COMO ESCOLHER AMOSTRAS - CAP III

Afinal, como e onde se escondem os peixes juvenis?
Não há uma resposta única para esta questão.
Se estamos junto à costa, e é muito provável que os alevins aí estejam pois o factor “escassa profundidade” ajuda-os a escapar aos predadores, podemos vê-los a entrar para as poças de maré, procurando aí o abrigo que não terão daí a horas em mar aberto.


Mais ao largo, e dependendo dos fundos, assim eles podem tentar encontrar buracos nas rochas onde se possam abrigar da intempérie, ficar atrás de pedras que cortem o ímpeto das ondas, ou até optar por ficar à superfície.
Dir-me-ão que neste último caso esses peixes ficarão muito expostos. Talvez não…
A superfície do mar, se encrespado, é um local de visibilidade reduzida.
Se pensarem bem, para um predador que procura comida na linha de superfície, o mar agitado esconde-lhe a presa. Os pequenos alevins - por exemplo os agulhas de 10 ou 15 cm de comprimento- ao acompanharem a agitação marítima não estão a fazer mais que a esconderem-se de quem os procura. O robalo sobe para estar o mais próximo possível deles, para lhes desferir o golpe fatal, e efectivamente, a espaços, consegue vê-los. Mas logo a seguir ….deixa de os ver.
Entre ondas, a água não sobe apenas, também baixa. Os picos e as depressões são a camuflagem perfeita para quem não tem mais que isso para lutar pela vida. Não é junto ao fundo que os agulhas procuram salvar-se, é precisamente em cima, onde eles são exímios a “desaparecer”.
Explico-vos em detalhe como: num plano horizontal, o robalo fixa a presa, avança na sua direcção, mas a seguir a onda eleva a linha de água à sua frente e o agulha sobe com ela e deixa de estar visível.
Está apenas alguns centímetros acima, mas nesse momento fora do campo de visão de quem está perto, absurdamente perto, mas não tem ângulo de visão que lhe permita perceber para onde foi a minúscula presa.
Bem sei que isto vos faz confusão. Para quem mergulha é mais perceptível, pois a deslocação feita à superfície, a olhar para a frente, permite entender que há momentos em que o peixe de superfície se vê, e logo a seguir desaparece na vaga.
Procurem entender o fenómeno à luz não de quem está a bordo de um barco e/ou num plano superior, mas sim de quem está na água e se dirige a algo que está em permanente movimento, a subir e a descer. Para quem procura os agulhas não deixa de ser um suplício, porque o mar ajuda, e muito, a que se confundam com …fantasmas.

Nas poças de maré junta-se uma miríade de vida incrível. Há de tudo, desde pequenos peixes a camarões, caranguejos, polvos, etc.

Devem tentar entender que longe da costa, em fundos significativos, a quantidade de alimento não é tão abundante quanto aquilo que um peixe costeiro pode encontrar se visitar os baixios. A necessidade de encontrar alimento não pode nunca sobrepor-se à necessidade de encontrar segurança e os pequenos peixes sentem isso desde o primeiro dia de vida.
Tudo o que são seres vivos susceptíveis de serem caçados por predadores sabem isso desde sempre porque lhes é fornecido de série, por padrão genético.
Assim sendo, a procura por zonas rasas é constante. É precisamente aí que os predadores tentam chegar a cada uma das marés cheias, e é por perto que querem estar quando o mar se forma.
Os robalos, e muitos outros claro, não estarão longe de terra quando o mar levanta. E é aí que temos de os procurar.

Caranguejos, camarões, alevins de peixes, tudo procura os baixios para escapar à voracidade de todos aqueles que os querem comer.

Com este mar, embora já picado, o tempo não é ainda para amostras demasiado ruidosas, é sim para algo discreto, mas que passa onde deve passar.
Os “stickbaits”, amostras em forma de lápis sem pala frontal, são de uma eficácia tremenda para peixes que se encontram nos primeiros metros abaixo da linha de água, logo junto à superfície. Não são demasiado ruidosos, não provocam turbulências em excesso, e por isso mesmo estão mais próximos daquilo que é o comportamento padrão de um pequeno peixe.
A nossa mala de acessórios agradece termos algumas unidades deste tipo de amostra, em tamanhos e cores diferentes.
Já aqui vimos que “excesso” de visibilidade e ruído escaldam o robalo, deixam-no desconfiado. Isso induz a que se pesquem menos exemplares, porque a repetição de passagens de amostras com pala, e as suas fortíssimas vibrações, deixa marcas indeléveis na crença do predador.
É muita vibração num sector de pesca que normalmente é pacato, e os peixes irão retrair-se e fechar a boca, ou até abandonar o local.
Nesse aspecto, os vinis ganham aos pontos, porque são bem menos ruidosos. Mas acreditem, altamente eficazes.

Pequenos peixes de fundo procuram refúgio em zonas abrigadas da força das águas.

O tempo de lançarmos as nossas amostras com pala curta é pois este, o que antecede a borrasca.
À medida que avançamos nas horas de mar batido, a água irá turvar mais e mais, o que nos obriga a, consoante a zona de pesca que temos e a sua morfologia específica, fundos de areia, rocha ou lodos, a optar por amostras mais ou menos coloridas, ou chamativas. O efeito que se pretende é sempre o mesmo: dar algo a ver ao robalo.
Nesses casos, esta selecção de amostras de alto contraste pode funcionar bem:

Shimano Exsence Slim Assassin 149F XAR-C - 004 Referência: 4969363957689


Shimano Exsence Slim Assassin 149F XAR-C - 012  -  Referência: 4969363980045

Vamos no próximo número continuar a abordar este tema, e nomeadamente a questão das águas turvas.


Vítor Ganchinho


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2 Comentários

  1. Olá Vítor!

    Uma questão, já vimos que existem diversas situações em que cada amostra pode ser mais útil, por contrapartida com outras. Temos as de pala longa, poppers, pala curta, sem ruído, com ruído...Exemplo prático. Eu pesco grande maioria das vezes aqui no nosso Rio Tejo. Uso 99% das vezes amostras de pala longa ao trolling ( deep diver ). Já adicionei recentemente alguns vinis, e percebo agora que talvez me ainda faça falta na caixinha das amostras outras ainda para certas situações de pesca em que sejam mais "matadoras". Alguma recomendação? Muitas vezes aqui no nosso rio temos águas turvas, mas tranquilas, isto é, o chamado mar-chão.

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    Respostas
    1. Boa tarde Rodrigo Cruz


      Nesta sequência de artigos eu vou dar um enfoque muito grande à questão da visibilidade das águas. Vou mesmo abordar algo que parece absurdo mas não o é: o que são águas turvas? Como classificar o seu grau de suspensão? As águas estão turvas porquê?
      Vai ver que as respostas não são assim tão evidentes...
      No fim de tudo, terá mais elementos para poder preparar as suas saídas.

      Penso que serão uns seis a sete artigos no total, e onde irá ter respostas às suas questões.
      O tempo é de robalos e por isso mesmo, vamos por eles.

      Eu cada vez faço mais pesca de superfície, por ser a que me dá mais gozo fazer.
      Sentir o sulco de um grande robalo aparecer atrás da amostra, e assistir em directo ao ataque à amostra é algo de inesquecível.
      Os passeantes e os stickbaits dão-nos isso, muita adrenalina.

      Se vai pescar em dias de mar calmo, e sobretudo bem cedo pela manhã, não deixe de tentar.
      Aquele "walk-the -dog" curtinho, com toques verticais de ponteira, é fatal para quem está à procura de alevins para comer.

      Pescando embarcado, não necessita de uma cana com mais de 2,40 mts para conseguir bons resultados.

      Abraço
      Vitor

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