Porque faço a gestão de uma série de empresas, acabo por ter muitas visitas de pessoas estrangeiras, que fazem reuniões de trabalho comigo, e ficam por cá alguns dias a aproveitar a viagem. Desta ou daquela especialidade, ligados ou não à pesca, a verdade é que aparece por aqui gente com regularidade, e acabo por querer mostrar-lhes um pouco daquilo que temos de melhor, quer a nível de paisagens, quer de gastronomia, quer de recursos naturais. A cortiça por exemplo, é um desses produtos, que os deixa maravilhados. Pura e simplesmente não conhecem a cortiça, nem o enorme potencial que tem nas mais diversas aplicações.
Sair ao mar com eles é sempre um pretexto para eu próprio largar o ar condicionado das empresas e respirar um pouco lá fora, no fundo aproveitar a nossa fresca brisa marítima.
E divertimo-nos imenso, a ver os mergulhos dos gansos patolas, a descobrir os cardumes de cavalas, carapaus, a ver o trabalho dos golfinhos na sua faina de alimentação diária.
De quando em quando vai também uma cana de pesca, para tentarmos a sorte aos nossos peixes.
Uma das pessoas que recebi ultimamente foi um amigo australiano, Thomas Graham, que pesca a sério e à força toda no seu país natal. De tal forma que o Tom quis mesmo trazer os seus próprios equipamentos.
Quando o recebi para ir dar uma volta de barco, não quis acreditar no equipamento que trazia consigo: Uma cana de jigging curta, com um grau de dureza significativo, para atuns, um carreto Jigging Master versão PE5 equipado com linha PE8, de 110 libras, ou seja algo como 50 kgs de carga de rotura, e um leader de 1 mm. Confessou-me que tinha trazido o equipamento mais ligeiro que tinha na Austrália, onde com frequência combate peixes acima dos 50 a 60 kgs.
Dizia-me algo como isto: “ _ I have here PE5 reel version with PE8 line. But I feel that it is a bit too small. I can only get about 280m of line on the PE5. I think I would prefer the PE7 reel version with 400m of PE8. This is important if you catch a tuna at 200m down”!
O meu amigo Thomas Graham, com o seu equipamento ligeiro. Na verdade, este carreto é um alador, cheio de força. |
Expliquei-lhe então que quando conseguimos um pargo de 10 kgs já é a loucura absoluta, e isso é apenas um peixinho de colo lá para os lados dele.
Pescador de mares exóticos, o Tom é visita assídua a Madagascar, Tanzânia, etc. Os GT`s são um peixe comum, e ele sabe bem da força que eles mandam.
Por isso está equipado a rigor, com linhas e material que dispensa ligeirezas.
Conjunto de cana e carreto preparado para outros cometimentos. Não temos aqui peixe para tanto… |
Acabámos por passar a manhã a fazer aquilo que ele nunca faz na Austrália: pescar peixinhos pequenos, com equipamentos muito ligeiros.
Na verdade, adorou! Para quem pesca em esforço, peixes que levam tempo e tempo a puxar para o barco, por vezes horas, foi divertido experimentar a pescar miudezas, com micro carretos, tamanho 1000, canas de 2 mts a pesar 55 gramas, e nano-linhas 0.04mm. Ao fim da manhã, com uma remessa de garoupinhas, cavalas e carapaus, tínhamos uma pessoa feliz, entusiasmada por ter descoberto que os micro equipamentos também podem ser muito divertidos.
O carreto da marca Jigging Master, versão ligeira, PE 5, com linha para levantar um combóio. |
A peça é esta, em detalhe:
Tudo teria terminado em bem caso nós tivessemos aqui peixes para este arsenal de pesca. Claro que não temos, ou pelo menos as oportunidades de os termos são tão reduzidas, que nem vale a pena contar com elas.
Eventualmente alguma corvina, um mero, ….um ou outro atum com peso, mas encontrar esses bichos não é coisa de ir meia dúzia de horas e já está.
Quando lhe perguntei que tipo de amostras utilizava por lá, mostrou-me algumas de cortar a respiração:
_ “ Eu trouxe apenas algumas das mais pequenas, para não me fazerem muito peso na mala”….
E dito isto, saca de um popper de 25 cm, a pesar umas 150 gramas, e que pressupostamente seria para tentar aqui os GT´s….
Notei o seu desapontamento quando lhe disse que para conseguir um peixe desses teria de ser capaz de lançar à volta dos 10.000 km de distância, até às águas de Zanzibar, onde os há com 80 kgs.
Vou falar-vos da sua técnica de construção de amostras, (sim, o Tom fabrica todas as suas amostras…) numa próxima oportunidade.
Como é da praxe entre pescadores, acabei por lhe oferecer alguns jigs da marca Deep Liner, topo de gama em todo o mundo, e ele retribuíu oferecendo-me uma amostra da sua produção, com 130 gramas, que só utilizarei um dia que tenha uma passareira de atuns à minha frente e precise de algo …magnum…
É incrível a perfeição que ele consegue com este tipo de amostras, feitas em sua casa. Prometo trazer-vos aqui mais informação sobre esta técnica, logo que me seja possível. |
Já lhe pedi e ele já me confirmou que à chegada a casa vai enviar fotos e detalhes de tudo aquilo que é necessário para poder produzir qualquer tipo de amostra.
Reparem que ele assina todas as usas amostras, com o seu nome, Thomas Graham. |
Vítor Ganchinho