DE VISITA À CASA DE NORIHIRO SATOH

Depois de pedir a devida permissão de divulgação, trago-vos hoje alguns recortes do atelier montado em casa de Satoh sensei, o grande guru da pesca slow-jigging.
Tenho a certeza de que alguns de vós acharão curioso ver como vive esta pessoa, como pensa e como dedica 100% da sua energia ao fenómeno da pesca.
Satoh rima com pesca porque são ambos a mesma coisa.
Venha daí para uma visita à casa deste simpático japonês de 67 anos, uma pessoa que acorda todos os dias a pensar novas formas de produzir equipamentos de pesca.
O blog “Peixepelobeicinho” vai hoje desvendar algumas curiosidades ligadas a esta incrível figura da pesca mundial.

Satoh sensei tem em casa milhares de assistes feitos por si próprio.

Naqueles dias em que o mau tempo não nos deixa sair de casa, que pode haver de mais relaxante, e útil, que ficarmos no nosso espaço reservado “às pescas” a preparar anzóis?!
Eu faço-o, utilizando para isso os anzóis específicos de jigging, quer da marca Van Fook, quer da marca Suteki, em stock na GO Fishing em Almada.
Linhas de assiste, com PE em diversos diâmetros e resistências, argolas sólidas, cola ciano acrilato e muita paciência, é tudo o que necessitamos.
Norihiro Satoh faz disso a sua terapia ocupacional.
Vejam a sua bancada, de onde saem todos estes anzóis:

A sua bancada de trabalho.

Já aqui vos tinha dito que Satoh sensei produz os seus assistes em plena acção de pesca.
Para isso, prescinde de alguns dos cuidados de “embelezamento” que teria em sua casa, e vai directo ao assunto, utilizando para isso um kit que instalou na sua caixa de acessórios.
Num dos topos, montou um engenhoso acessório, (mandei vir alguns para mim…), e faz assistes duplos, simples, mais curtos ou mais longos, de acordo com as exigências do peixe no momento.
Em dois alfinetes pendem argolas simples e fendidas, e dentro da caixa tem uma caixa com diversos modelos e tamanhos de anzóis.
E está pronto para executar as suas bricolages.

A fazer pressão sobre um nó acabado de executar.

Falei-vos dos nós que todo o Japão está neste momento a fazer. Trata-se de um nó de apenas três voltas, que vou ensinar-vos a fazer numa das próximas oportunidades que nos encontrarmos na GO Fishing em Almada.
Na verdade, não poderia ser mais simples. E no entanto, segundo os fabricantes de linhas, este nó oferece à linha uma saída “limpa”, sem estrangulamento.
Isso faz dele um nó muito resistente, que não cede facilmente a esforços violentos. É importante, sobretudo quando temos um peixe de grande porte na linha, que a ligação ao anzol não seja um elemento fraco no conjunto.
Podem ver a quantidade de assistes que Satoh sensei produz para si próprio, utilizando esse nó.

Ele tem dezenas de caixas como esta, cheias de assistes. Em função do local onde vai pescar, da profundidade, do tamanho dos jigs, assim leva estas ou aquelas.

Também faz o nó tradicional que por cá fazemos, conforme podem ver abaixo.
Reparem no detalhe da ligação do assiste. Ele quase não utiliza argolas sólidas, é sua opinião que quanto mais elementos metálicos utilizamos na nossa montagem, pior.
Na montagem que podem ver, aplica uma fina camada de PE 0.4 para sujeitar as duas linhas e faz uma argola no próprio PE. Com isso, garante o correcto posicionamento dos dois anzóis, virados para dentro, e uma simetria perfeita. O tamanho algo exagerado tem a ver com o longo comprimento dos jigs que pressupõem este assiste.
Muitas vezes ele pesca a centenas de metros de profundidade, a peixes não necessariamente grandes, mas de certeza bons para comer.
É ele quem faz os sashimis e os sushis em casa.

É difícil encontrar defeitos, mesmo num assiste velho que está deitado a um canto da casa...

E que jigs utiliza?
Norihiro Satoh sensei tem em sua casa uma bateria de jigs de muitas centenas de quilos de chumbo.
Indistintamente pode utilizar jigs pintados, com as cores que desenvolve para este ou aquele peixe, ou leva-os em chumbo bruto e dá-lhes o polimento no local, à hora de pescar.
As viagens de barco entre pesqueiros dão-lhe tempo para isso, e ele gosta de fazer.
Vejam abaixo alguns dos muitos cestos de jigs que utiliza.

A linha dos jigs é definida por si, e a Evergreen dá-lhes vida a partir das suas instruções.

Esta é a linha de jigs, a Ocean Fleet, que irá ser brevemente lançada, sob a sua supervisão. Como não podia deixar de ser é o resultado de muitas centenas de horas de aperfeiçoamento da sua parte, bem como dos inúmeros homens “test-field” que trabalham sob as suas instruções. Quando Satoh diz para fazer, ….está pronto a pescar.


Mas a sua casa esconde muitos mais segredos.
Já vos mostrei aqui, e repito: a sua coleção pessoal de carretos conta com muitas centenas, espalhados por todos os recantos.
Não há divisões da casa sem caixas cheias deles.


E se há carretos em abundância, ...o que dizer das canas?
São também elas muitas centenas, a desafiar qualquer tipo de lógica. Para um leigo, não faz sentido semelhante exagero.
A Evergreen está a lançar agora uma nova versão da Poseidon. Pois elas ali estão, aos …”cachos”, novas, por usar.
Se pensarem que cada uma custará 600/ 700 euros, podem ter uma ideia do valor que ali está encostado.


Canas e mais canas. Diferentes acções, comprimentos, graus de dureza, tipos de punho, etc, mas um detalhe em comum: muita qualidade.


No fim da visita a sua casa, e lamentando que tivéssemos de voltar a Osaka tão cedo, (…era hora de jantar!), o nosso anfitrião teve a amabilidade de me oferecer ainda uma capa de canas, da marca Evergreen, autografada pelo seu punho, com o seu nome e data do nosso encontro.
Há objetos que nos recordam grandes momentos… e não são para usar.
Obrigado por me acompanharem nesta visita a casa de um dos maiores génios da pesca mundial.


Vítor Ganchinho


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