OUTROS MUNDOS, OUTRAS REALIDADES DE PESCA

Há gente a dar-lhe com muita força nestas coisas da pesca...

Hoje trago-vos algumas imagens de um cliente GO Fishing o qual tem uma particularidade muito interessante: faz as suas próprias amostras.
É verdade que não as encontraria facilmente no mercado, pois aquilo que ele “lança” não é normal, nem tão pouco os peixes que procura serão propriamente normais.
Basta dizer-vos que o Matthias Zeller, a pessoa de quem vos falo, é um simpático suíço e emérito pescador de... monstros.


Desafiar peixes como os GT`s, os pargos lucianos, umas “bestas de força”, e muitos outros, só faz sentido para quem está muito bem preparado, quer em termos de equipamento, quer no aspecto físico e psicológico.
Não preciso de vos dizer das exigências que estes peixes requerem, pois a rendição fácil é algo que nunca estará nos seus propósitos. Um peixe destes, a partir de um determinado peso, pode provocar muitos danos físicos a quem se atreve a lançar uma amostra na sua direcção…
Partir dedos das mãos, um braço, ter lesões ao nível da coluna vertebral e músculos das costas, são coisas perfeitamente possíveis.
Mais que isso: nos lugares onde estes peixes andam, não costumam abundar os fisioterapeutas ou os médicos...

Os pargos lucianos, peixes que são absolutamente coriáceos... a seguir à ferragem segue-se sempre uma explosão de força.

A preparação para uma expedição de pesca a estes peixes implica muito cuidado, muita atenção aos detalhes, pois o equipamento de pesca é submetido a “apertos” que poucas pessoas imaginam.
Tudo deve ser de alta qualidade, tudo tem de ser testado antes de chegar o momento fatal.
Posso dizer-vos que o Matthias pesca com linhas Daiwa Saltiga PE 10, concretamente Daiwa Saltiga Durasensor 8 Braid +Si 300m - PE10 123lb-56kg, o que é uma perfeita brutalidade, mas que ainda assim pode não ser suficiente...

Os GT`s serão porventura dos mais fortes peixes do nosso planeta.

Junta a isso as baixadas, terminais de nylon com um mínimo de 170 libras, nunca menos, porque aquilo que é o seu standard são as 220 libras.
Bem sei que a maior parte dos meus leitores conhece os fios pela sua medida em métrica europeia, em milímetros.
Para vos ajudar a ter a percepção do que são as baixadas dele, é algo como isto: 220 libras = 99,8 quilogramas.

Se quiserem ficar com a ferramenta de cálculo certa, a fórmula de cálculo, aí vai ela:
Fórmula: multipliquem o valor em lb por 0,45359237
Logo, 220 lb × 0,45359237 = 99,8 kg


Não vejam neste tipo de pessoas alguém que faz uma pesca impossível, não o é, de todo.
É apenas um estilo de pesca que é difícil, é extremo, mas que estará em termos técnicos ao alcance da maioria dos pescadores nacionais.
Exige muito esforço físico (por vezes lança-se um dia inteiro para ter um ou dois toques…), não é nunca garantido, é praticado em lugares muito remotos, Oman, Madagascar, etc, no fundo nos últimos redutos de pesca do nosso globo, onde ainda existem peixes jurássicos.
A boa forma física é um imperativo, sem isso mais vale nem ir.

Um atum dentes de cão. Podem ver que o terminal é de respeito...

Este é o mundo em que tudo tem de ser cuidado, desde as camisolas UVP Factor 50%, para repelir um pouco dos raios ultravioleta da luz solar, às luvas reforçadas nos locais onde as mãos vão sofrer mais com a compressão provocada pela força descomunal dos peixes, os chapéus para proteger do sol, os buff`s para tapar o pescoço.
A falta deste tipo de acessórios pode reduzir a cinzas as expectativas do mais aguerrido pescador, porque o limitam, queimam-lhe a pele em minutos, impedem-no de enfrentar a exposição ao sol.
A juntar a isto, a humidade e calor que normalmente se verificam nos trópicos também nos desgastam, pelo que a hidratação constante e a toma de um complexo de vitaminas e sais minerais é aconselhada.

Lindos peixes estes, os predadores habitantes das batatas de coral.

Para que fiquem com uma ideia de quais as amostras utilizadas para estes colossos, elas aí vão:


Pois, não precisam de me dizer que seriam incapazes de aparecer na rua para ir pescar com isto…
Mas esta pessoa tem zero interesse em sair ao mar para pescar os peixinhos que vocês pescam, as douradas, os robalos, os pargos, ….não é disso que se trata.
Muitas vezes o Matthias Zeller estará horas e horas a lançar estes pseudo-poppers pesados (alguns poppers podem chegar aos 250 gramas!!) sem ter o menor vislumbre de um peixe.
Mas quando acontece...

Tudo isto é artesanal, feito à mão por quem sabe muito bem o que precisa para ter sucesso.

Está de facto bastante longe daquilo que se faz por cá, mas não deixa de ser pesca, nem nós deixamos de ser bons pescadores quando ferramos uma dourada.
É uma questão de oportunidade e …aposta.


Vítor Ganchinho


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