TEXTOS DE PESCA - Isca orgânica versus pesca com jigs

Vivemos num país em que as pessoas só agora, e muito lentamente, despertam para as possibilidades de pesca de técnicas “estranhas”, as chamadas “coisas que vêem de fora”…..

Se a pesca é feita de costa está visto que é uma rolha de cortiça e um anzol. Se há possibilidades de sair de barco, então não há dúvidas, uma chumbada com dois anzóis por cima e vai de navalha, lingueirão ou casulo e está dito. 
Tudo aquilo que não seja cravar uma minhoca no anzol sai fora dos parâmetros habituais, normais, e por isso obviamente não funciona. Não resulta. 
Nada tenho contra as técnicas tradicionais, bem pelo contrário, se existem é porque são eficazes, e utilizei-as durante anos a fio, com bons resultados. Tudo pesca, e nas mãos certas um simples cabo de vassoura com uma linha é uma arma mortífera. 
A questão é que para mim, a pesca implica uma evolução contínua, um querer saber mais e mais, e isso passa por saber também fazer de outras formas. Não me basta repetir até à exaustão aquilo que sempre foi feito, como sempre foi feito. Preciso de mais. 
Aos poucos, passo a passo, vim a entender que aquilo que para nós é novo, é todavia algo de ancestral noutras latitudes, logo já deu provas de que funciona mesmo. No tempo, nenhuma técnica resiste à ineficácia. 

Pedro Miranda com uma bica. Parabéns pescador, fazer um peixe bonito na primeira saída a pescar com jigs é de homem!


O Light Rock Fishing veio para ficar, e o jigging pesado também. Mas a geração que pesca hoje não vai tocar-lhe, não acreditam, isso fica reservado para os mais jovens, aqueles que mais arriscam. 
Dar o primeiro passo é sempre o mais difícil, até porque implica a aquisição de um mínimo de equipamento. 
No meu caso foi assim, comprei todo o equipamento sem ter certezas. Por isso, por saber o quanto é difícil tomar a iniciativa de dar o primeiro passo, a GO Fishing disponibiliza a quem sai à pesca connosco conjuntos completos de canas, carretos, linhas, amostras, jigs, vinis, a quem pretende experimentar, para saber se gosta. Porque as variantes são algumas, sobretudo ao nível do Light Rock Fishing, é conveniente testar tudo, antes de comprar. Nada pior que gastar dinheiro e ter algo nas mãos que pode eventualmente não ser o mais indicado. A arrecadação lá de casa não é um depósito do lixo. Também a ideia de comprar “qualquer coisa” que se assemelhe a material de jigging para ver se dá, é asneira. Desde logo porque se cai inevitavelmente em equipamentos de muito baixa qualidade, que não podem ter desempenhos aceitáveis. Se a uma total falta de experiência e saber fazer juntarmos material ruim, então temos a tempestade perfeita. A possibilidade de resultar é diminuta, e o mais certo é que a pessoa abandone de vez a ideia de vir a ser pescador de jigging. Para além disso, o dinheiro gasto em muitos produtos ruins e baratos serve perfeitamente para comprar material bom, e sobra verba para alguns mimos, umas caixas para guardar jigs, um bom par de luvas, etc. 

É muito divertido pescar os robalos com jigs. Neste caso, fiz este com um jig da Xesta, com 12 gr, e um equipamento ligeiro de LRF. 


Há diferenças entre canas para pescar com vinis e pescar com jigs, o spinning é uma coisa, o jigging é outra. E o jig casting outra. E foi por querer saber mais que eu quis aprofundar conhecimentos, estar bem documentado. Comecei aí a minha investigação mais profunda, experimentando, procurando entender os porquês das falhas, conversando com quem sabe, e pagando os meus cursos. Decisiva terá sido uma ida de uma semana a Valência, na especialidade de Light Rock Fishing, com dois dos melhores pescadores europeus na modalidade. Também muito importantes foram as minhas saídas de jigging no Japão, onde tive oportunidade de pescar com os mestres, os melhores dos melhores. A pesca com artificiais no Japão é tão popular quanto entre nós a pesca com iscos orgânicos. 

Ainda há muita gente que não acredita que os jigs funcionam, mas os peixes não concordam. Pegam e bem!....


E no fim de tudo, esta inquietação por descobrir, por querer saber mais, e ter condições materiais para ir ao mar e testar as minhas ideias. Tenho perante a pesca uma atitude de interrogação permanente. Não me basta pescar, preciso de saber o porquê daquele peixe estar ali, naquele momento, àquela profundidade, com aquela atitude, e aos poucos vim a acumular um conjunto de informação que todos os dias me é francamente útil. E vai daí, utilizando vinis e jigs metálicos, uns dias melhores e outros piores, fui conseguindo resultados. 

Hoje, pescar com jigs ou vinis faz parte do leque de inúmeras opções que tenho, e frequentemente saio ao mar com meia dúzia de canas, em que apenas uma se destina a pescar ao fundo com isca. Quando o faço, normalmente utilizo filetes de cavala fresca, as quais capturo no local, com jigs, claro. Preferencialmente, e porque sou eu que lavo o barco, prefiro pescar com artificiais. Porque é mais limpo, mais rápido, e porque consigo melhores peixes. Os jigs têm essa fantástica particularidade de, sendo selectivos, nos colocarem na ponta do anzol aquilo que há de melhor na zona. Ficar liberto das “miudezas” já é de si um alívio. Não ter de lutar contra a perda de tempo que representam todos aqueles peixinhos que costumam massacrar-nos tempo infinito com as suas boquinhas pequeninas e dentes afiados de velhacos, não tem preço. Logo, jigs sim, porque sim!



Vítor Ganchinho



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