UM DETALHE IMPORTANTE: A RIGIDEZ E DIÂMETRO DO PE ASSISTE NA PESCA JIGGING

Comecemos por conceitos gerais de pesca jigging, princípios de funcionamento, para posteriormente chegarmos ao detalhe.
Quando pescamos slow-jigging, a peça metálica que enviamos para o fundo executa uma diversidade de pequenas manobras, enquanto cai. Sabemos disso.
Os movimentos do chumbo acontecem segundo o eixo longitudinal e também transversal da peça, (movimento wobbling) sendo algo previsíveis, pois dependem bastante da configuração do jig. Não só disso, mas sobretudo disso.
Para que tenham uma ideia da importância do modelo do jig, da forma, posso dizer-vos que há gente que trabalha nisso durante anos, procurando optimizar ângulos, equilíbrios, pesos, simetrias e assimetrias.
Fazem-se ensaios em tanques, filma-se, analisa-se a computador, e se ainda não está bem, volta-se a desenhar e a ensaiar. Conheço gente que faz isso.
Do resultado do trabalho dessas pessoas, assim teremos um jig mais indicado para este ou aquele tipo de pesca, mais lenta, intermédia, ou mais rápida. E consequentemente, também mais ou menos propício para este ou aquele tipo de peixe.
São as leis da física, aplicadas à pesca à linha, e nós podemos aprender a tirar partido disso, para conseguirmos mais peixe. Basta por exemplo que saibamos escolher o jig certo para o tipo de corrente que temos nesse dia.
Por defeito, com correntes fortes utilizamos “agulhas”, em águas mais paradas utilizamos “moedas”. O assunto não se esgota aqui, porque temos de ter em consideração o tipo de cana, lenta ou rápida, a profundidade a que pescamos, e até aquilo que queremos pescar. Os nossos peixes não reagem de igual forma ao mesmo movimento de jig.


Brevemente à venda na GO Fishing.


Não é indiferente o formato do jig. Como poderia sê-lo?
Princípio geral: com pesos idênticos, a resistência da água aplicada sobre uma moeda não é igual à que é aplicada sobre uma agulha.
As velocidades de queda são diferentes. Uma bola de esferovite com o peso de 1 kg não desce, flutua, mas uma chumbada com 1 kg desce vertiginosamente. O mesmo peso, 1 kg, mas diferentes massas e diferentes formas de aplicação da força de impulsão. Isto nada tem de estranho, trata-se tão só do princípio de Arquimedes:
"Todo o corpo mergulhado num fluido em repouso sofre, por parte do fluido, uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo."
Há uma relação causa/ efeito perfeitamente visível à vista desarmada e a experiência diz-nos que jigs curtos e largos descem mais lentamente que jigs mais finos e compridos. E porquê?
Quanto mais planos são os jigs, maior a sua superfície, e por isso mais pontos de resistência oferecem à descida. Aproveitam mais a força de pressão vertical de impulsão da água para planar, logo menor a sua velocidade de descida.
Sendo mais lentos, quando fazemos slow-jigging, e porque é precisamente esse o efeito pretendido, podemos aplicar esse princípio, essa lentidão, a nosso favor. Para pescar mais!
Mas como? Que diferença faz o formato do jig para o peixe?!...
Os jigs largos e curtos vibram, trepidam, (como que param na água a dada altura), e isso é muito excitante para os peixes. As presas que são atacadas mais acima na coluna de água, quantas vezes cortadas a meio, caem para o fundo em folha seca, e isso activa os instintos naturais do predador. É isso que procuramos reproduzir neste tipo de pesca.
A talhe de foice, os jigs planos sofrem ainda um outro tipo de movimento, o deslize lateral, mas esse movimento não vai ser considerado neste artigo. Aquilo que queremos saber hoje dispensa esse detalhe.
Digo-vos apenas que suportados pelo meio líquido, os jigs largos como que deslizam lateralmente, “escorregam”, interrompem a queda por breves instantes, vibram, e iniciam mais um movimento de queda. E assim sucessivamente.
Em termos práticos, aquilo que sentimos na cana é um peso, quando desce, e logo a seguir um alívio de tensão, sucedendo-se outro momento de peso. Quando para nós deixa de ...”pesar”, quer dizer que a água está a trabalhar por nós, momentaneamente está a sustentar a nossa peça metálica.
Nunca devemos negligenciar o efeito de impulsão da água aplicado aos nossos jigs, pois é precisamente essa força que mais nos ajuda a pescar. Gostaria que interiorizassem este detalhe.
Se quiserem um exemplo próximo, a força que os mantém por instantes a planar, é a mesma que faz com que pedras planas lançadas a um espelho de água possam bater, voltar a levantar da água, bater de novo, …etc, etc, por diversas vezes, antes de se imobilizarem e cederem à força da gravidade.
Já todos fizemos isso quando eramos miúdos, lançar uma pedra e vê-la …planar. A força que empurra para cima …é essa.
Com os jigs, passa-se algo semelhante, mas numa lógica de movimento vertical, entrecortado de pausas, vibrações, deslize lateral e nova descida de alguns centímetros, ou metros, dependendo da gramagem do jig utilizado.
Um jig de 40 gramas plana mais tempo que um jig de 1 kg, o qual tem necessariamente menos tempo de sustentação. Mas ambos trabalham sempre com o mesmo princípio de funcionamento, força da gravidade versus força de impulsão.
Na verdade, os diversos tipos de movimentos descritos acima aproximam-se muito de um peixinho a nadar, em fuga, meio desorientado, e isso provoca de imediato o ataque do predador. Eu posso dizer-vos que tenho uma relação de capturas muito superior em movimentos descendentes, que ascendentes.
Quem não tem bom equipamento, ou é mais desatento, praticamente só apanha os toques na subida. Mas nós temos infinitamente mais toques no sentido de queda. Sem comparação!...
Mas continuemos.




A descida é pois condicionada por inúmeros factores, que passam pelo formato da peça, pelo seu equilíbrio axial, simetria de peso, (a maioria dos jigs não são perfeitamente simétricos e quando o são, frequentemente somos nós que alteramos esse equilíbrio, aplicando assistes desiguais, etc).
Devemos considerar ainda o atrito que a nossa própria linha oferece à descida, consoante o seu diâmetro e rigidez. Maior diâmetro de linha equivale a maior resistência, logo maior o tempo de queda. Pensarão os puristas do slow-jigging que isso até poderá ser interessante, em termos de frear a descida da peça. Nem tanto, pode até nem ter interesse nenhum para nós, pois não é na linha que queremos concentrar esta descida lenta, porque não pescamos com a linha, mas sim com o jig.
O assunto não se esgota aqui, as forças envolvidas são muitas, e poderíamos considerar até factores que têm a ver com o mar em si, a maior ou menor densidade da água, as correntes no local, etc.
Todo o tipo de força externa aplicada ao jig, irá alterar a trajectória natural da nossa peça, modificando-lhe a velocidade de descida e os efeitos que faz até chegar ao fundo. Que desce…desce, pois é sempre mais pesada que o meio líquido.

Resumindo: em função de tudo aquilo que interfere no seu movimento, o jig oscila, vibra, e acelera ou retarda o seu movimento.
Estes impulsos vibratórios, particularmente apreciados pelos peixes, uma vez que conferem “veracidade” à queda do objecto, (e que são a essência da pesca com jgs), podem no entanto provocar prisões dos anzóis na linha da baixada. Podem até bloquear os anzóis no próprio corpo do jig.
E isso é um incómodo para nós! Se cada vez que lançamos somos obrigados a levantar o jig para corrigir a postura dos assistes, isso pode ser um flagelo. Nunca esqueçam que é da vibração e deslocamento previsível que vive a pesca que queremos fazer.
Por diversas razões, devemos procurar pescar sempre o mais fino possível, já que isso torna mais naturais os movimentos da nossa amostra, dá-lhe liberdade de executar os efeitos que o fabricante idealizou.
A irregularidade destes movimentos, aparentemente descontrolados mas perfeitamente previsíveis, leva a que a cabeça do jig, ou seja o ponto onde temos a nossa linha presa, se posicione mais para cima ou para baixo, de acordo com a resistência que a dado momento a água lhe oferece.
Se o jig desce em posição perfeitamente horizontal é uma coisa, (atenção à força da impulsão da água…) mas se desce com um dos lados apontado para baixo, é outra. E se cai na vertical, ainda outra. Não queremos atirar com “pregos” para o fundo, a não ser que a aposta seja pescar em correntes muito fortes, e aí eventualmente aproveitar apenas metade do movimento, ou seja, o de subida, quando tudo passa a depender da nossa cana e enrolamento de linha.
Na minha opinião, o jig deve descer equilibrado segundo um eixo horizontal. Se desce inclinado, irá cair em espiral, e isso é um perfeito horror! Nada desce dessa forma na natureza. E se cai na vertical, esqueçam, estão a desaproveitar a melhor parte da pesca jigging.
Eu, em dias de mar mais calmo, faço mais de 80% dos peixes na descida, logo não posso nem quero prescindir desse tempo de trabalho do meu jig. Basta-me estar concentrado e percebo as pequenas nuances da queda do meu jig, da saída de linha, e com isso percebo o momento em que algo é alterado por uma força ou acção externa, ...um peixe. Entendido?!


Os jigs em tungsténio, por serem mais densos, concentram mais peso num corpo mais pequeno. Permitem pescar mais fundo, com peças mais pequenas, e isso é muito bom. Mas não têm só vantagens. Anulam em parte o efeito de pesca na descida, pescam melhor quando sobem. 


Não é indiferente que pesquemos com um baixo de linha muito macio, ou mais rígido. Como sabem, o nylon é bem mais macio que o fluorocarbono, e por isso mais propenso a causar-nos dores de cabeça. Já nos bastam as dificuldades que os peixes nos levantam.
E já agora, nem sequer é indiferente que o nosso multifilamento, também conhecido como “trançado”, seja de menor ou maior qualidade. Por exemplo que seja ou não revestido a silicone.
Ponto prévio: aquilo que queremos a todo o custo evitar é que existam prisões, que o nosso multifilamento ou baixo de linha não se enrole no jig, ou nos assistes. Jig enrolado não pesca, perde toda a atractividade, passa a ser um pedaço de metal sem vida. 
E nós estamos lá para pescar. 
Logo, atenção ao comprimento dos assistes de cauda e cabeça, não devem tocar-se. Também chamo a atenção para movimentos demasiado bruscos, isso pouco mais provoca que enleios dos assistes na linha da baixada.
Queremos que o nosso sistema de pesca não lute contra nós, mas sim que nos ajude a obter resultados. Tudo o que fazemos vai nesse sentido, o da productividade. Por isso mesmo, preparamos cada ínfimo detalhe para que, quando chegados ao local, possamos pescar sem problemas.
Mas queremos mais: também nos é conveniente que os nossos assistes se mantenham numa posição de fácil acesso às mandibulas do peixe. Afinal de contas, nós estamos ali não para lhes mostrarmos os nossos coloridos jigs, mas sim para os pescar.
Chamo-vos à atenção de que existem no mercado assistes feitos em trançado grosso que incorporam no seu interior um núcleo de fluorocarbono. São absolutamente rígidos, e têm, como tudo na vida, as suas vantagens e desvantagens.
Gostamos que sejam suficientemente rígidos para que não enrolem facilmente, mas ao mesmo tempo flexíveis o suficiente para serem engolidos pelos peixes. Nunca esqueçam que os nossos amigos predadores irão lançar-se sobre as nossas peças metálicas perfeitamente convictos de que estão a caçar um pequeno peixe. E por isso têm uma abordagem brusca à presa, violenta, pois as suas possibilidades de captura aumentam de acordo com a velocidade e força do impacto. É isso que os perde. Muitos peixes ferram-se sozinhos, sem qualquer acção da nossa parte.
E aqui chegados, cumpre dizer que de acordo com a espécie de predador, e até do seu tipo de boca, assim teremos uma mordida, prisão do jig entre os dentes caninos, ou uma aspiração profunda do jig.
É uma divisão um pouco forçada, peca por exagero, mas é a única forma que tenho de vos explicar o princípio. Há peixes que mordem, e há peixes que aspiram!
O comprimento dos assistes não pode ser indiferente a estes dois processos. Se a espécie de peixe preferencialmente aspira, …os assistes deverão ser mais compridos, para que possam entrar facilmente na boca do predador. Mas se a espécie é essencialmente um “mordedor”, ou seja, se o ataque é feito à peça em si, então o facto de termos assistes muito compridos torna-se um handicap. Porque a dentada, por norma, será dada sensivelmente do meio para a parte da cabeça do jig. E nesse caso teremos os anzóis longe da peça, ficando os outros, por força do efeito de atrito da água, colados ao metal.
Tentem visualizar um jig a descer. Os assistes da parte superior da peça estarão “atrasados” em relação ao chumbo, pois são mais leves. Ficam …para trás. Se quiserem uma imagem muito clara, imaginem uma peça metálica a descer e as linhas e anzóis, mais leves, a serem arrastados, numa posição acima. 
Isto para jigs que descem na posição horizontal, que fazem patamares irregulares. Mas os outros, as agulhas, não descem assim. Assumem um aposição oblíqua, na melhor das hipóteses e, por acção da velocidade do movimento de descida do jig, (e porque os anzóis são mais leves que o chumbo), estes terão o assiste de cauda acima, mas os de cabeça ficarão em contacto com o metal. E com um pouco de azar, muito próximos da nossa linha fluor.
Faz sentido?
Então temos que para um peixe mordedor, …estamos mal equipados, se temos assistes demasiado compridos. Imaginem um pargo, que ataca a querer MORDER o jig. Mais vale encurtar um pouco, para que o recorte do perímetro do jig esteja mais “protegido” por anzóis, mais próximos da peça.
No caso de um peixe que ASPIRA, (um exemplo rápido: os robalos, os meros, os badejos, as corvinas, etc, peixes com um enorme poder de sucção) temos no entanto vantagens em utilizar assistes mais compridos.
Quanto mais próximos os anzóis pior, pois pode não haver distância entre o jig e a boca do peixe para que os anzóis se espetem. Neste caso, sentiremos apenas uma pancada forte, mas o peixe vai embora, agastado com a dureza daquele …peixinho.
Os predadores marinhos não estão ali por…”desporto”. Eles estão a caçar para obter o seu alimento, a zelar pela sua vida, e por isso não podem levar o assunto na desportiva. A velocidade de sucção de uma presa é avassaladora, e garante só por si a desactivação das defesas de um pequeno peixe.
Podemos adivinhar que a capacidade de resistência e fuga de uma pequena sardinha quando aspirada pela enorme boca de um robalo é apenas… residual. O momento de contacto do predador versus presa é um momento de morte.
Transpondo esta acção para a acção de pesca, constatamos ter um dilema entre mãos: o assiste, simples ou duplo, feito com um núcleo de fluorocarbono, mais rígido, oferece mais resistência a esta aspiração que um assiste macio, chamemos-lhe mais …”mole”, mais flexível.
Há uma decisão a tomar.




Temos pois a considerar diferentes graus de flexibilidade do nosso assiste. Atendendo a que a resistência linear das nossas cordas é sempre superior ao necessário, (os nossos peixes são quase sempre minúsculos se comparados com outros peixes exóticos como GT`s, atuns dentes-de-cão, pargos lucianos, garoupas, etc) podemos pensar que não é pelo diâmetros que devemos optar, mas sim pela sua flexibilidade.
De notar que não refiro o termo elasticidade. Os assistes não são elásticos, de todo, são flexíveis.




Das observações que tenho vindo a fazer ao longo dos anos, penso que com um razoável grau de certeza, posso dizer-vos algo mais.
Podemos ter vantagens quando colocamos assistes de diferentes graus de dureza de linha no mesmo jig. A ideia é ter o melhor de dois mundos na mesma peça, tirar partido de tudo o que podemos fazer para provocar “mais estragos”. Leia-se mais capturas.
Não nos interessa que o nosso assiste simples de cabeça se enrole sobre o jig, e “cole” ao metal. Para isso, um núcleo preenchido com o fluorocarbono rígido é bem mais conveniente.
Facilita-nos a vida saber que uma mordida forte e que em condições normais nos daria o peixe, não irá ser feita sobre o anzol encostado ao corpo do jig. Colado. Porque isso significa uma falha no ataque. Para esse peixe… nesse dia, em princípio não teremos outro!
É bom que esteja solto, separado da peça principal. E já agora devem zelar para que a abertura do anzol seja maior que o diâmetro do jig. Para isso, encostam o anzol ao jig, e medem as duas larguras. Se coincidirem, há que mudar o anzol do assiste para um tamanho maior.
A razão prende-se com a necessidade que temos de garantir que o anzol não irá “encaixar” no jig, eliminando essa possibilidade de pesca. Tem de sobrar anzol, para que fique solto, para que não abrace o jig e fique preso, bloqueado.


Jigs mais compridos e estreitos penetram mais facilmente na água, descem mais rápido.


Mas podemos jogar com este factor de rigidez do assiste de outra forma, a nosso favor. É colocá-lo precisamente do outro lado do jig, na cauda. Aí, a linha mais macia não apresenta inconvenientes em demasia.
Reconheço que ainda assim pode haver problemas de enleios, mas isso acontece apenas por sermos “brutos” a dar esticões com a cana. Se a nossa técnica for a correcta, se deixarmos deslizar o jig na água, se deixarmos trabalhar a cana, nada disso acontece.
Não esqueçam que estamos a fazer “slow-jigging”, não speed-jigging!
Acontece que há pessoas para quem a técnica é algo nebuloso, para inglês ver, e fazem com equipamento de “slow” exactamente o mesmo que fariam com equipamento para fast-jigging. E em termos de equipamentos, é a mistura absoluta, nem querem saber.
Obviamente os resultados são o que são, normalmente trágicos.
Repito mais uma vez: não é a flecha que falha o alvo, quem falha é o índio que a dispara!
Voltando ao assunto, é algo como isto: quando fazemos jigging e trocamos as mãos, que é como quem diz, quando damos esticões violentos, é natural que se enleiem linhas.
Mas nesse caso, ou retiramos o assiste, e fica resolvido, passamos a pescar apenas com um anzol, ou acalmamos os nervos, pausamos os movimentos, damos tempo à cana para trabalhar, ao jig para deslizar, e passamos a pescar bem.
Aplicar um assiste duplo também ele com fluorocarbono revestido não me parece que seja a melhor solução, porque estamos a criar dificuldades ao movimento de que vos falei antes, o tal efeito de “sucção”.
Se tiverem a curiosidade e possibilidade de mergulhar numa zona de água limpa, e de pedir a alguém para lançar um jig muito largo, vão ver que o movimento deste, (quando se dá um toque de ponteira da cana e a seguir se deixa cair o jig), vai no sentido descendente, mas também desliza lateralmente.
E isso deixa o jig mais próximo da linha da baixada. Podem eventualmente tocar-se, se o jig planar demais. Por isso mesmo, e quando somos demasiado violentos a pescar, arranjamos enrolos de linha sucessivos.
Não é necessário que assim seja. Uma boa cana de slow-jigging, e uma escolha criteriosa das linhas e do próprio jig, libertam-nos desse flagelo.
Relativamente a materiais, somos nós que escolhemos. Por isso mesmo, há que entender as razões das escolhas, antes de gastar dinheiro por gastar.
A minha opinião é a de sempre: em caso de dúvida, não comprar nada.


O nylon é substancialmente mais barato que o fluorocarbono. Vejam o caso acima, em que a bobine de nylon é vendida em rolos de 50 metros, contra os 30 metros do fluorocarbono. A questão é que se temos peixes com dentes que desgastam, …com o nylon podemos perdê-los.


Vou dizer-vos mais: por norma, e desde que com um mínimo de visibilidade, repito, com visibilidade suficiente, os predadores fazem os seus ataques ao sítio mais letal: a cabeça da presa. Se tiverem visibilidade e tempo para preparar o ataque, é isso que fazem.
Ou seja, a mordida é feita do meio do chumbo até à união da nossa linha com o jig. Aquilo que seria a presumível zona da cabeça da vítima.
É precisamente aí que eles mordem, ou tentam morder, no sentido de interromper o movimento de fuga.
Pensem como um peixe! Tentem imaginar que são o predador, e que querem ficar com aquele pequeno “peixe”, querem comê-lo.
Se a mordida for na cauda, e, por pouco que seja, se esta chegar atrasada, a vítima vai escapar, e provavelmente não dará uma segunda oportunidade de captura.
No caso de um ataque à cabeça, o assunto fica resolvido ali, naquele instante.


Aqui, os homens da Major Craft trabalharam bem: na água, este jig é uma sardinha viva. Muito bonito. Ainda não pesquei com ele, não tive tempo, mas tenho…”fé” no dito cujo. Vai muito brevemente estar à venda na GO Fishing.


Mas há mais. Sabemos que as defesas de muitos dos peixes da nossa costa são as arestas e espinhas rígidas que ostentam, e que impedem eventuais predadores de lhes chamar “comida”.
Dou-vos um exemplo: os pampos, ou peixe-porco, como quiserem, têm espigões rígidos afiados na barbatana dorsal.
Ao bloquearem esses espinhos, estão a impedir a sua fácil ingestão por um predador. Não só porque “encravam” na boca, ferem, como ainda vão rasgando o sistema digestivo por onde esses espinhos passarem.
São pois deixados à sua sorte, negligenciados enquanto alimento, porque aqueles espigões afiados são agressivos, e não são bons para a saúde de ninguém.
Eventualmente, mal por mal, seriam comestíveis para um predador se ingeridos da frente para trás, da cabeça para a cauda. E aqui já estamos a chegar ao busílis da questão, a forma como os predadores ingerem as suas presas.
Podemos esquecer o caso flagrante dos pampos, (os marlins ainda assim comem-nos…!) e passamos a falar de outras espécies. Qualquer que seja a sua morfologia e características, há algo em comum: são mais fáceis de engolir da cabeça para a cauda.
Isto nada tem de estranho, se pensarmos que, por razões de hidrodinâmica, todos os peixes têm mais facilidade em avançar na água que fazer o oposto, recuar. Todos eles estão preparados para avançar, não para recuar, até pela orientação das suas escamas.
Conhecem algum peixe com as escamas a abrir para a frente?!....
E por isso mesmo, o sentido de ingestão certo, com menos atrito, é sempre o da cabeça/ cauda.
Assim sendo, quando o jig levanta do fundo, é normal que o ataque seja feito à cabeça, no sentido de interromper o movimento de fuga. Logo ao assiste superior, o mais próximo da linha. Nós protegemos a cauda para podermos entrar em linha de conta com eventuais ataques atrasados.
Eles acontecem porque o processo é de tal forma dinâmico, e nós ajudamos muito a que o seja com os nossos tirões na linha, que muitas vezes a cauda é o sítio por onde foi possível fazer o contacto.
Não queria alongar-me mais por hoje, já sei que está um pouco extenso, mas é por uma boa causa, a de tentar ajudar a entender esta questão dos comprimentos dos assistes, da sua dureza, etc. Prometo que no próximo artigo escrevo só uma linha...
Convido-vos a retroceder a artigos publicados anteriormente, sob o tema “slow-jigging, penso que têm lá muito mais informação.

Espero que tenham gostado.
Abraço para todos!



Vítor Ganchinho



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