Frequentemente se associa a actividade da pesca a um restrito grupo de elementos do sexo masculino, quase sempre com uma conotação depreciativa de pessoas menos informadas, de barba por fazer. Nada mais errado. A verdade é que hoje em dia a pesca é algo praticado por todos os grupos etários, dos 8 aos 80, de todo o tipo de profissões, e que inclui as mulheres. E cada vez mais.
O chamado sexo fraco está bem longe de o ser, pescando com critério, aplicando força quando e onde é necessário, e tendo, espantem-se, muito mais sensibilidade que grande parte dos homens para decidir sobre timmings de ferragem, ou de soltar linha.
Aqui Susana Goméz, apresentadora do canal de pesca de Madrid, Caza y Pesca, da Movistar espanhola, a pescar connosco ao tubarão azul. |
Certo que as preocupações das senhoras não são exactamente as nossas. Poucos homens se preocupam deveras com a indumentária, se faz ou não “pendent”, se a calça combina bem com a camisola, ou o estado das unhas no fim da pescaria. Para elas, uma unha partida ou esfolada é um drama que não tem solução.
Desde o inicio da existência da GO Fishing levámos ao mar inúmeras representantes do segmento de cromossomas XX, senhoras de mais ou menos idade. E a imagem que nos fica é de que vale a pena. São atentas ao meio que as rodeia, preocupam-se com questões ambientais, não toleram qualquer falha no protocolo de guardar lixo, e sobretudo plásticos num recipiente para trazer para terra e enviar à reciclagem. Isto é algo que na GO Fishing praticamos desde sempre, e que sei que cai bem às senhoras que connosco vão pescar.
Também têm a noção de que devem libertar peixes, sempre que se trate de um exemplar juvenil, ou que tenha pouco interesse culinário.
A minha filha Mafalda, desde pequena a conviver com o mar, os peixes e a pesca. Desde pequena que a levo comigo para a pesca. Desta vez o peixe é maior que ela… |
Nunca saberemos a idade, porque não perguntamos, mas há uma prevalência de pessoas na casa dos 30 a 50 anos, com profissões de executivas, gerentes de empresas, médicas, engenheiras, advogadas, pessoas que passam demasiado tempo dentro de um gabinete e sentem falta de respirar um pouco de ar puro. A actividade da pesca tem isso, a possibilidade de, com muito ou pouco peixe, permitir sempre que a pessoa se sinta liberta, solta, e longe dos focos de problemas e complicações em que se tornaram as vidas da gente que decide. Sair ao mar já é de si um alívio imenso. Quando a isso se juntam uns quantos peixes, e felizmente há sempre, é ouro sobre azul.
A utilização do telemóvel a meio da pescaria é algo que faz parte do menu. |
A seguir, temos que considerar o facto de estarmos perante uma actividade feita ao ar livre, em plena natureza, com o que isso traz de relaxante. Nos tempos que correm, em plena pandemia, é bom estar do lado de lá, onde o COVID não chega. No mar não há grandes problemas nesse aspecto.
A Dra. Ana a fazer valer os seus argumentos na pesca profunda, com carretos eléctricos. Neste caso, uma pescaria feita na Pedra Garçone, a 450 metros de fundo. |
Ver foto seguinte com o resultado da sua pesca.
Ora aí estão eles, alguns carapaus, mas também gorazes e peixe cantaril, peixe suficiente para fazer um bonito grelhado em casa. |
O resultado da pesca, quando se trata de senhoras, é o que menos importa. Não têm a ambição de encher caixas, e frequentemente acabam por ser elas próprias a lançar peixe excedente à água. São nesse aspecto, muito menos competitivas que os homens, a quem incomoda não ter uma caixa cheia a deitar por fora. As mulheres não medem o sucesso da sua pescaria pela quantidade, mas gostam de ter um ou outro peixe de maior tamanho.
Vítor Ganchinho