AMAZÓNIA - CURIOSIDADES - CAP IV

Quando visitamos um país estrangeiro, há a normal tentação de trazermos um pouco desse país para casa.
Isso é feito sob a forma de uma recordação, de algo que nos recorde os bons momentos passados.
Muitos países proíbem, e bem, a passagem de corais, penas de aves, etc, de forma a não estimular a exploração deste tipo de recursos.
No fundo pretende-se preservar o meio ambiente através da “não venda” de tudo aquilo que é natureza.
Em países como o Brasil, com uma pressuposta carga ambiental acrescida, há que ter bastante cuidado com aquilo que se compra. Ainda mais cuidado.
Os produtos relacionados com natureza podem dar-nos fortes dores de cabeça na alfândega, não sendo a apreensão do produto o mais grave. A prisão é algo não fora de causa.
É estritamente proibido adquirir produtos que possam colocar em perigo a estabilidade da vida animal e meio ambiente.
Mas os locais querem vender...


Devemos pois ser previdentes, firmes, e não comprar. Mesmo que saibamos que os nossos filhos iriam adorar ...devemos manter-nos inflexíveis.
A minha filha queria que eu lhe trouxe-se uma...capivara bebé, e eu encontrei-a:

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.

Um animal típico das zonas alagadas do Brasil: a capivara.

Na verdade um estrangeiro acaba sempre por ser visto como uma potencial fonte de receitas. Por todas as razões e mais uma.
Nem que seja para comprar um desvalido animal selvagem, um resistente capacete de mota em penas de arara ou um par de óculos “Rim Bam”.
Dos originais, claro.
E se isto não bastar, têm sempre a possibilidade de adquirir uma garrafa de cachaça caseira, batizada com o nome de um famoso whisky, o White Horse.


Depois de um horror de fotos perdidas, de oportunidades únicas desbaratadas, de imagens absolutamente espectaculares deitadas para o balde do lixo por falta de qualidade, resolvi ter uma conversa muito séria com o meu barqueiro.
A bem, com bons modos, tentei explicar-lhe que o momento conta, que viver a experiência é muito bom, mas que nós europeus gostamos de imortalizar em foto os melhores acontecimentos.
Até para os podermos passar e partilhar com os nossos amigos, aqueles de quem gostamos muito.
Falei-lhe de profundidade de campo, de enquadramento, de princípios gerais de conjugação de cores. Pareceu-me entender.
Mostrei-lhe inclusive que podemos focar ou desfocar fundos, para darmos maior destaque a algo que queiramos realçar.

Passei com ele meia hora a explicar detalhes de como podemos fazer melhores imagens.

Por vezes ganhamos algo em instruir quem está à nossa volta de como podem valorizar as imagens, e com isso ajudar-nos a sermos melhores no desempenho das nossas funções, na circunstância a apresentar um artigo com mais interesse.
Daí a pouco fiz um tucunaré bonito, um 61 cm. Pedi-lhe para me fazer uma foto.
Fez isto:


Num barco onde coabitam uns 15 ou 16 homens durante oito dias, o ambiente é algo que deve ser cuidado por cada um para que não aconteçam problemas.
Pensar no “nós” e não no “eu” é uma boa medida. Boa disposição, alegria, disponibilidade para colaborar nas tarefas a bordo, tudo ajuda a criar bom ambiente.
Ou não fosse o Brasil a terra onde isso é sinónimo de respirar, a dada altura alguém resolveu fazer uma partida de Carnaval: fazer o sorteio de uma caixa de Viagra.
Saiu à casa, ninguém quis ganhar.

O “artista” que me fotografou foi este: o grande Queirós.
Conhece aquelas águas como ninguém...

Cada barco de apoio (eles chamam-lhe “voadoras”), sai com duas pessoas.
A mim, por inerência de companheiro deveria caber-me o meu amigo Evandro, um paulista que conheço há uns vinte anos. Boa pessoa. 
Acontece que ele é um cepo em pesca. Boa pessoa mas francamente alguém que só iria atrapalhar-me a pesca.
Afortunadamente ele apareceu com uma disenteria agravada, motivo mais que suficiente para não poder sair do barco hotel.
Nada mais conveniente para mim, que o deixei a pão e água durante quatro dias, leia-se a viver entre a casa de banho e a casa de banho.
Já com alguns peixes colunáveis no meu registo resolvi aliviar a pressão. Perguntei-lhe: “Evandro, por acaso não quer tomar algo para a diarreia? Eu tenho na minha sacola de medicamentos …Imodium”…
Daí a poucas horas estava bom.

As lanchas em alumínio são os barcos indicados para um ambiente agressivo. São equipadas com pequenos motores de 30 HP, o suficiente para o trabalho.

Vou dar-vos conta das dificuldades de deslocamento dentro da selva, daquilo que é necessário fazer para entrar nas lagoas e recantos mais isolados.
Vai sair no próximo número e prometo que as imagens em vídeo são francamente interessantes.
A não perder.


Vítor Ganchinho


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