TEXTOS DE PESCA - É sempre um prazer rever os amigos da pesca

Olá a todos!

Quem gosta de pesca sabe bem dos sacrifícios que se fazem para conseguir o “tal” peixe. 

Vamos onde for preciso, gasta-se o que for necessário, mas temos de contar com aquele peixe, ter aquela experiência, aquela foto. 
Tenho um amigo que pesca regularmente em França, Bastien Leblanc, e que teve o “azar” de ter sido destacado pela empresa belga para quem trabalha, na área de investimentos em recursos naturais, para ir durante um ano para o Congo Brazaville. Foi o motivo primeiro e único para pegar na sua sacola de materiais de pesca pesados e ir à aventura para zonas inóspitas e nada pescadas. 
Segundo ele, a maior dificuldade nem são os equipamentos, nem os peixes, são as condições naturais, que desafiam todas as crenças e sensibilidade que temos para estas artes da pesca. 
Dizia-me: _ Sabes, na maior parte dos casos pescamos em correntes que são uma loucura de rápidas, e com uma visibilidade quase nula. Sabemos que os peixes estão lá, de quando em quando salta um torpedo daqueles de nos cortar a respiração, mas custa-nos a acreditar que seja possível pescar. 
Sei o que isso quer dizer, depois de ter estado a mergulhar nos Bijagós, em frente à Guiné Bissau, e de ter sofrido horrores por não conseguir ver nada à frente dos olhos. 
Deduzo que pescar na lama não seja a “grande esperança” de nenhum europeu, mas a verdade é que os peixes têm uma capacidade de adaptação incrível, e quando não vêm… cheiram, quando não cheiram sentem as vibrações. 
A verdade é que comem todos os dias, e não há recursos que não sejam aproveitados. 

Um pargo Luciano, pescado com amostra no meio de uma corrente de lama.


O caudal de água dos rios africanos, sobretudo em regiões tropicais, pode ser assustador. As correntes trazem consigo de tudo, desde árvores a animais mortos, de lodos a pedras. 
É difícil para um europeu entender as forças que estão em jogo. E no meio disto tudo, …há peixes. E esses peixes estão ali, porque não podem estar em mais lado nenhum. Entre margens, há toda uma panóplia de vidas que se criam, matam, morrem, e a natureza segue o seu rumo. 
O Bastien acertou na mouche para ir pescar o famoso peixe tigre, com uma dentição descomunal para um animal daquela envergadura. 

Exemplar de 25 kgs, um peso de respeito para esta espécie. Reparem nos dentes.


Fazer pesca nocturna não será exactamente fácil, porque estes rios têm crocodilos e hipopótamos a deambular pelas margens durante a noite. 
São pormenores que os nossos pescadores de sargos não têm de considerar aquando das suas saídas, mas que ali fazem muitos pescadores pensar duas vezes. 
Para além disso, recordo que estamos a falar de águas com muita corrente, sujas de lama, e em que de dia já é difícil pescar. Mas de quando em quando sai um peixe. 

O Bastien com um pequeno tarpon, um peixe que é dos mais fortes do mundo. A sua captura está reservada a quem consegue aguentar firme as suas investidas. Os tarpons podem passar alegremente os 100 kgs de peso.



Faz todo o sentido: à noite, em águas sem qualquer visibilidade, utilizar um popper ruidoso orienta os peixes para a amostra, guia-os para atacarem o engano e possibilita capturas como esta. 

Na circunstância um bonito pargo luciano, com o aspecto coreáceo e agressivo que os caracteriza. Pesquei muitos no Senegal….



Vítor Ganchinho



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