TEXTOS DE PESCA - Adeus fortuna dos sogros. Só bogas!... - Parte I

Voltei a escrever. Eu, que estava enclausurado, proibido pela junta médica de pegar numa caneta, a bem dizer arrecadado em regime de pulseira electrónica de textos, voltei a escrever. Bem sei que preferiam que eu tivesse partido uma perna em quatro sítios, com fracturas expostas, mas acredito no destino, e se tem de ser, pois aí vai. Leiam lá isto. Não apanham cataratas na vista, e podem ler, mesmo que seja como a minha mulher: em diagonal, a despachar, e pelo canto do olho. 
Saí cedo para a pesca, como eu gosto. Estava um daqueles dias em que mais valia ter ficado na cama. Um temporal medonho, o vento a soprar forte, mesmo muito forte, a água a entrar no barco, a molhar tudo, a espirrar por cima dos anzóis empatados, da mochila da comida, do alicate chinês em aço inox da tanga, daqueles que ganha ferrugem um dia antes de levar com água salgada. Mas o meu barco de borracha não treme, e lá foi, aos tombos, tão a direito quanto podia. Com vagas do meu tamanho, um céu cinza chumbo, perguntei-me: “o que é que tu estás aqui a fazer”?...



A razão era uma e só uma: conseguir um bom peixe para o jantar desse dia. Tinha convidado os meus sogros para jantar, e queria fazer boa figura. Para além de tudo, estava com uma secreta esperança de ser incluído no testamento deles. É rapaziada com dinheiro, roupas de marca, bons carros, …um laranjal, plantações de cebolas, duas nespereiras, …acho até que devem ter iates e aviões escondidos em qualquer lado. 
O mar estava a piorar a olhos vistos. Muito vento sim, mas é a fé que nos move. Pensei na fortuna que podia herdar, firmei as mãos no volante e dei gás ao motor. Olhei novamente para o céu carregado. Estava negro! Se esta é a maneira fácil de enriquecer, imagino-a difícil. 
Lá chegámos! Acreditei no pesqueiro. Gostei da pinta dele. Isto já me aconteceu antes, não é nada de novo. De resto, também acredito fortemente nos 3 pastorinhos. Olhei para a água, mexida, mas com boa cor, bem azul. Fiz rapidamente uma triangulação perfeita entre o campanário da Igreja da Serra de S. Luís, a porta da taberna do Zé Pedro, o decote generoso da morena que ia a passar na rua, e a Estrela Polar. Com a triangulação destes quatro pontos bem definida, lancei. A chumbada desceu rapidamente, até desaparecer lá em baixo. Igualzinho ao meu saldo no multibanco. Benzi-me três vezes, como um toureiro que vai à praça enfrentar o bicho, e esperei o desenrolar das últimas espiras de fio. Subitamente, parou. Sinal de chumbada no fundo. As minhas mãos habilidosas, de pianista, baixaram a alça do carreto, numa manivelada rápida e decidida, como um corte de um cirurgião na pele de um gajo desconhecido. Eis-me preparado para ferrar ao mínimo toque. Os meus olhos experimentados, focados na ponteira, aguardavam a mais pequena vibração. E foi num instante. Ao fim de 20 minutos, ei-lo. Um carapau. Mas um carapau grande, enorme. Enquanto senti vida, e olhando ao tamanho dos dentes afiados, hesitei em passar da proa para a popa.  Que se lixe a sandes de torresmos, é melhor esperar. 


 
A partir daí, as picadas fraquejaram. Cada vez menos sinais. Apenas uns toques espaçados, suaves, diria até maricas. Ali estava eu, esmorecido, a ver a vida andar para trás, a fortuna dos sogros a esfumar-se. Queria sair daquele infortúnio, daquele estado lacrimejante, mas sem um toque, uma pequena picada que fosse, era difícil. Olhava a ponteira, e via-a estática. Longa e parada como uma fila da 25 de Abril num domingo à tarde. Completamente hipnotizado continuei a olhar para aqueles milímetros de carbono, do especial, de alto módulo. Como se dependesse da minha vista eles vibrarem, mexerem mais ou menos. Mas tudo parado. Como se os peixes estivessem petrificados, embalsamados como múmias, embebidos em formol. 
Gostava de fazer aqui uma ressalva: eu nem sou de me queixar com o facto de ter mais ou menos picadas. Tudo é melhor que um pontapé nas costas. Mas aquilo estava mesmo fraco. Não podia ser da minha técnica. De resto até sou conhecido pela perfeição com que pesco. Isto são coisas que já têm décadas. Já vem de miúdo, quando uma cigana me leu a mão e me disse que o meu futuro era a pesca. Eventualmente estaria a referir-se a uma brilhante carreira de ajudante numa traineira da pesca de arrasto, mas quando pedi para me lançarem as cartas, pareceu-me claro, voltou a dar sinal positivo: saiu o valete de copas, logo, …bom pescador. Pescador, sem dúvida. Se o signo, os astros, o verdete das torneiras, o rabo bronzeado da vizinha de baixo, se tudo aponta para que eu seja pescador, então há que assumir, e ser pescador. 
Estava eu em perfeito estado de meditação, à volta de algo tão profundo como…. “porque é que existe algo mais do que nada?”…, quando nisto, sou chamado à terra por um esticão bem mais mundano: um toque na ponteira. Estava lá em baixo qualquer coisa. Abri bem os olhos e preparei o braço direito para reagir com energia. Um novo toque. Era agora! Com alma até Almeida, ferrei com genica. Uma reles boga. Felizmente ainda há gaivotas. Estavam todas à minha frente, à espera de qualquer coisa. Piavam uns sons graves não entendíveis. Estão roucas, mal da garganta, pensei. Mas comeram o estupor da boga. Para que é que eu queria as bogas?!



Fiquei atento a todos os sinais. Todos os sentidos estavam focados no que estava a fazer. Na corrente, nas gaivotas, nos gansos patolas, no vento, no canal 16 do VHF. Deste último, ouvi música sevilhana, de castanholas. Nem sombra de peixe. Pensei para comigo: calma Vitor, bem mais difícil é arranjar um canalizador ao fim-de-semana. Os peixes só podem é estar a fazer-se finos, como as meninas da avenida de Roma. Ou então não havia mesmo peixe. O que atirava com a questão da herança para trás do sol posto. 
Lembrei-me de engodar. Atirei-me ao trabalho com a convicção de que apenas isso poderia valer-me. É certo e sabido que são sempre os mais pobres e aflitos os que tomam a dianteira dos sonhos, das quimeras, pois são aqueles que mais necessitam. Já estava ganindo por um toque. Uma pequena picada que fosse. 
Após 2 horas de esforço febril de engodagem, estava convencido de que estaria perto do êxito. Atirei lá para baixo com tudo o que veio à cabeça, desde filetes de cavala fininhos, sardinhas de conserva em tomate, jaquinzinhos fritos de um dia para o outro, ovos cozidos biológicos, camarão ao alhinho, um panfleto com convocatória da CGTP intersindical, relógios de pulso da Kalvin Klein. Aquilo tinha de resultar. Olhei lá para baixo e pareceu-me ver sombras debaixo do barco. Muito bom sinal. Caranguejo pilado não era. A Catarina Furtado também não. Pressentia a eminência de algo grandioso. Voltei ao trabalho de engodagem com coragem redobrada, mais três quartos de hora. Já não tinha mais nada para deitar para baixo. Lembrei-me que tinha comido em casa um pacote com meia dúzia de pastéis de nata, dos bons, do Restelo, com muita canela. Meti dois dedos nas goelas, e lá foram. Dei aquilo por findo, por engodado. 

Engodando bem…com tudo o que tinha no estômago.


Ali estávamos, eu e o meu companheiro, o Zé Roque, aproados ao vento, esperando o momento certo. Decidi dar-lhes uns minutos, para ganharem confiança. Fui comer uma sandocha de queijo de Azeitão. Estava empapada em água salgada. Dei por mim a prometer que, se me picasse uma faneca gorda, iria a Fátima de joelhos, de costas, em marcha atrás. Provavelmente muitos dos peregrinos que vemos nas estradas, têm a ver com promessas feitas à conta de fanecas gordas. Já aceitava qualquer coisa. Mesmo até um besugo. Acho os besugos parecidos com os gatos. São interesseiros, só aparecem quando têm interesse na comida. 
O Roque olhava a água pensativo. É verdade que ele tem um equipamento de 1864, e uma técnica de pesca ainda mais antiga, do tempo do Viriato. Mas devia ser suficiente para ter um toque. De resto, ele tem uma relação com os piços de longa data: amam-se! É como o fósforo e o rastilho, não vivem um sem o outro. Mas não abria a boca, e estava a vê-lo a meditar muito. O vento continuava a aumentar. Não queria acreditar que estava arrependido de ter vindo comigo. Ele adora pesca. E não se vai para a pesca sem querer. Não é como um cão vadio que vai à bola, preso pelo pescoço com uma corda de nylon! Ou se gosta ou não se gosta!
O que eu gostava mesmo era de cravar um pargo grande, um bom sargo veado de 3 kilos, uma corvina de 20 kilos, ou uma dourada matulona, do tamanho daquela que fugiu ao Cristo Rei de Almada. É por demais evidente que todos os pescadores são mentirosos, e o Cristo Rei sabe bem que há muito poucas douradas daquele comprimento. Mas isso já é inerente à função. Sem a vontade de esticar o peixe metros e metros, que motivação poderíamos ter para nos levantarmos da cama noite cerrada, pegar num lanche, …e irmos para o meio das vagas, enfrentar o frio, o vento, a possibilidade de sermos gozados pelos amigos?
Voltei a olhar para o GPS. Estávamos no sítio. De resto, tinha as marcas de terra. Em termos de localização de pontos, não há que saber: o sistema bom é o da triangulação de pontos, com marcas em terra. Nunca falha. Permite afinar o ponto de pesca ao milímetro. E quantas vezes um milímetro faz a diferença entre uma boa ou péssima pescaria. Mas com o dia assim, estava tudo lixado. Começou mesmo a chover. Uma gotinha aqui, outra ali, e ao fim de minutos, era uma borrasca enorme. Quando a sorte não penetra, chapéu….
Estava a correr mal. Meditei sobre a possibilidade de fazer uma viagem. Por exemplo, viajar até à falésia do Cabo Espichel e destravar o travão do carro. E é nesse momento de angústia que, de súbito, …surge um ligeiro toque. A ponteira da cana vibrou. Nos instantes seguintes, subiu e desceu como os peitos grandes de uma loira de 32 anos, debaixo de uma camisola branca molhada. Movimentos ritmados, sedutores, e para mim, que estava naquele estado de anorexia piscatória agravado, particularmente interessantes. Ferrei com ganas, e senti imediatamente fazer força e resistência do outro lado. Se puxava em sentido contrário, não era uma loira. Eu sou muito rápido a deduzir estas coisas. Só podia ser um pargo enorme. Ou então a comissão de trabalhadores da estiva do porto de Lisboa, porque aquilo era força do contra, a valer. Espero que a linha aguente, pensei. 



Ó coisa linda! Ali vinha ele do fundo, a dar ao rabinho, a escaminha a brilhar, para as mãos do dono. Vai na volta, …uma boga. E presa pela barriga. Pelo sim pelo não, guardei-a. 
Enchi o peito de ar, tomei dois Xanax, e decidi lançar uma vez mais. Se elas estão a comer navalha, talvez não queiram berbigão. Lá vai berbigão para baixo. Passados segundos, outra boga. Mandei-lhes com mais meia dose de filete de sardinha. Iscada grande! A fé era muita. Vai na volta, outra boga! 
O Roque entretanto, subiu a sua primeira. Ele é muito compadecido com os peixes. Tem imensa pena deles. Esperou algum tempo, tentou ainda assim colocá-la no recobro, mas não havia nada a fazer. Olhava para o peixe dentro do balde, arrependido, como quem está num velório. Finada que foi, passou-lhe o óbito. Via-o apreensivo, estranho. 
Na verdade, o mar estava tenebroso. Colocavam-se no momento várias opções. Sair do sítio, para fugir às bogas que ali estavam. Fugir daquele martírio. Ou aproveitar o facto de cada vez haver menos bicharocos daqueles lá em baixo, …porque nada é infinito. Pensava eu. Porque estava a dar conta delas, a bom ritmo, decidi ficar. Nem que seja até ao fim do ano, até Dezembro, mas eu acabo com as bogas! E estivemos a pescar a última boga antes da última, durante mais três horas. E nunca mais acabava, era sempre a penúltima.
Pensei para mim, isto vai bem é com mais uma sandes de queijo. Já não havia. Não havia sandes, não havia sol, não havia peixe. Nem tão pouco havia um charro de folhas e casca de eucalipto, bem moídas e trituradas. Embora não seja coisa que dê uma pancada por aí além, sempre dá para desentupir os brônquios. 
Estava a ver que não ganhava a vida com a pescaria. A isca é caríssima. Meditei um pouco sobre salário. O verdadeiro significado da palavra “salário” é exactamente o pagamento de um serviço em sal. Era assim nos tempos dos romanos. Hoje tenho dúvidas de que um qualquer futebolista famoso aceitasse jogar em troca de dois camions de sal….embora na altura isso significasse a independência do atleta. Também tenho dúvidas de que algum romano da época aceitasse fazer os ridículos cortes de cabelos e tatuagens parvas que por aí andam. Eu, a fazer uma tatuagem, seria sempre a dizer “Leninha”, em letras grandes. Como sou muito forte e musculoso, e tenho um peitoral enorme, daria até para escrever “Maria Helena Carvalheira Neves, best wife in the world”. Tudo seguido, em letras garrafais. Uma mulher impagável! Quando vou para a pesca, descongela frango. 
Estava preocupado com o Roque. Tinha o olhar fixo na ponteira, e achei que estava em apneia. Vi-o a ficar roxo. Seguramente estavam a passar-lhe coisas estranhas pela cabeça. Tinha uma cara crispada que não era dele. Daquelas caras crispadas de pessoas que nunca conseguirão obter um cartão de crédito. Estaria enjoado? Realmente, o dia mostrava-se tão ruim e incómodo, que mais valia estarmos no Algarve, em Agosto. 

Concentrei-me novamente na minha cana. E eis que chega um leve tremor, e de repente um esticão decidido, forte e continuo como o comboio de Sintra. Os músculos do meu braço contraíram-se rapidamente, e aí estava o artigo, a peça genuína, o peixe na ponta do anzol. Pela forma como cabeceava, só podia ser o Slimani. O Rui Águas já não joga. Imaginei-me a fazer uma tatuagem com a latitude, a longitude, a data e o peso do bicho. Eram escamas a esvoaçar por todo o lado! Puxei como um culturista possesso durante um minuto. Era uma luta de galos. Para mim era muito grande! Não me parece evidente que um peixe magro puxe pouco. Afinal de contas, passamos a vida a dizer que os gordos são menos aptos fisicamente. Mas aquilo tinha peso, era um pargo grande, a cana estava toda tensa e dobrada! Estava a ficar com os tintins apertadinhos, a linha parecia-me cada vez mais fininha. Aquilo era mesmo de palavra de honra. Afinal, …vai na volta, mais uma boga pela barriga. Esta era seguramente uma boga aditivada, cheia de força. Quando chegou cá acima achei-a longa, em forma de baguete de pão francesa. 

Bogas aos molhos, e malcheirosas…


Comprida e roliça! Ó coisa boa!…melhor que aquilo só espetar um anzol no dedo, até ao osso, com a barbela bem presa. Já me disseram que isto das bogas aparecerem a certas pessoas, pode ser efeito da rinite alérgica. Os mosquitos também escolhem pessoas com o sangue mais doce. Na verdade, não é que eu seja supersticioso, ou ligue a coisas esotéricas, mas acho que se eu meter gasolina no barco num valor em euros par, tiro menos bogas. Quando termina em ímpar, é uma chatice. Muitas vezes os condutores que estão na fila de abastecimento, não entendem estas subtilezas da pesca, e o tempo que leva a preparar uma boa pescaria. 
Já estava a acusar alguma desidratação. Não gosto de beber demasiado a bordo. Muita água faz-me vomitar. De resto, a mim o que vai bem é a aguardente de figo queimado. Aclara-me a voz quando canto. Dizem que cantar chama o peixe. No meu caso, chama pouco peixe. Em dez quilómetros em redor, estou certo de que, peixe de qualidade, nem uma escama. Não havia nada.
Pensei para mim: tenho de manter a cadência. A este ritmo, até Dezembro acabo as bogas. A minha mulher, sempre compadecida com as minhas tentativas de agradar à minha sogra, sua querida mãe, e perfeitamente convicta de que casou muito bem, com a pessoa certa, estraga-me com mimos: mandou-me uma omelete de ovos com cogumelos. Daqueles vermelhos com pintas brancas. Durante horas, senti o veneno a trabalhar no estomago. Ainda assim, não podia desistir. Com a minha habitual calma, arrojo e desprezo pela vida, montei mais um anzol na linha madre. Estava agora com dois anzóis com ganso coreano, e um com batata frita com sabor a alheira de Mirandela. Não podia falhar.
( continua, no próximo número, talvez com mais bogas )


Vítor Ganchinho



3 Comentários

  1. Bom dia Vítor,

    Sei que tarefa de agradar aos sogros é algo que exige um alto nível de empenho, audácia e um total desprezo pela vida, porém e pelo que estou a constatar nas suas palavras, essas margens foram largamente ultrapassadas!

    Apesar de já ter ouvido por aí alguns relatos de que em tempos passados, as bogas seriam uma iguaria, penso que fica muito equivalente ao valor gastronómico da carpa!

    Grande abraço,

    A. Duarte

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    Respostas
    1. Boa tarde António Duarte


      Nós para ficarmos bem vistos pelos sogros somos capazes de iscar com sardinha e limpar as mãos às calças...
      No Alentejo, há muitas dezenas de anos atrás, tirando os carapaus e as sardinhas moídas, as bogas de três dias eram o único peixe que chegava aos pequenos centros populacionais. Por uma questão de preço eram aquilo que era acessível a quem ganhava muito mal. Mas estamos a falar de algo generalizado, repare que em Itália, uma sardinha era pendurada com uma guita pelos olhos, e pendurada de uma armação montada na mesa. Mais ou menos aquilo que ainda hoje é feito na Madeira, com as espetadas. Pode ser surpreendente para si, mas havia uma hierarquia estabelecida, em que cumpria ao pai passar o pão em primeiro, a seguir a mãe, e a seguir todos os filhos, por ordem de idade. No fim desse " passar de pão pela pele", a sardinha era cortada aos bocados, cabeça incluída, e dividida por todos. Falamos de uma sardinha para 4/ 5/ 6 pessoas. As bogas no Alentejo eram comidas assadas, e estimo que o sabor seja mais ou menos o das suas carpas de barragem, peixes que se alimentam basicamente de lodo. Mas deixo-lhe uma boa receita de carpa:

      1- Pega na carpa e escama-a com cuidado. A seguir, abre a carpa e retira as tripas. O passo seguinte é fazer filetes, não muito grossos, retirando uma ou outra espinha que possa ter ficado. Pode fazer com uma pinça, sendo que é um processo longo, mas compensa.
      2- Quando tiver a primeira fase concluída, tempera a carpa com sal, um pouco de alho picado, fininho, e oregãos. Barre bem os filetes todos. A seguir coloca sumo de limão e deixa marinar algumas horas.
      3- Entretanto, pega num bife de vaca não muito alto, esfrega com alho e um pouco de sal.
      Vai à frigideira com um pouco de manteiga, e deixa alourar, não demasiado, para não ficar rijo.
      4- Volta à carpa, que nessa altura já tomou o gosto do limão e das ervas aromáticas. Pega nos filetes e passa por farinha de milho. Tem de ficar bem panadinho. Vai a fritar no molho que ficou do bife de vaca.
      5- Quando terminar de fritar os filetes de carpa, pega na frigideira e nos filetes de carpa, e lança tudo pela janela. E come o bife de vaca com batatas fritas.

      Depois diga-me se não fica bom....



      Abraço
      Vitor Ganchinho

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  2. Viva,

    Os meus avós paternos ainda vivos, muito falam da sua já longa vivência e inevitavelmente as comparações dos tempos passados e a nossa actualidade.
    Muitas vezes oiço falar da boca de minha avó, que um carapau era dividido entre ela e o irmão!
    Não conhecendo a realidade, conheço muito bem quem de facto passou por ela.

    Essa receita da carpa em particular não conhecia, conhecia sim, uma semelhante a famosa carpa no forno.
    Muito semelhante à sua e com desfecho idêntico, mas com a particularidade de não ter o bife de vaca, o que por si só, faz toda a diferença!
    Fica registado o up-grade, para partilhar com amigos futuros!

    Cpts,

    A. Duarte

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