Há quem pegue numa amostra e não consiga imaginar que tipo de desempenho ela terá quando lançada ao mar.
Este é um tipo de raciocínio que devemos estar sempre habilitados a fazer, pois não saber fazê-lo induz-nos a gastar dinheiro de forma desnecessária.
Não podemos comprar para “ver se dá”…
Comprar productos com critério pode salvar a nossa carteira de mil experiências fracassadas, e muito dinheiro mal gasto.
Seria bom pormos a mão na consciência e perceber que as características técnicas de uma amostra determinam com precisão aquilo que ela vai fazer dentro de água. Não há efeitos mirabolantes, não há surpresas.
Na verdade os princípios técnicos de comportamento de uma amostra na água não são assim tantos. Sejamos objectivos nas nossas compras.
Em termos de amostras, podemos adquiri-las para pesca de superfície, de meia água ou de profundidade.
Vamos vê-las aqui em detalhe.
As amostras de superfície são bastante conhecidas, falamos dos “lápis”, os “stickbaits”, dos poppers, em suma, de todas aquelas que não tendo pala se destinam a predadores que patrulham águas mais superficiais.
Em dias de bom tempo, mar calmo, a horas bem matutinas ou vespertinas, digamos que nos dois extremos do dia, são muito eficazes. O peixe miúdo acerca-se da superfície, e os predadores seguem-no.
A falta de visibilidade joga a favor de quem está por baixo da presa e espera um movimento em falso para atacar.
Uma amostra sem pala é mais um desses peixes miúdos que vem alimentar-se na primeira linha de água. O peixe juvenil, de pequeno tamanho e pouca experiência de vida, paga o preço da sua confiança e inocência.
Isso passa-se à superfície, o movimento dos pequenos peixes é para nós pescadores perfeitamente visível, e é precisamente esse o momento de utilizar amostras destituídas de pala, é aí que elas trabalham bem.
Aquilo que estamos a fazer não é mais que dar uma silhueta, um pequeno corpo que passa acima de quem está à procura de comida. As amostras de superfície são isso.
Mas os peixes podem estar um pouco mais fundos, e isso acontece sobretudo quando ocorrem fenómenos meteorológicos desfavoráveis, ventos, temperaturas baixas, etc, e nesse caso vamos ter de os procurar mais abaixo. Se necessitamos de afundar a amostra, temos necessidade de um elemento que provoque esse afundamento. Chama-se pala, ou “babete”, por ser colocado grosso modo na posição da boca da imitação do peixe.
Quando a opção são as amostras com pala, não há milagres, falamos de um efeito mecânico, previsível.
Palas mais curtas e de colocação mais vertical favorecem movimentos laterais rápidos, mais nervosos, e não afundam em demasia as amostras.
Pelo contrário, palas longas e de inclinação menos pronunciada afundam as amostras e dão-lhes movimentos mais previsíveis, mais padronizados.
É de bom tom procurar encontrar o padrão de comportamento do peixe. A maior parte dos robalos, por exemplo, à mesma hora do dia e na mesma zona de mar, estarão a fazer sensivelmente a mesma coisa.
Quando encontramos um, registamos os dados e vamos procurar outros peixes nas mesmas condições.
É muito comum que as pessoas se distraiam a mudar de amostras, a tentar encontrar a que possa funcionar melhor nesse dia. Se isso tem de algo positivo, nomeadamente a passagem de amostras por vários patamares de água, e consequentemente multiplicando as possibilidades de encontrar peixes, também pode ser negativo caso, depois de encontrarmos os robalos, mudarmos para uma amostra que não tem características técnicas que lhe permitam passar no nível de água em que esses predadores evoluem. Se os robalos estão fundos, se ferramos uns quantos bem em baixo, porquê mudar de amostra para um popper de superfície?!...
Ser criterioso é saber insistir naquilo que resulta e ser capaz de perceber que não vale a pena insistir naquilo que não resulta.
A razão pela qual a maior parte das pessoas acaba por fazer uma coleção de amostras dentro da sua caixa de acessórios prende-se com o facto de não conseguir ser objectiva nas suas compras.
A sê-lo, deveria pensar que existem critérios base que devem ser respeitados.
O primeiro é óbvio: cada amostra custa X euros e o investimento em equipamento está longe de poder ser feito apenas em amostras. Há muito mais a cuidar, canas, caretos, linhas, etc.
Muitas pessoas adquirem amostras como forma de panaceia para o facto de não poderem ir pescar. Se o mar está mau, se as condições não permitem sair à pesca, então que se passe pela loja e se adquira algo para “matar o vício”. É um mau princípio. Tão mau quanto ir a uma pastelaria em jejum…
Ser objectivo significa ter a noção de que devemos segmentar as possíveis condições de mar, e preparar-nos tecnicamente para cada uma delas, mas …sem excessos.
Mar calmo
A ausência de vento induz normalmente a um mar calmo. Ou apenas aparentemente calmo.
É possível que exista ondulação alta, mar com força de fundo a revolver a areia em baixo, sem que a sua lisa superfície o denuncie.
A Portugal continental a onda chega-nos de muito longe, (já aqui falámos sobre o ditoso triângulo das Bermudas), atravessa o oceano, e vem quebrar nas nossas praias ou falésias.
Aquilo a que a maior parte das pessoas chama de “ondas” são afinal vagas.
Não é o mesmo. O que é formado localmente, na nossa costa, é a vaga. E essa necessita de vento para se formar.
Quando temos mar liso e ainda assim a água rebenta nas rochas, são sempre ondas. Reparem como o mar avança decidido direito à costa nos dias de nevoeiro, sem vento portanto, e entendem.
Esses são os dias favoritos dos robalos para se chegarem junto à rebentação.
Sabendo que nestes dias os robalos sobem para atacar peixes que evoluem na primeira capa de água podemos utilizar amostras de superfície, os ditos passeantes, ou até poppers.
E porquê este tipo de amostras?
Por ordem de apresentação, as referências são:
Shimano Bream Pencil 75F - 012 Kyorin Bora
Referência: 4969363954220 (Clique para Abrir)
Shimano Bream Pencil 75F - 013 Kyorin Katakuchi
Referência: 4969363954237 (Clique para Abrir)
Shimano OT-111Q Coltsniper Rockwalk 110F - 019 S Blue Runner
Referência: 4969363858320 (Clique para Abrir)
Se a água estiver bem calma, e por vezes está lisa, essa mesma presa torna-se bem mais fácil de detectar e caçar. Essas são as condições para as amostras de superfície.
Ninguém duvide do seu grau de eficácia, porque podem fazer-se pescarias absurdas com este tipo de amostras. Eu, nas minhas saídas de mar a fazer spinning, estou a utilizar cada vez mais os passeantes e por várias razões: porque os peixes acreditam neles (ninguém os utiliza... logo os peixes têm menos defesas criadas para os evitar), porque em si a figura de um peixe que deambula errático à superfície é uma presa debilitada, sem rumo, sem o sentido da discrição que caracteriza os exemplares saudáveis, e sem a noção de que é um alvo perfeito.
A juntar a isto, temos que os ataques de um peixe a uma amostra de superfície é sempre algo de ultra excitante. Sem excepção, são ferragens absolutamente espectaculares!
Vejam a foto abaixo:
Os robalos atacam o passeante com toda a energia que guardam dentro de si, e isso eleva a pesca a um nível de adrenalina máximo. |
Continuamos no próximo número a desenvolver este tema.
Vítor Ganchinho
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