Tudo nos parece fácil de fazer até ao momento de termos de ser nós próprios a fazer.
Desenhar novos modelos de toneiras, na verdadeira acepção da palavra, será tudo menos fácil, se não quisermos plagiar ninguém.
Ser original, criativo, implica estar muito em cima daquilo que as outras marcas estão a fazer, conhecer as tendências de mercado e ser capaz de pensar fora da caixa, ter a coragem de apresentar um trabalho original num mundo impiedoso que só tem paralelo na criação de …sapatilhas desportivas.
A pressão é enorme porque todos exigem impossíveis: a marca que paga o trabalho exige algo que forçosamente deverá ser inovador e pressupostamente muito vendável.
O utilizador porque quer algo de novo, a que não basta ter uma nova cor. Tem de apresentar resultados estratosféricos, ser capaz de pescar chocos onde …não os há.
É neste caldo de pressupostos que o desenhador de toneiras trabalha: entre dois fogos.
E tudo isto a um ritmo de época de pesca, de um ano, num ciclo interminável de exigência máxima, de uma pressão insuportável.
Se o meu caro leitor pensa que o pode fazer, …nesse caso convém começar por pensar que o resultado do seu trabalho será supostamente vendido em todo o mundo. E essa é a primeira dificuldade: os chocos não são todos da mesma espécie, não reagem todos às mesmas cores, e não se pescam através da mesma técnica. Como acertar no alvo?
Aquilo que de melhor se pode fazer é atirar para o meio...
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Existe a profissão de desenhador profissional de toneiras, mas eu não a queria para mim... |
Os pescadores criticam frequentemente a falta de novas cores e soluções.
Criticam porque não têm de ser eles a desenhar…e pese todos sejam capazes de dizer convictamente que fariam mais e melhor, se calhar …não fariam.
Acredito que a maioria dos utilizadores deste tipo de artificial, a ter de mostrar o que sabe fazer…teria de morder a língua por não saber sequer por onde começar.
Apresentar uma nova gama de toneiras todos os anos é um desafio tremendo para qualquer marca, mesmo para as especialistas, as que têm nos seus quadros os melhores designers e engenheiros de produção.
Sim, há empresas que apenas vivem da venda deste tipo de artificiais, são especializadas, apenas se dedicam a isso.
O tema dos próximos números serão as toneiras, ou “palhaços”. Aquilo que lhes quiserem chamar.
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De vez em quando, um desses designers acerta nas características de uma toneira que encaixam em todos os pressupostos que levam a desempenhos de alto nível. Para que isso aconteça, têm de conjugar-se factores como a velocidade de descida, entenda-se a flutuabilidade da peça, a forma como após a excitação provocada pelo pescador, a toneira cai para o fundo. Algumas caem muito bruscamente, outras demasiado pausadas, e no meio estará a virtude, ou seja, a velocidade de queda que mais excita os chocos. Os nossos chocos, subentenda-se. Porque outras espécies de outras latitudes terão reacções positivas, mas a outros pressupostos de velocidade de queda, cores, tamanhos, etc.
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É difícil imaginar o interesse que este tipo de pesca desperta nos países asiáticos. São multidões de pescadores a seguir aquilo que os grandes gurus da pesca revelam. |
Consideramos a seguir o tamanho certo e esse infelizmente tem vindo a descer. Se para chocos de 5 kgs o tamanho king-size 4.0 está bem, a verdade é que esses bichos são cada vez mais raros.
Também não será todos os dias que o pescador encontra um lote de chocos com 2 kgs, e por isso o tamanho 3.5 tem vindo aos poucos a ser descartado a favor do tamanho de referência actual, o tamanho 3.0.
Neste momento este será aquele que mais consenso reúne, e sabemos que, por “encurtamento” dos chocos, a serem pescados cada vez mais jovens dada a pressão crescente que este cefalópode sente diariamente nos nossos estuários. Em Setúbal existem embarcações marítimo turísticas que fazem pesca ao choco durante todo o ano, sem qualquer tipo de defeso que não sejam os dias de tempestade.
Um dia, o tamanho 2.5 será o padrão, se não forem tomadas medidas sérias para deixar crescer os chocos...
A Hayabusa lançou a série Squid Junky com um enorme sucesso a nível mundial. Por alguma razão, esta família de toneiras “encaixou” bem nas nossas águas….a GO Fishing Portugal já vendeu uns milhares largos deste modelo. |
O momento é crítico para a pesca do choco, estaremos agora a chegar ao clímax da época e por isso esta é a prioridade do momento.
Vamos no próximo número continuar a tratar este tema.
Vítor Ganchinho
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