SAI UM PRÉMIO NOBEL, FAZ FAVOR!

Creio que conhecem as razões da existência dos prémios Nobel.
Ainda assim, e prevendo a hipotética “distração” de algum dos meus queridos leitores, eu faço uma descrição sumária das razões de ser dos mesmos: em 27 de novembro de 1895, um homem de negócios e químico de nome Alfred Nobel decidiu assinar um testamento em que doou a sua fortuna, cerca de 33 milhões de coroas suecas, 3.030.779,00 euros, a uma fundação que iria passar a atribuir prémios monetários aos cinco melhores do mundo em vários domínios do conhecimento.
Concretamente a ideia era de constituir fundos de capital e, numa base anual, distribuir os juros desse valor por cinco entidades. E fazer isso regularmente, anunciando os vencedores no Clube Sueco-Norueguês em Paris, considerando todos aqueles que se tivessem distinguido na área da física, da química, da medicina, da literatura e da paz.

Um baiacú, peixe odioso que nos corta as linhas com as lâminas a que ele chama de …”dentes”.

Em 1953, um cientista de nome Irving Langmuir arrecadou um Prémio Nobel com uma estranha teoria à qual chamou de “pensamento desiderativo”.
Rezava sobre uma área que passa pela muita vontade que temos de ver as coisas acontecer. Pela positiva e pela negativa.
Deu na altura um exemplo: não é por enchermos os pulmões e soprarmos muito tempo sobre a parede de um prédio que o poderemos demolir.
Desejamo-lo muito mas os processos utilizados não o permitem.
No caso da pesca às garoupas gigantes de Angola, porventura os equipamentos que utilizamos para fazer jigging pesado por cá …não serão suficientes.
Lutar com uma cana de pesca que não pesa mais de uns míseros 90 gramas, ou de uma linha que suporta apenas uns 25 a 30 kgs de resistência a peixes que podem passar dos 75 kgs…não deixa de ser uma temeridade.
Esqueçam o “dar linha” porque isso ali não existe. Se derem um metro de linha o bicho entra na gruta escura e adeus…
É fazer força e rezar.


Já se está a ver que o senhor Nobel se equivocou duas vezes: primeiro porque eu, tanto quanto sei e depois de mais de mil artigos publicados aqui no blog, não tomei conhecimento de ter ganho nada.
Repito: pelo menos ninguém me disse nada até ao momento, a minha caixa de e-mail está um pouco cheia com anúncios para o reumatismo, a psoríases e outros males de pele, a palmilhas que curam a tosse.
Registo as ofertas de muito dinheiro que ganhei de uma velhota que está com uma doença incurável e às portas da morte, e ainda de um primo que afinal tenho na Nigéria, podre de rico e que insiste à força em me dar uma fortuna, mas olhem que já escrevi até sobre os nitrofuranos que se libertam no momento em que assamos peixe na brasa. E isso tem a ver com a medicina e saúde.
Escrevi sobre o afiamento químico dos anzóis, e isso tem a ver com a química. Escrevi sobre a pressão atmosférica e as forças de gravidade negativas a que ficam sujeitos os nossos jigs, e vai daí, a física. E não faltaram artigos a propor a paz de um defeso para as douradas de Setúbal, logo o meu degrau para subir ao patamar dos que lançam a paz. E de tudo isto eu escrevi milhares de linhas e linhas até ficar com as pontas dos dedos em carne viva! Ou seja, ….escrevi! Boa ou má literatura mas escrevi!
Então se já me candidatei a tudo isto,…não serei merecedor de um premiozinho qualquer?! Estão distraídos?!


E que dizer do meu amigo Luís Ramos? Então o moço arranca do fundo bacamartes de garoupas com 70 kgs com linhas fininhas PE 2,5, a jig, com canas Zenaq que se dobram só de olharmos de esguelha para elas, e isso não tem valor?!…
Para esses betinhos doutores e engenheiros que atribuem os prémios Nobel, isso não tem valor?!
Tentem lá aguentar as investidas para o fundo de um peixe que é um mastodonte, um comboio, e insiste em entrar para um buraco na rocha, só com uma caninha de carbono levezinha nas mãos!
O rapaz controla o barco Incrível só com os olhos, vai contra a força da corrente para manter a linha a prumo, calcula o ponto exacto onde o jig vai cair, atreve-se a ferrar peixes que a maior parte das pessoas até preferia assobiar para o lado para não os ver, sujeita-se a uma tendinite no braço a segurar a cana, massacra os ossinhos do joelho que já têm um vergão negro de lá pousar a cana, e isso não tem valor?!!!
Querem lá ver que o rapaz ainda tem de fazer isto tudo a mascar pastilha elástica só com dois dentes de baixo, ou a fazer flick-flacks à retaguarda dentro de um barco que não tem espaço nem para um par de havaianas?!!!!
E o estupor do barco lixa-nos os joelhinhos todos com a porra daqueles carrapitos de nylon saídos das portinhas de plástico laterais!
Isso não tem valor?!
Vocês querem lá ver que temos de nos zangar?!

Aguentar o massacre que estes carrapitos assassinos fazem aos nossos joelhos não é fácil...

Sai um prémio Nobel para o meu amigo Luís se faz favor e não se fala mais no assunto.
Ele é avesso a gravatas por isso providenciem uma cerimónia de entrega de prémios na Ponta da Restinga no Lobito, e que o dress-code seja calções de banho e camisolas de manga comprida UV factor 50%, marca Zenaq, “I’ m an angler”, faz favor.
Depressa e com bons modos, que a pessoa tem que trabalhar, as garoupas estão a crescer a olhos vistos e ele tem muito peixe para dar desbaste.
E se quiserem e não for muito inconveniente podem mandar o dinheiro, os dois milhões de euros, para a minha conta, que o rapaz não pode andar a perder tempo a contar notas.
Ele faz falta é a puxar peixe para cima. Deixem isso do dinheiro para mim que eu já estou habituado a ter, já não me custa, e o moço não pode andar a perder a concentração com coisas menores.
Vamos lá dar aos dedos com isso da nomeação do Luís Ramos para Prémio Nobel do jigging que nós temos mais que fazer.
Ou vamos ter de nos zangar?!!!


Vítor Ganchinho


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2 Comentários

  1. Só o Vitor para se lembrar disto..hahaha. Pode ser que um dia um de nós ganhe o prémio e usamos os dois milhões para fazermos uma bela jantarada enquanto elaboramos novos planos para atacar os bichos..haha. Um grande abraço e haja saúde para ter o privilégio de ler os seus artigos. Até já

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    1. Bom dia Luis. Na minha modesta opinião, eu deveria ficar com os dois milhões de euros do prémio Nobel (forçosamente terá de ser atribuído a quem puxa para cima garoupas daquele tamanho!), para não estar a provocar distúrbios e distrações.

      Tenho a ideia de que poderíamos fazer assim: eu fico com a grana, e o Luis dá-lhe forte a pescar bem, com concentração absoluta.
      Cada um na sua especialidade.

      E quanto ao jantar, tenho uma sugestão que também pode ser boa: ligar à Carla para irmos lá a casa comer uma cataplana de marisco, com entrada de cavacos fresquinhos e vinho branco.
      Já fizemos isso e resultou bem...e o preço foi em conta. Para mim.

      Fazemos a jantarada na mesma e eu escuso de estar a gastar dinheiro a pagar o jantar, que a vida está difícil para todos, principalmente para mim.
      E 2 milhões não são assim tanto que dê para andar a pagar jantares....



      Grande abraço!!
      Vitor

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