Trago-vos uma outra história que atesta que “quando um homem quer, a obra nasce”….
Estava eu a deambular por uma das incríveis ruas da aldeia de Yoff, que podem ter um metro de largura, ou menos. E fui desaguar a uma rua mais larga, mas não demasiado larga para albergar duas viaturas ao mesmo tempo.
Buzinar indefinidamente é algo que ali se tornou tão natural que na verdade ninguém liga. Eu, na minha qualidade e inocência de europeu, pareceu-me que apitar daquela forma era um despropósito, qualquer que fosse a razão. E olhei a ver o que se passava.
Dei com um carro que queria sair de uma travessa e outro que queria entrar. Dado que não podiam fazer o movimento ao mesmo tempo, seria lógico que um cedesse a passagem. Mas a mente humana tem razões que a razão desconhece, e ambos insistiam que o outro teria de sair dali para ele próprio passar em primeiro. Tentei demover um e outro, e finalmente, um deles acabou por me ouvir.
O outro, o que tinha “ganho a guerra”, nervoso do combate psicológico que tinha travado, calculou mal o ângulo de saída e esbarrou com o carro contra a parede. E rebentou o pneu da frente, mas continuou a insistir em passar.
Fui a correr à janela do carro a dizer-lhe que estava a destruir a viatura! Que não, que se ele queria passar assim, passava e ninguém tinha nada a ver com o assunto.
Quando se calcula mal o ângulo, ….as coisas acontecem. |
Na verdade, bastava fazer um pouco de marcha-atrás e recalcular o ângulo de saída, e tudo ficaria solucionado. Mas isso implicava ter de assumir que teria de voltar atrás. E o outro condutor estava a ver….
Fiquei mais uns minutos a ver como acabava esta tragédia anunciada. O resultado final foi que toda a parte direita do carro ficou amolgada e sem tinta. O ruído da chapa a amolgar e raspar contra o cimento era de cortar a respiração.
Quando me preparava para fotografar, arrancou a dar rateres, com uma roda em baixo, o pneu a bater no pára-lamas, mas sem me deixar fotografar.
Orgulho de macho ferido….?
Vítor Ganchinho