AMAZÓNIA - A DIFICULDADE DE LANÇAR UMA AMOSTRA - CAP XI

A maior parte de nós acha que é capaz de lançar com precisão milimétrica uma amostra e acertar exactamente onde quer.
Pode ser que sim, mas por vezes as condicionantes são muitas, quer porque não há espaço fisico para lançar, quer porque a boa trajectória aérea não existe.
Prender uma amostra na mata não é algo que não aconteça muitas vezes. A questão é: como retirar essa amostra das árvores?
Vamos ver como se faz, por aquelas bandas...

Podemos lançar muito bem, mas aqui necessitamos de mais que técnica...

A fadiga que se instala ao fim de alguns dias leva-nos a cometer erros.
Inconscientemente o corpo começa a proteger-se da carga de lançamentos, cerca de 1500 /dia, e deixa de actuar com a precisão necessária.
Passa a ser ...”mais ou menos”...

Vejam os filmes:



Clique nas imagens para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.

Por cada peixe fazemos centenas de lançamentos.

A questão que se coloca é que estamos umbilicalmente ligados à quantidade de precipitação.
Se chove pouco, a bacia de água baixa e os peixes são obrigados a voltar para a “caixa”, ou seja, para o leito do rio normal.
Tornam-se aí mais acessíveis, passamos a ter argumentos de peso para os conseguirmos. Mas se a água sobe, então o flagêlo dos lançamentos difíceis retorna e tudo se complica.
Passamos a colocar a amostra nas árvores com mais frequência.

Aqui não é difícil ter uma amostra presa nos troncos. Estes que veem e os outros que estão submersos...

Frequentemente as águas baixam e deixam lagoas isoladas, sem comunicação com o rio.
Nesses locais, e pese a dificuldade de se conseguir entrar, há normalmente peixes de bom tamanho que se deixaram aprisionar.
Estarão por isso mesmo mais receptivos a morder uma amostra, e são um alvo. Os barqueiros procuram os caminhos que nos levam a essas águas, e não raras vezes a única opção é arrastar o barco por algumas dezenas de metros.
Quando lá dentro, as possibilidades de pesca existem e são exploradas.

O trabalho desta gente é de louvar, a sua persistência não tem limites. Tudo por um tucunaré!

Fisicamente o trabalho de lançar amostras é duro. Em certas circunstâncias pode ser ainda mais desgastante, por exemplo quando as distâncias a vencer são longas, e temos vento de frente.
A questão é que quanto mais nos aproximamos do peixe menos hipóteses ele nos irá dar de morder...
Para isso, para não os assustar, as lanchas estão equipadas com motores eléctricos, carregados todas as noites a partir de um gerador aplicado no barco mãe.

Lançar e lançar. Fazêmo-lo repetidamente durante todo o dia.

Um dos meus colegas perdeu algum tempo a contar os lançamentos feitos em 10 minutos. A seguir multiplicou por seis e a seguir pelo número de horas de pesca médio. Chegou ao número de 1500 lançamentos /dia!...
Pequenos detalhes como a utilização de luvas de protecção, o peso dos carretos,o diametro das linhas, o peso das amostras, etc, contam imenso.


Tudo pelo rei dos mangais: o tucunaré.
Evidentemente existem muitas outras espécies, mas esse é o objectivo e ninguém valoriza minimamente qualquer outro peixe.
Toda a pressão de pesca é colocada sobre o tucunaré açu, e seus derivados.
As possibilidades de pesca regular existem, há locais com algum pexie miúdo, mas isso implica abdicar de pescar um grande, e ninguém o faz.
Até ver, o recorde mundial de tucunaré é de 94 cm, um colosso que pode rebentar facilmente linhas 0.70mm em fluorocarbono.
A questão é que eles estão sempre colados a zonas de mato, com troncos...

Vejam o filme:

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Libertar. Libertar sempre, quer por lei instituída quer por convicção própria. Proteger a natureza sempre.

Por vezes é difícil, ou impossível conseguir desenganchar a amostra. Nesses casos, a solução pode ser bem mais radical: subir à árvore, cortar o galho ou mesmo ...cortar a árvore.

Vejam os filmes:


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Eles escondem-se bem, dentro do mato, e aí só com muita sorte conseguimos introduzir uma amostra.

Temos mais para ver...


Vítor Ganchinho


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1 Comentários

  1. Pedro Evangelista24 novembro, 2025

    Parecem as minhas incursões na ria formosa! :)

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