O QUE FALTA SABER SOBRE... BARBELAS - CAP I

Na verdade aquele pequeno apêndice na ponta do anzol é muito menos conhecido que aquilo que a maioria dos pescadores pensa.
Há quem lhe atribua uma importância desmedida, decisiva, e há quem as...lime.
Afinal de contas, para que serve uma barbela?!

Todos sabemos, ou quase todos, onde está e qual a sua função.
A barbela de um anzol situa-se a escassos milímetros da ponta aguçada e em teoria servirá para impedir o anzol de se descravar da boca do peixe.
Tem uma função de retenção, de impedir que o peixe, através dos seus movimentos irregulares e aproveitando um momento de menor tensão na linha, consiga descravar-se do anzol.
Até aqui parece-me pacífico.
Vamos ver agora razões que podem levar a que nem tudo seja assim tão linear nesta questão das barbelas.

A barbela é o ressalto de metal saliente que podem ver por baixo da ponta. Serve, hipoteticamente, para impedir o deslizamento do arame para fora da boca do peixe.

Se servem para nos dar o peixe de mão beijada, também podem servir para impedir que o consigamos.
O desenho de uma barbela é porventura a mais difícil tarefa de um designer de anzóis.
Se esta for demasiado pronunciada, (e sim, há anzóis que a têm aberta em excesso....) acaba por ser nefasta para a função de ferragem do peixe.
Por definição, um anzol sem barbela penetra infinitamente melhor que um outro com barbela. Ou seja, quando ela não existe o primeiro contacto fica facilitado já que o efeito de agulha de um “barbless” leva o arame metálico a penetrar bem mais fundo na boca que o morde. Penso que isso seja consensual.
A questão é saber se aquilo que se segue compensa esse primeiro efeito de penetração do anzol sem barbela.
Somos capazes de trabalhar o peixe até às nossas mãos sem que este escape?
Ou por azar e má sorte iremos perder muitos dos peixes que conseguimos ferrar? Afinal em que é que ficamos?
Esta é a grande questão, e não há uma resposta certa e única: depende do peixe e da consistência da sua boca, da forma como puxa a linha, do seu comportamento quando junto ao barco.

Um mero é um peixe que, após subir alguns metros, já não consegue voltar ao fundo por razões de descompressão. Os últimos metros até à superfície são pois perfeitamente pacíficos, isentos de riscos de desferragem. 

Por contra, com uma barbela grande, mais aberta, teremos de considerar que o esforço de ferragem terá de ser bastante superior.
Neste caso é imperioso que depois de a ponta aguçada entrar, ainda tenhamos capacidade de penetração suficiente para que a zona da barbela entre, que o impacto seja suficientemente forte para conseguir alargar o furo até permitir a passagem da ponta metálica mais a sua barbela saliente.
E isso nem sempre acontece.
Por vezes os toques dos peixes são tão ruins, tão fracos, que mal chegam a permitir uma penetração suficiente até à barbela. O peixe bate no anzol mas sem entusiasmo, sem força.
Chamamos a isso de “peixe a morder mal”, ou a “picar mal”, e essa subtileza de acção dos nossos queridos peixes deixa-nos absolutamente desesperados. Nesses casos, dispor de um anzol com uma barbela de baixo relevo pode ajudar sobremaneira.

Há bocas mais frágeis que outras, algumas são facilmente trespassadas por só apresentarem cartilagens.

Há fábricas que produzem anzóis sem barbela.
Pode para alguns de vós ser um grande contrassenso, mas não é.
Pescadores que têm como princípio o “catch & release”, a captura e solta, não fazem questão de ter a retenção do peixe como primeiro factor de prioridade.
De resto nem sequer irão ficar com o peixe, logo se algum conseguir escapar apenas esboçam um sorriso e continuam a pescar.
A vantagem imediata de pescar exemplares com anzóis sem barbela é que os danos provocados aos peixes são muito menores.
A desferragem é feita de forma mais fácil, sem rasgar músculos ou danificar ossos ou cartilagens. Esse factor pesa quando se adquirem os anzóis e chega a ser determinante em casos muito especiais, o caso de quem pesca os grandes GT`s, um peixe que nunca pressupõe o seu consumo para alimentação mas sim o guardar de uma memorável foto de um grande combate.
Nestes casos, os guias de pesca aconselham os pescadores a limar as barbelas, ou até a adquirir os enormes e pesados triplos já sem barbelas.

Vamos no próximo número do blog continuar a aflorar algumas questões relacionadas com o fabrico de anzóis.
Espero que para vocês tenha interesse ler um pouco sobre o tema.


Vítor Ganchinho


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