COM NOVE ANOS, DUAS SAIMAS DE BOM CALIBRE...

Pensava que o miúdo tinha 11 anos….e vai na volta, só os irá fazer daqui a dois anos, em 2026!
Filho de um casal australiano, Mrs White Teegan e de Mr Shawn Kidner, família que visitou o nosso país durante duas semanas, (confessaram-me ter ficado encantados com o nosso país), o jovem Rio Finn Kidner é portador de um passaporte sem assinatura. À data em que o documento de identificação foi tirado, ainda não sabia ler nem escrever…
Mas ele já sabe pescar, e de que maneira!
As suas origens australianas ficaram bem marcadas quando me disse preferir a manivela do carreto à direita.
Para aqueles lados do globo, e incluímos o Japão, Nova Zelândia, etc, a manivela do carreto é sempre à direita. O que nos faz a nós europeus alguma confusão porque, salvo raras excepções, somos todos esquerdos.
As marcas de renome resolveram isso, proporcionando gamas de produtos reversíveis, que resolvem o problema a esquerdinos e destros.

Ei-lo, Rio Kidner, um jovem pescador super feliz, entusiasmado com os nossos peixes, na circunstância duas bonitas saimas.

A opção por pesca vertical foi um imperativo forçado pela forte ventania que se fez sentir nessa fria manhã de Dezembro.
Ancorados sobre um pontão de rocha firme que ainda guarda os seus segredos, o vento gelado e persistente colocou à prova a nossa resistência física.
Não deixou de soprar durante as horas de pesca em que ali estivemos, massacrando-nos a cada instante, não nos permitindo um minuto de alívio.
Nestas alturas, e perante tamanho desconforto, damos tudo por um pouco de calor, e por isso é roupa sobre roupa, casacos sobre casacos, procurando isolar o corpo daquele frio cortante.
E todavia, o nosso protagonista da história de hoje revelou-me o que tinha estado a fazer na tarde anterior: enquanto esperava pelo dia seguinte, o ansiado dia de sair à pesca, esteve a tomar banho de mar na praia de Sesimbra….em calções de banho.

Estes peixes que vos mostro, capturados pelo jovem Rio, são bem mais frequentes a partir do mês de maio, junho, quando as águas aquecem aos 18/ 19º C, e vão embora quando gelam. Mas as nossas águas ainda não arrefeceram aos invernosos 12/ 13º C e por isso alguns destes peixes ainda andam por aí.

O meu colega de pesca Carlos Campos, sempre diligente, sempre disposto a mais um sacrifício, tentava por todos os meios ajudá-lo, dar-lhe sorte, ser o seu trevo de quatro folhas.
O Carlos Campos é assim, tem um espirito altruísta sem limites e para ele o importante é ver feliz quem está a seu lado. Não disfarçava o orgulho que sentia por ver como este miúdo foi rápido a interiorizar alguns detalhes técnicos que lhe passou.
Acresce que se trata de uma técnica de pesca que para o jovem era absolutamente desconhecida, (ele pesca com o pai à mosca ou a fazer trolling de barco aos peixes azuis, em alto mar…), o que valoriza ainda mais a sua prestação.
Para a equipa GO Fishing, ter a oportunidade de ver os olhos de uma criança brilhar de entusiasmo com qualquer coisa é em si muito motivador. Mais ainda se a razão forem os nossos bravos e fortes peixes, sempre presentes em abundância, com apetite e a não deixarem ficar mal a sua reputação de grandes lutadores.
Acresce que o jovem Rio Kidner ainda não se deu conta de que os carretos têm um sistema de drag que deixa sair linha, se necessário. Para ele isso não faz falta...
As saimas picaram e não saiu linha nenhuma, obviamente. Ele apertou o drag por completo e por isso foi directo desde lá de baixo até à superfície, a enrolar fio com ânimo.
Valeu a qualidade das linhas fluorocarbono Varivas a aguentar as violentas arrancadas.
Quando uma saima adulta resolve ir para o fundo, faz falta um braço forte, com genica para a aguentar. Tudo aquilo que o menino de tenra idade, de braços franzinos e despojados de energia quase não tem.
É nestes momentos que procuramos dar o nosso melhor, procurando ajudar em tudo aquilo que está à nossa mão, aconselhando, dando instruções rápidas, “faz assim, faz assado”…, de forma a que os resultados finais possam ir de encontro às expectativas.
E quando se consegue um peixe bonito, quando ele finalmente entra no barco, isso torna-se um momento de rara felicidade para todos, acreditem.


Trata-se de um predestinado, alguém que será bom a pescar de todas as formas que lhe proponham.
A criança nunca tinha pescado com este sistema de pesca vertical, e após algumas explicações genéricas, foi capaz de pescar uma série de espécies para nós muito comuns, mas que para ele eram todas novas: besugos, safios, choupas, carapaus e ainda pequenos gorazes, vieram compor uma caixa de peixe que viria a ser abrilhantada com duas saimas, de bom tamanho.
O Carlos compartilhou comigo este bom momento a bordo do novo barco GO Fishing IV, uma embarcação de pesca de que vos irei falar num destes dias.


É bom saber que a pesca em Portugal ainda motiva pessoas a ir para o mar, mesmo nos frios dias de inverno, quando tudo aconselha a ficar em casa.
Temos uma imagem de marca a defender, o nosso país é tido pelos nossos congéneres europeus, e não só, como um bom spot de pesca, não obstante as vicissitudes de uma sobre exploração que o não deixa crescer mais. Podíamos ser ainda melhores…
Não temos os peixes de alguns países africanos, ou americanos, mas temos peixe.

A saima, Diplodus cervinus, ou Zebra Seabream, ou sargo tambor, uma das mais bonitas espécies que temos entre nós.

Vejam o filme:

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.

Neste dia foram as saimas, mas poderiam ter sido douradas, robalos, pargos, e acima desses, as nossas omnipresentes corvinas, tintureiras, makos, atuns de grande tamanho, (sim, cada vez mais regulares nas nossas águas…).
O que não nos falta é peixe para pescar, assim saibamos onde e como.


Vítor Ganchinho


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