CURIOSIDADES JAPÓNICAS

Fiquei algo surpreendido com um banco e um penico na casa de banho do meu quarto de hotel.
Achei-o até um pouco insidioso e despropositado.
De manhã, ao pequeno almoço e enquanto dava mais um show de comer com faca e garfo, (algo muito apreciado e aplaudido pelos locais que ficam extasiados a ver-nos…), perguntei ao Pedro o que era aquilo do banquinho.
Ele, filho de um ex-funcionário de uma empresa japonesa esclareceu-me: "eles tomam banho sempre sentados e no fim despejam o balde, (o que parece um penico), pela cabeça. Para finalizar o banho…"
Fiquei esclarecido, embora não deixe de achar algo anacrónico que alguém, em pleno século XXI, utilize um…”penico” para deitar água sobre a cabeça.
Posso adiantar que a minha comitiva ficou instalada num hotel de 5*, logo não se trata de uma prática de residencial de beco.


Embora não sendo uma novidade, as minhas anteriores idas ao Japão já o tinham revelado, também não consigo habituar-me à ideia de ter uma sanita que faz um certo tipo de “trabalhos”… e muito menos deixo de achar estranho o protocolo que envolve a sua utilização!
A maior parte de nós não entenderá que uma sanita tenha…livro de instruções. Na verdade reconheço que é útil que isso aconteça pois, para um estrangeiro, nada melhor que ter em inglês a lista de “funcionalidades” que semelhante objecto pode desempenhar.
Pois sim, acontece por lá, e acho que sem as instruções tudo seria mais difícil. Porque aquilo tem a ver com jactos de água quente, circulação de ar, aumento ou redução de fluxo, diferente se para homem ou mulher, enfim, uma coisa …a estudar.
Confesso que desconfio um pouco de sanitas ligadas à corrente eléctrica.
Não quero nem imaginar a tragédia que seria a minha mãe, nos seus provectos 93 anos, ir à casa de banho sem os óculos...


Normalmente as nossas sanitas não têm tantas funcionalidades...

Mas não ficam por aqui as diferenças.
As avenidas das grandes cidades japonesas são iguais a todas as avenidas desse mundo fora.
Imperam as lojas de marca, com fachadas sumptuosas onde se adivinham gastos faraónicos, mas não é isso que nos prende a atenção de europeus mas sim as ruelas estreitas.
É aí que vemos algo que nos deixa os olhos em bico, é aí que entendemos o Japão profundo, onde ele se mostra verdadeiramente como um país de tradições vincadas, estranhas bizarrias e adaptações a uma realidade sísmica que é permanente.
Mesmo para quem é pescador e está habituado aos enleios e intermináveis cabeleiras de linhas, ainda assim ao olharmos para cima os nossos olhos ficam chocados com o emaranhado de cabos eléctricos suspensos, de cortar a respiração de tão feios.
A explicação é simples e chega-nos por parte de quem vive lá e sofre terramotos com frequência: em caso de acidente, de eventual derrocada de edifícios ou algo similar que provoque corte de cabos, a reparação é feita em poucas horas. Caso os ditos cabos eléctricos estivessem enterrados, isso implicaria abertura de valas, num processo que levaria a que o restabelecimento de corrente eléctrica às populações fosse caso para semanas.


Sabemos que não pode ser assim, a electricidade é um bem de primeira necessidade e muita da nossa vida quotidiana não poderia passar sem ela.
Logo, a solução “cabos pendurados” tem a sua razão de ser...


Vítor Ganchinho


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6 Comentários

  1. Olá Vitor.
    Faz-me lembrar a incursão que fiz ao Vietname. por essas partes não há banheiras.
    O chuveiro fica num qualquer local e no fim a agua é totalmente escoada.
    Já agora, também não há piassaba. Há um chuveirinho a sair do autoclismo que é muito eficaz (principalmente se tiveste uma intoxicação XD).
    No Vietname também me surpreendeu a desordem controlada do transito. Em mais nenhum lugar eu me arriscava a passar estradas extremamente movimentadas de olhos fechados. Não só é possivel, como é o mais recomendado, já que qualquer reação que altere a previsibilidade do teu percurso, isso sim, pode resultar em acidente. De resto as milhares de motorizadas contornam qualquer obstáculo.
    Abraço, Paulo

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    Respostas
    1. Paulo, boa tarde! Vale sempre a pena ver coisas diferentes, e perceber como as pessoas podem adaptar-se a outras realidades.

      Achei que devia trazer aqui ao blog algo de estranho, porque nem tudo tem de ter escamas agarradas...

      Vamos muito brevemente começar a minha saga por Angola.
      Está quase.




      Abraço
      Vitor


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  2. Pedro Evangelista06 maio, 2025

    Tive a feliz ideia de trazer um tampo de sanita desses do Japão. Até veio na bagagem de mão! Cá tive de arranjar um transformador de encomenda de 110v e alta corrente. Valeu a pena!

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    1. Pedro, trata-se precisamente de um objecto que é prático para ser transportado à mão.....LOL

      Imagino que deve ter recebido alguns comentários menos abonatórios à entrada para o avião por parte das mocinhas das linhas aéreas japonesas, mas comentários não entendidos são pétalas de rosa.
      De facto vale a pena!


      Grande abraço
      Vitor

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  3. Pedro Evangelista13 maio, 2025

    Por acaso ninguém me disse nada. Também com o inglês deles..Só já a embarcar de volta na Turquia quiseram dar uma olhadela mais pormenorizada.

    Tive problemas a regressar do Japao foi com a cana de pesca. Uma cana de 4 partes de viagem, que desmontada tem menos de 60cm. Não deixaram a cana ir na bagagem de mão de forma nenhuma. Dizem que canas de pesca não são permitidas na bagagem de mão. Como não tinha bagagem de porão, a caixa frágil da majorcraft com a cana foi a minha única bagagem de porão! Foi um milagre ter chegado inteira à Turquia. Da Turquia para Portugal já veio na bagagem de mão.

    Nunca tinha tido problemas a levar aquela cana de pesca como bagagem de mão e já viajei com ela para vários destinos.

    Ainda bem que não implicaram com os 3 carretos e as dezenas de amostras que comprei no Japão. Isso veio na bagagem de mão.

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    1. Normalmente as canas de pesca não são problemáticas, embora as canas travel sejam feitas precisamente para serem transportadas dentro de malas de porão.

      Depende de quem olha para o material, na verdade não há uma regra especifica que as proíba...

      Abraço
      Vitor

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