Fomos falar com um pescador de sargos que pesca à noite, para os lados da Ericeira, Marcolino Pereira.
Pessoa de alguma idade, é tido na zona como sendo sério e comedido nas suas afirmações.
Carlos Campos, um estranho personagem. Há quem diga que a sua pele brilha no escuro... |
Ouçam o depoimento:
“Não sei como explicar: eu fui à pesca à noite, para um pesqueiro que não posso dizer o nome. Já lá tenho tirado bons sargos, grados, daqueles de dentes pretos, na enchente. Costumo pescar quando a Pedra do Agapito está quase tapada de água. Estava ainda a montar o estojo, e de repente, sem eu ter ouvido barulho nenhum, apareceu uma coisa à minha frente. Completamente parada. Eu fiquei com a cara escorrida de suor num abrir e fechar de olhos. Deram-me arritmias. Parecia que o coração me ia saltar da boca. A minha mãe morreu assim, quando o meu pai lhe disse que tinha acertado no totobola. Dei por mim e tinha o coração a mil à hora, as mãos a tremer muito, aflito. Primeiro porque me tinham descoberto o sítio dos sargos, segundo porque aquilo não era bem uma pessoa, era estranho, o cabelo muito encrespado, áspero, e deitava uma névoa da pele, assim uma espécie de luz. Fiquei à rasca! A coisa disse-me, muito baixinho: “ tens aí minhoca da pedra”?
Eu deitei-lhe as iscas todas que tinha pró chão e fugi dali. Desde essa altura, nunca mais comi peixe, tenho estado a comer só frango de carril. Sou maquinista na CP. Àquele sítio já não volto, mesmo sendo o meu melhor pesqueiro”.
Vítor Ganchinho
Boa tarde Vitor,
ResponderEliminarPassei só para lhe deixar um cumprimento e uma palavra de apreço pelo grande, valente e destemido Carlos Campos!
Está a formar se uma lenda dos nossos mares! :-)
Boa continuação com os seus textos...
Abraço,
A. Duarte
Boa tarde António Duarte
EliminarO Carlos Campos vai estar na berlinda durante mais uns dias. Acho que ninguém merece sofrer tanto, mas já se sabe que os escritores têm o coração empedernido, são impiedosos, e não se comovem com o sofrimento das outras pessoas. O Carlos é meu amigo. Imagine se não fosse...
Quando acabar a saga CC, vou começar com outra vitima, eventualmente alguém com o apelido de Duarte...que não de Bragança, e sem ser "rei" de Portugal. Queria arranjar alguém que dê luta, que não tente cortar as veias dos pulsos logo ao primeiro artigo....
Já vão aparecendo uns peixinhos para fazer com os vinis e os jigs pequenos. As pedras estão a compor-se.
Abraço
Vitor