser que não tenha gostado da minha forma de escrever, o que admito e respeito. Mesmo expressando-se ao abrigo do anonimato, respeito a opinião desse leitor.
Fico apenas triste por isso, e não vou desistir de escrever, por esse motivo. Mas confesso o meu incómodo, e procurarei no futuro ser melhor, dar mais de mim.
Neste caso, o facto de ter mais de duas dezenas de “likes” não evita o incómodo de saber que alguém não gostou.
Peço desculpa ao leitor a quem não fui capaz de agradar.
Quando passo qualquer tipo de informação, procuro dar a conhecer algo de novo, algo que pode ajudar a melhorar os resultados daqueles que fazem o favor de me ler.
Como sempre, há aqueles que irão olhar para o assunto e ficar interessados, há os que não vão prestar atenção nenhuma, e há os que inevitavelmente dirão mal, mesmo sem ler, sem conhecer, sem reflectir sobre o assunto.
Estou habituado a isso. Quem escreve, sujeita-se a ser criticado, a ser lido por quem sabe e por quem não sabe ler. Há hoje em dia quem odeie ler... quem se dedique em exclusivo a ver os “bonecos”.
Haverá pessoas que entendem o alcance de uma qualquer nova tecnologia, e saberão aferir das vantagens que poderão obter no seu dia a dia de pesca.
E outros dirão que não vale a pena inovar, que está tudo bem como está, e que não faz falta mais informação nenhuma.
Quem escreve, e no meu caso de forma gratuita, não remunerada, habitua-se a receber muito menos do que aquilo que dá aos outros. E por mim, pode ser.
Poucas pessoas se incomodam a lançar um comentário no blog. Algumas delas são leitores atentos e não se importam de comunicar, de escrever umas linhas, de colocar um “like”. Ou até de …contestar, o que é sempre bem vindo.
Foi o caso. Preferia que houvesse um comentário a explicar a razão de não ter gostado, mas aceito que essa pessoa preze o seu anonimato. Procuro entender as suas razões.
Houve mesmo um leitor que comentou a um amigo comum que eu era muito repetitivo, que escrevia sempre sobre o mesmo assunto.
Mas a seguir foi-lhe perguntado o seguinte: “e quantos artigos já lês-te? E a resposta foi: “ li um”….
Quem lê e não participa, (sempre a maioria), acaba por receber muito mais para si do que aquilo que dá a quem escreve. É pouco aquilo que aporta a uma relação de comunicação que se pretende um diálogo, mas que por via dessa indiferença congénita acaba como um monólogo.
Nesses casos, que são muitos, a comunicação flui num só sentido. Faz parte. As águas dos rios, em termos imediatos, também correm num só sentido e não vem mal ao mundo por isso.
A questão que se coloca é muito mais profunda. Vem muito de dentro da personalidade das pessoas, dos seus anseios, dos seus interesses pessoais, e porque não…até da sua capacidade de interagir com os outros.
Olham os demais pescadores como concorrentes, como alguém que vai ao mar roubar aquilo que podia ser seu. Escondem o seu saber dos outros, receosos de ficar sem a sua parte.
Trata-se tão só de entender o que é obvio: enquanto uns, poucos, pensam no colectivo, no todo, e na forma como podem ser-lhes úteis, outros, a maioria dos pescadores, limita-se a pensar exclusivamente em si. Defendem interesses próprios, e pensam ser essa a única forma de estar na vida.
No fundo, veem a relação com os outros pescadores de forma não inclusiva, gostariam que não existissem, procuram enganá-los, “passar-lhes a perna”, ser mais “espertos”.
Muito poucos no nosso país defendem interesses verdadeiramente colectivos. Este blog, criado há dois anos por um grupo de quatro pessoas que nele trabalham de forma absolutamente gratuita, não pretende ser mais que um fornecedor de informação de qualidade.
Queremos mostrar que se pode ser solidário, que se pode mostrar como se faz, dar informação, sem que alguém se sinta espoliado dos seus conhecimentos. A partilha de informação não rouba conhecimento a quem a dá. Pelo contrário.
Na elaboração de alguns detalhes dos meus textos sou forçado a procurar informação técnica junto de especialistas desta ou daquela área, e isso ajuda-me a melhorar o meu nível geral de conhecimentos.
Eu gosto muito de escrever e espero que do outro lado, as pessoas também gostem muito de ler, porque só dessa forma tudo faz sentido.
Só temos um problema: hoje em dia, não há tempo para ler.
Saltitamos de notícia em notícia, de temas para temas, sempre anestesiantes, sempre aparentemente sérios, mas que mais não são que banalidades bem vestidas.
Deixamo-nos entreter, deixamos que gastem o nosso tempo de vida, sem que no fim fique nada. Não escrevo dessa forma, quero acreditar que tenho algo a dizer que pode mudar a vida de um pescador para melhor.
As notícias são tantas e tão diversas, chegam de tantas fontes diferentes que o melhor a que podem aspirar é em ser parcialmente lidas. Não há tempo.
Mas assim sendo… também nada fica. Não há conteúdo que resista a uma leitura em diagonal, apressada, de duas ou três palavras em cada mil.
Hoje lê-se um artigo técnico como quem lê as legendas de um filme de acção. Algo que é preciso consumir no imediato porque a seguir vem algo mais, ...mais legendas. Tudo é finito no tempo, a seguir a uma segue-se outra frase, e as pessoas não conseguem parar para pensar.
Eu escrevo para quem tem tempo para apreender aquilo que está a ler, para quem quer saber, e por isso não posso queixar-me de nada. Se algumas pessoas não querem saber das minhas linhas, pois seja, vivo bem com isso. Este leitor está no seu pleno direito de me ignorar.
Quisesse eu escrever comentários sobre bolos de chocolate, e teria todos os dias milhões de leitores ávidos de mais...
Vítor Ganchinho
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Boa tarde Vítor
ResponderEliminarEntendo o texto e apoio 100% daqui até á lua como diz a minha filha.
Leio os artigos todos, bem... ainda não consegui ler todos :), comecei desde o inicio ainda com a outra apresentação gráfica do blogue, dava para abrir no ano e mês. Desde que tomei conhecimento do blogue leio os artigos assim que saem, mas estava a ler todos os anteriores desde o inico.
Os artigos tem mudado a minha vida de aprendiz de pescador e para melhor, vou pouco á pesca,mas tenho uma visão sobre todas as coisas completamente diferente, já me questiono... porquê assim? E nesta situação o melhor será... vamos experimentar e depois vemos.
E deixei de comprar material sem saber aquele quer era o mais adequado e eu a pensar que era bom, mas no fundo nunca apanhava nada com ele!. Obrigado até por isso, pelos artigos, pelas dicas, pelas palavras de não comprar sem experimentar etc etc.
Só tenho que agradecer ao Vítor e a todos do blogue o vosso trabalho.
Peço desculpa por não comentar alguns, mas leio no tlm, no tablet, em todas as pausas, depois quando chego a casa é complicado, quando me sento ao PC é para os trabalhos do Doutoramento (agora com esta idade deu-me para isto hehehe).
Entendo o Vítor, sempre escreveu um artigo por dia e nós nem uma simples linha a agradecer ou a comentar, que é mais rápido e simples.
Grande abraço ao Vítor e á equipa do blogue
Toze
Boa tarde Tozé!!
EliminarTemos andado em cima das bicas, robalos e lulas. Os robalos já aí estão, a começar a subir na direcção da costa. Não têm aparecido muito grandes, a média andará nos 2 kgs, mas sempre nos dão umas alegrias. Nada como um pancada forte e seca no jig e uma boa corrida para o fundo. Ficamos sempre felizes....
Este artigo foi feito com dedicatória. Vai todo para a pessoa que colocou um "não gosto" no artigo do Norihiro Sato, o grande guru do slow jigging.
Porque não se identifica nem faz qualquer tipo de comentário, ficamos sem saber se não gosta do meu escrito, se não gosta do sr Sato, se não gosta de slow jigging, ....se não gosta de pesca.
Seja o que for, está no seu pleno direito. Gostava de saber do que não gosta, mas se não é possível saber, pois seja.
Seguimos em frente, sem ele.
Um grande abraço!
Vitor
Boa tarde Vítor
ResponderEliminarComo não se identificou, não recebe informação do artigo. Pode ter sido desconhecimento, eu por exemplo no inicio não me apercebi dessa situação.
Um dia pode voltar a ler o artigo e depois poderá dizer do que não gostou e evoluir com as sugestões do Vítor.
Abraço
Toze