OSAKA NOVIDADES - CAP VIII - O SUPRA SUMO DOS CARRETOS...

Quando vou para pescas exóticas, uma das coisas que me dá mais prazer é tentar imaginar qual, ou quais, os pontos fracos do equipamento que pretendo levar para essa semana de mar.

Se relativamente a linhas a decisão é mais ou menos pacífica, sigo pelas consagradas Daiwa Saltiga e pelas linhas multi Ocea da Shimano, já quanto ao conjunto de carretos a utilizar a questão tem que se lhe diga.

O ano passado fui a Angola armado com a versão 15 dos Daiwa Saltiga e fiz o que tinha a fazer, mas com a consciência de que estava a caçar leões com fisga.

A qualidade do equipamento Saltiga é tanta que dificilmente eles se iriam negar a puxar para cima algum dos mastodontes que mordeu os meus jigs.

Mas se puxam, ainda assim sabemos que são carretos para pargos, robalos, corvinas, meros, etc. E é bom pôr um ponto por aí.

Quando falamos de peixes que têm uma boca onde cabe uma bola de futebol, o assunto é outro, e a força também é outra. As grandes garoupas angolanas podem com alguma facilidade dobrar-nos as pernas, e forçar a ida para o fundo, para a salvação, os buracos nas rochas.

Na verdade, mesmo para pessoas bem treinadas e fisicamente aptas, temos sempre a noção de que em termos de força elas estão um pouquinho à frente de nós…

Para elas, a Daiwa preparou o carreto Saltiga 35, esse sim uma besta de força:

Aqui na versão direita, este é um carreto concebido para pescar monstros.

Sabemos que na Europa o hábito de pesca empurra-nos para carretos de versões esquerdas.

Nós seguramos na cana com a mão direita e enrolamos linha com a mão esquerda. No Japão é o oposto.

Por isso mesmo, as marcas acabam por ter a necessidade de produzir equipamentos para ambos os tipos de pescadores.

Na circunstância, e porque os japoneses privilegiam o seu mercado interno, a versão com manivela direita será lançada em maio, enquanto que a versão esquerda só irá sair em julho.

Recordo-vos que já o ano passado este carreto existia, mas a sua comercialização foi adiada um ano, e isto porque a Daiwa entendeu que ainda podia melhorar o produto.

Não se brinca em serviço quando se trata de lançar o melhor carreto que existe. E isso tem muito de japonês, de querer estar tão à frente que vale a pena sacrificar um ano de vendas mas assegurar que aquilo que sai das mãos daquela gente é mesmo o melhor do mundo. Para eles, ser bom não chega, tem mesmo de ser …do outro mundo.

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.

Podem ver o orgulho com que este engenheiro me mostra um detalhe da pega deste novo Saltiga 35. Tenho a certeza de que trabalhou no assunto durante meses.

A pega é extremamente ergonómica, adapta-se muito facilmente à mão, e isso é tão mais importante quanto maior for o peixe a combater.

No momento da verdade, a última coisa que queremos é ter de lutar contra o nosso carreto. Já há dúvidas que chegue quando o nosso esforço máximo pode não chegar para dobrar um peixe que, a partir de um determinado peso, terá eventualmente mais força que nós.

Quando temos na mão uma cana com menos de 100 gramas (e sabemos de antemão que não podemos contar com ela para nada mais que trabalhar o jig), aquilo que sobra é a linha e aquilo que enrola a linha. O carreto é neste caso aquilo que nos pode valer, a nossa arma para fazermos subir um peixe que, estando no seu meio, não raras vezes é do nosso tamanho, e muito mais forte que a pessoa que o pretende pescar...

Vítor Ganchinho

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