CHOCOS - FALAMOS SOBRE CORES DE TONEIRAS? CAP III

Continuamos neste número a tratar este tema interessantíssimo para quem pesca chocos: as cores das toneiras.
Penso que esta é a alínea mais difícil de entender por não haver por parte de quem pesca, e sobretudo dos referidos “fundamentalistas”, qualquer mínima vontade de entender como se processa o fenómeno de detecção e ataque às amostras.
Em termos estéticos, os olhos dos chocos são particularmente estranhos, mesmo que fisiologicamente não demasiado complexos. Não são nem melhores nem piores que os olhos humanos, apenas são diferentes.
De qualquer forma, eles veem comprimentos de onda que nós humanos não conseguimos ver, e isso permite-nos ir mais longe na utilização das amostras que lhes lançamos.


Este olho, em certos detalhes, vai um pouco mais além do que um olho humano...


Aquilo que para nós é apenas uma peça colorida simples, para eles é algo que também emite luminescência, ou até que reflecte ultravioletas. Isso é algo que nós humanos não conseguimos ver.
Em definitivo, está provado que os chocos conseguem ver perfeitamente cores situadas na casa dos vermelhos, comprimento de onda 520 nm, e as cores de luminescência azul, o comprimento de onda 488nm.
Essas cores ainda nos estão acessíveis a nós. Mas eles vão ainda um pouco mais longe, conseguem ver ainda mais alguma coisa na franja dos ultravioletas, ou seja na casa dos 400 nanômetros.




Se pegarmos nesta informação, podemos então avançar o seguinte: desde o azul violeta, (405 nm), passando pelo azul, (entre 445 e 460 nm), o azul puro, (473 nm) o verde (532 nm), o amarelo, (589 nm) e o vermelho, (635 a 650 nm), todas estas cores são de possível utilização. A radiação ultravioleta tem um comprimento de onda menor que a luz visível lilás, violeta, e nós não a conseguimos ver, mas eles conseguem.
Já no polo oposto, a área dos infravermelhos, eles estão mal situados, pelo que não vale a pena insistir. A radiação infravermelha (de 808 a 1064 nm) não pode ser detectada por eles, tem um comprimento de onda maior que a luz vermelha visível, logo é inútil pescar com toneiras dentro desse espectro de cor.
Com estes dados em mãos, já podemos fazer uma escolha de cores de amostras a adquirir, mas ainda não somos capazes de decidir qual a que devemos utilizar no mar.




Quando escolhemos as cores da nossa toneira, não estamos a fazer mais que a dar ao choco um ponto de referência, algo que ele consegue ver, ou não, nesse dia, em função de detalhes tão significantes quanto a turbidez da água, influenciada pelo número de partículas em suspensão, a hora do dia e respectivo posicionamento do sol em relação ao plano de água que pescamos, e a profundidade a que o fazemos. Como sabemos, à medida que afundamos a nossa amostra, as cores que ele permite reflectir à luz do dia, são esbatidas, e no fim, a toneira mais colorida à superfície pode não não passar de um corpo pardo, cinzento, invisível aos olhos do predador.
É muito difícil explicar isto a quem tem uma fixação por uma cor, e mais ainda a quem apenas admite pescar com um só modelo e cor de toneira! Mas será que essas pessoas pescam todo o ano com as mesmas águas?
De Verão não será que têm mais suspensão, mais “caldo verde”, leia-se fitoplâncton, substrato vegetal de algas em suspensão, que aquilo que têm no Inverno?
De manhã cedo a raiar do dia já têm a mesma luz que terão às 14.00?!! Ao fim do dia ainda têm os mesmos níveis de luz que tinham às 14.00?!....
Quando esta rapaziada vai à pesca estão sempre dias de sol brilhante, nunca há nuvens?!....ou é absolutamente indiferente?...


Eles conseguem ver coisas que a nós nos estão vedadas.


Os fabricantes matam a cabeça a fazer cálculos, a testar, a registar dados. No fim, quando as certezas são mais que as dúvidas, passam à fase de fabricação em série.
A meu ver, nada nem ninguém poderá um dia mudar a mentalidade de alguém que pesca com a sua “toneira da fé”, mas essas pessoas, quando se acabam as toneiras desse modelo e cor, acaso deixam de pescar?
Não precisam de responder, eu sei a resposta: “agora pesco com isto, mas eu tinha uma que, …essa sim, era….”

No próximo número vamos continuar a falar sobre cores...



Vítor Ganchinho



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