HÁ ATUNS NA NOSSA COSTA!! DOS GRANDES...

Há muitos anos atrás, a preocupação nacional era a de haver mouros na costa.
Eram outros os tempos, bem mais conturbados.
Falamos dos anos 711 a 756, e quem estava por cá no nosso país eram os visigodos. Sofreu-se muito por aqui, por estas terras que hoje pisamos enquanto povo luso.
Nessa altura, a Península Ibérica que hoje nos parece um lugar pacífico, amargou com as invasões muçulmanas, assistimos ao estabelecimento de emirados do Califado de Damasco, e só nos livrámos disso já bem tarde, quase oitocentos anos depois, por volta do ano de 1492.
Durante todo este período, os árabes, uma mistura de sírios, persas, egípcios e berberes fizeram-nos a vida negra.
Inevitavelmente também deixaram algumas coisas boas, algumas tão insuspeitas como a gastronomia que apelidamos de “nossa”, ou a linguagem ainda hoje utilizada: almirante, açúcar, albatroz, alcateia, alcatifa, algarismo, algodão, almofada, etc, etc.
E artes de pesca como as almadravas, redes circulares fixas para capturar atuns.
Nessa altura as preocupações deles certamente não eram a pesca desportiva ao atum, a pesca desportiva à linha que hoje conhecemos, era a guerra, a conquista de território, que neste caso dos árabes chegou a ter 600.000 km2.
Se os árabes foram expulsos à espada daquilo que é hoje o nosso país, se atravessaram Gibraltar e não mais voltaram, em parte isso também se deveu aos portugueses de antanho, que lutaram com coragem pelo território a que hoje chamamos Portugal.
Desta vez, se os árabes voltarem, será apenas para pescar à linha os fantásticos atuns que temos entre nós.
Sim, têmo-los na costa e dos grandes!


É verdade, os gigantescos atuns que encheram as almadravas árabes estão de volta e em força!
Fazem a sua migração habitual do Atlântico para o Mediterrâneo e por isso passam pelo nosso país para se reabastecer. Sim, para comer toneladas de cavala, carapau, sardinha, que a temos com fartura.
Já tivemos mais atum na nossa costa mas razões que se prendem com excesso de capturas, (a expansão da indústria conserveira quase os aniquilou), mas podemos dizer hoje que as populações de atum estão de volta.
A cada ano que passa vejo-os mais e mais, os encontros imediatos são cada vez mais frequentes. No ano passado estive diversas vezes com estes colossos do mar à minha volta, a rodearem o barco.
O meu colega carlos Campos quase ficou sem linha no seu carreto, o meu amigo Fernando Santos idem, e eu próprio, a pescar jigging com uma cana de 85 gramas, PE 1.2 e fluorocarbono 0.33mm, …também.
Perdi a linha e o jig, mas não perdi a vontade de lutar. Sei que os consigo vencer.
Mais dia menos dia vamos ter de medir forças e porque já os pesquei anteriormente sei bem do desafio que é arrojar um peixe desses ao barco, e do estado em que fica quer o equipamento quer o nosso corpo.


Não sei se têm ideia da magnitude do negócio que envolve a captura do atum. Posso dar-vos algumas pistas sobre isso: os atuns selvagens são pescados à rede e mantidos vivos.
Interessa mantê-los vivos pois a ideia é mesmo que sejam apenas mortos quando o comprador dá o sinal de ok, quando estão…”facturados”.
Reféns em cativeiro, onde são alimentados a cavala, carapau e outros peixes baratos, os atuns giram ao longo dos cercados de redes circulares numa marcha interminável.
Serão alimentados de forma intensiva, de forma a engordarem o possível e produzirem uma carne de maior qualidade.
Na verdade, e pese tratarem-se de peixes selvagens capturados, a reclusão e este tratamento a peixe de engorda faz deles autênticos peixes de aquacultura.
A indústria do atum procura incessantemente novas soluções, e todas elas visam um único propósito: o lucro.
Os preços que um atum atinge no mercado de peixe fazem dele um dos peixes mais procurados no Japão, onde um exemplar de 200 quilos pode render cerca de 30 mil euros.
Entre nós os preços não são esses, mas um bom atum tem valor.


Perto da costa, entre Setúbal e Sesimbra, foi o ano passado capturado um exemplar acima dos 300 kgs, por uma embarcação de pavilhão espanhol.
Sabe-se que a luta se prolongou por cerca de nove horas, com todo o desespero que isso terá trazido aos tripulantes.
Depois de várias tentativas de chegar a consenso quanto à necessidade de cortar a linha, e já noite dentro, os pescadores lograram obter êxito.
A falta de equipamento pesado, devidamente adequado à função, não terá ajudado.
A GO Fishing Portugal tratou de encomendar conjuntos completos para a pesca destes tunídeos: canas de Big Game, carretos Big Game de alta capacidade, linhas, baixos de linha, anzóis para quem pretende pescar fundeado, e amostras de corrico a condizer, para quem prefere fazer trolling. Falta chegarem os carretos…que estão a caminho.
Os atuns são esperados em maio, e antes dessa altura todos os equipamentos necessários estarão em stock na loja de Almada.


Aceitam-se apostas: vamos ver este ano quantas pessoas vão deixar ir embora atuns de mais de 100 kgs, por não estarem equipadas….
Voltaremos a este assunto no final da época de atuns, a qual irá iniciar-se em Maio/ Junho e terá uma nova investida no início do Outono, Setembro/ Outubro/ Novembro.
Atuns que entram e saem do Mediterrâneo, gordos e com mais vitalidade à ida, mais magros e sumidos à vinda, depois da reprodução.
Vamos ver...


Vítor Ganchinho


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