A ÉPOCA DO JIGGING POR EXCELÊNCIA - AÍ ESTÁ ELA!

Passámos o inverno a roer as unhas à espera de dias bons. Este ano tem vindo difícil, com muita chuva, vento e ondulação forte.
Se a chuva não nos incomoda em demasia, já o vento que se tem feito sentir vem francamente atrapalhar as melhores intenções de todos aqueles que estavam a contar com o Fevereiro e Março para começarem a aquecer os reactores. A entrada dos pargos capatões, das bicas, dos pargos legítimos, essa já aconteceu, já aí estão em força.
E os robalos também já apareceram.

Robalo que fiz em março de 2025. A jig...

Respeito a opinião dos outros, mesmo daqueles que dizem não ser possível pescar peixes com jigs. Não deixa de ser curioso que algumas dessas pessoas são pescadores de chocos e para isso utilizam ….toneiras.
Se não lhes parece estranho que os chocos se lancem a um artificial colorido, qual a razão para não acreditarem que um pargo ou um robalo se lançam a um jig….colorido?
Todos temos o direito à nossa opinião, e eu posso lutar exaustivamente por isso, por uma ideia, por dar a cada pessoa a liberdade e o direito de se fazer ouvir, mas neste caso não posso fazer mais que lamentar que não acreditem e…seguir pescando com jigs.
Criei há muitos anos uma técnica de pesca muito particular. Não obedece a critérios próprios do slow-jigging, nem sequer do speed jigging, é algo ali pelo meio, uma procura do peixe pelos patamares em que ele habitualmente circula.
Não pesco igual do fundo à superfície porque aquilo que ocupa esses espaços não é igual.
Entendo a técnica que utilizo como aquilo que me parece ser mais indicado e eficaz tendo em conta o que sei das reacções dos peixes que tenho à disposição.
Porque pesco em Setúbal e Sesimbra, o que abunda são pargos e robalos, pelo que é a eles que tenho de dedicar a minha atenção.
Pontualmente surge um mero, um peixe galo, algumas douradas de bom porte, mas são os robalos e os pargos que acabam por ser a base das minhas pescas.

Detalhe do armamento do jig: um assiste duplo à cabeça e um triplo à cauda. Esta é uma montagem perfeita para a primavera, pois o triplo permite segurar as lulas, as bicas, e os assistes algum peixe maior que surja. 

Estou e estarei sempre disponível para trocar impressões com quem quiser saber mais sobre este assunto. E mesmo que os puritanos do slow jigging, e da contagem dos enrolamentos, da estética perfeita, me queiram fazer ver que assim é que é, eu agradeço e sigo pescando bons exemplares de peixes, a fazer à minha maneira.
Podem dizer-me que enrolam linha a dois quartos de volta, a meia volta, a volta inteira, que é assim que fazem nos filmes, que os jigs têm de ter 150 gramas para pescar a meia dúzia de metros …pois sim, que seja.
De qualquer forma, a minha técnica de pesca jigging não precisa de ser aprovada por mais ninguém além de mim próprio, não está dependente da aprovação de outros e resiste bem a quem defende métodos diferentes.
Gosto de ouvir as opiniões dos outros. Daí até regular as minhas decisões e atitudes por isso…
Se houver peixes, e essa é uma condição que tem de se cumprir tanto para mim como para qualquer outro pescador, os meus jigs minúsculos e a minha técnica jig-casting vão fazer o serviço.
Não tenho dúvidas de que resolvem, que são altamente eficazes, porque tenho dezenas de toques por cada saída de mar.
Quando olho para os meus jigs de 30 ou 40 gramas, vejo neles aquilo que basta para pôr peixe na caixa. Sinto-os como uma arma perfeita para aquilo que procuro.
Um pouco como chegar ao local de pesca, olhar para os jigs da caixa, escolher um e começar a sentir no ar um ligeiro odor a napalm, percebem?…

Um jig de 40 gramas da Little Jack, uma agulha, já que a corrente forte a isso obrigava.

E o momento de sair ao mar e fazer peixes grandes é este!

Eles estão aí, não necessariamente em cima das pedras, (há muito peixe ao lado ou até longe das pedras conhecidas...), e se há gente que apenas sabe pescar com o barco fundeado em cima dos calhaus, pois queiram saber que o peixe não está preso às pedras com adesivos, o peixe circula e segue aquilo que lhe interessa seguir: a comida.
Este é o tempo de encontrar aquilo que os grandes pargos e robalos procuram, os cardumes de comedia que lhes servem de alimento.
E a cada instante pode acontecer a ferragem de um bicho grande. Quando menos esperamos, um mastodonte com fome ataca o nosso jig e dobra-nos a cana.
Para os mais nervosos, muitas vezes a luta é dura demais.
A pesca tem isso, tem o nervoso miudinho, a angustia de não sabermos se o material vai aguentar, se o peixe desferra ou não.
É uma mistura de sentimentos muito fortes, de grandes explosões de alegria, mas também de angústia e medo. E drama. Pescar tem um pouco de tudo isso.
A grande questão para obter bons resultados na pesca é saber controlar a ansiedade. Controlar os nervos é vital!


Posso fazer aqui um curto exercício de escrita sobre o tema: imaginem que alguém sabe nadar e tem frieza emocional para entender que está a ser levado no tubo de uma onda.
Guardou ar suficiente e sabe que haverá um fim, um momento entre ondas que lhe será favorável, o momento de acalmia em que pode decidir o que fazer.
Uma onda é um transporte de energia finito, que acaba quando esta chega à praia e a sua força se dissipa, ou quando passa. Apenas há que esperar, ser paciente, e aproveitar o intervalo de tempo certo.
Por contra, para alguém demasiado imediatista, ver-se enrolado no turbilhão de água, espuma e ruído que formam uma onda pode ser dramático.
Caso ceda emocionalmente, caso não consiga pensar e ser racional, aquilo que irá acontecer é que os seus esforços no sentido da sobrevivência irão matá-lo.
Irá gastar todo o ar e energia a lutar violentamente contra uma força infinitamente superior à sua. E o resultado é aquele que vocês imaginam…
A maior parte dos grandes peixes que nos escapam aproveita precisamente a nossa desordem emocional! Ao cometermos erros técnicos estamos a potenciar a falha.
E a aumentarmos em flecha as chances de sobrevivência do peixe.
Os grandes, aqueles que têm peso e força, aproveitam tudo aquilo que fazemos de errado.
Meus amigos….calma com eles. A linha aguenta e a barbela vai manter o anzol no seu sítio. Baixem as pulsações...

Boas pescas de primavera para todos vós!!


Vítor Ganchinho


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