Habituado a pescar à linha o peixe que como em casa, e a ter por isso o meu próprio padrão de peixe fresco, não é ainda assim raro ir comprar peixe ao mercado de Setúbal.
Falamos de um dos melhores mercados de peixe do país e muito provavelmente da Europa. Tem padrões de higiene que nos satisfazem, achamo-los bons, e por isso compramos o peixe. E todavia, achei que estava num outro mundo, um patamar superior, no dia que entrei numa peixaria no centro de Roterdão, na Holanda. Aí, o peixe é vendido devidamente processado, inteiro, em filetes, aos cubos, dentro de embalagens de papel recicláveis, tudo a um nível que não estamos habituados. Do lado de fora, olhando a montra, pensei tratar-se de uma joalharia. Dentro, o chão polido, arte nas paredes, e algo que me chamou a atenção: sem cheiro, aquele cheiro entranhado a pescado.
Na verdade tudo é melhor. Excepto o peixe. Falamos de peixe que é na sua esmagadora maioria importado dos grandes produtores de peixe de viveiro, as piscifactorías francesas, que exportam peixe e marisco produzido, via camion e avião. O processo de captura, transporte em frio, distribuição para venda torna aquilo que para os holandeses é um peixe fresco, em algo que para nós tem um interesse nulo. Mas nós temos peixe de mar e sabemos a diferença.
O autor com uma dourada das boas, com 4 kgs, pescada com caranguejo pilado. |
A Pedra 21 - GO Fishing no seu melhor. |
Vítor Ganchinho