Por vezes, recebemos visitas na nossa loja de Almada que nos deixam a pensar que o mundo em que vivemos é do tamanho de uma ervilha.
As pessoas aparecem, fazem perguntas e querem saber mais e mais sobre os nossos peixes. Ficam espantadas com aquilo que felizmente ainda temos, águas limpas, pouco poluídas, e peixe.
Olhando ao que se vai vendo por outras paragens, não nos podemos queixar muito. Escutando os relatos dessas pessoas percebemos que Portugal ainda é um oásis no meio de uma desertificação que teima em persistir.
Essas pessoas, quando têm a pesca como hobby, acabam por ver o que existe, eventualmente comprar materiais para levar para os seus países de origem.
Mas nem teriam de o fazer, o seu interesse em saber de nós e a troca de impressões sobre a realidade de outros países já seria motivo para valer a pena o tempo que passamos com eles.
De quando em quando, há um que tem disponibilidade e aceita um convite para fazer connosco uma saída de pesca. Isso é sempre uma oportunidade para mostrarmos o que de bom temos no nosso mar, e para recebermos como só os portugueses sabem fazer: com muito carinho, de braços abertos.
E nós temos muitos casos, cada um mais bizarro que o outro. Falo-vos hoje de Duong Trang, de Hong Kong, 22 anos, e Nu Xuân, uma simpática Vietnamita de 23 anos, uma fina representante de Ho-Chi Minh, da República Socialista do Vietnam, uma dupla muito simpática e que são um bom exemplo disso, da mobilidade que as pessoas têm hoje em dia.
A Vietnamita Nu Xuân, uma simpática e bonita miúda de 23 anos, de visita ao nosso país. |
Estar no mar e ver as nossas aves marinhas, os nossos golfinhos, já é passar um excelente dia. Se juntarmos a isso o facto de se conseguir pescar, ainda melhor.
E daqui ou dali, a verdade é que se consegue sempre algo, há sempre motivos para voltar mais tarde. Portugal sabe receber!
Neste dia, as lulas picavam furiosamente, a qualquer hora do dia, nos jigs que tinhamos reservados para os pargos. No fim da pescaria, sete ou oito lulas de razoável tamanho alegravam a caixa de peixe.
Não deixa de ser estranha a mobilidade possível a alguém que queira ir pescar do outro lado do mundo. Em rigôr, podemos ir onde quisermos, pescar onde quisermos, e para isso basta um bilhete de avião.
Poderia falar-vos de uma pessoa que é director do Louvre, Frederic Guironnet. Esta pessoa veio ter connosco apenas para pescar uns peixes. À partida vir alguém de França para pescar em Portugal não seria extraordinário, a não ser que a pessoa tenha chegado ao aeroporto, tenha tomado um taxi para Sesimbra, feito uma jornada de pesca connosco, e logo de seguida, quando chegámos à marina, tenha chamado um taxi para o levar de urgência ao aeroporto de Lisboa. A ideia era seguir para casa, em …Paris. Porque o propósito era ir jantar a casa….posso dizer-vos que conseguiu.
Este simpático francês veio a Portugal, pescou e voltou a casa no mesmo dia.
Frederic Guironnet com uma dupla de pampos. O peixe capturado foi oferecido a uma instituição de solidariedade social. |
Vítor Ganchinho