Uma empresa que tem 6.000 pessoas a pensar e a produzir productos de pesca, não é propriamente uma empresa de vão de escada. A Daiwa é de longe o maior produtor de equipamentos de pesca do mundo.
Para que tenham uma ideia, a Auto-Europa, uma das maiores empresas nacionais, o nosso maior exportador de produtos, responsável por cerca de 5% do PIB português, emprega 5.536 pessoas.
Isto dá-vos uma noção da dimensão colossal desta empresa. E da importância que o Japão, país de grande tradição na pesca lúdica, com 130 milhões de habitantes, acaba por ter a nível global.
Vem isto a propósito de um comentário que um amigo leu, numa rede social, relativamente a uma eventual debilidade deste tipo de producto comentada por pessoas que pescam às… douradas. Comentavam algo como o facto de as conseguirem esmagar com os dedos, e que sentiam receio por utilizar este pequeno acessório.
Neste caso, e passando por cima do facto de os produtos da marca serem exaustivamente testados e de corresponderem em absoluto ao que vem mencionado nas embalagens (as empresas grandes não arriscam a sua reputação, nem fornecem dados falsos, porque seria o descrédito e o comprometer de uma imagem que vale muitos milhões de euros), vamos admitir que as pessoas em questão pescam douradas de 10 kgs. Sim, que eles conseguem peixes com tamanhos que nunca ninguém viu.
Mesmo assim, seria perfeitamente possível pescar estes “hipotéticos” monstros com este equipamento. Quanto a conseguir esmagar com os dedos, certamente que sim, desde que tenham dedos em aço inox, algo ao nível de um personagem chamado Hulk…
Não tentar sequer partir uma peça destas com os dentes, porque nos dias que correm os dentistas são caros. Em definitivo, estas peças não partem e ponto final.
A montagem fica muito sólida da seguinte forma: um nó direito, laçada a passar três vezes, (não é uma, nem duas, nem quatro,... são três!) e sem apertar demasiado. Os peixes se encarregarão de o fazer, não temos nenhuma pressa nisso, uma pequena pérola que serve de batente e evita o desnecessário desgaste no fluorocarbono dos nós), o Cross Bead, uma nova pérola e de novo um nó de travamento.
Para efeitos da foto acima os nós foram afastados, mas devem ficar apenas com uma pequena folga, quase justos. O estralho do anzol leva dois nós e é esticar. Montagem pronta.
Os detalhes técnicos destes Cross Beads são imensos, e vale a pena analisar em pormenor:
Existem três tamanhos possíveis, M, L e LL, sendo que para pesca embarcada, os mais usuais serão os dois últimos. A côr é o transparente, como é de bom tom, para não provocar receios ou distrações nos peixes que queremos capturar.
Não há arestas vivas em qualquer parte da peça, as quais poderiam ser responsáveis por cortes ou desgastes prematuros. Isso acontece muito em produtos chineses feitos com tecnologia barata. As saídas de linha dos estralhos são cortes direitos e a linha acusa a pressão nesse ponto preciso.
Porque há pessoas que já têm alguma idade, a Daiwa pensou, e bem, que esses pescadores podem ter alguma dificuldade de visão. É muito corrente. E por isso, inovou e fez uma marcação do orifício de entrada da linha vertical a azul escuro, que ajuda imenso a entender onde deve introduzir-se a dita linha. E porque vale a pena insistir numa ideia que é boa, resolveram marcar com um circulo a vermelho a entrada da linha horizontal. Desta forma, pessoas com algum handicap de visão, a bordo e no meio da agitação das ondas, e que têm de proceder a uma montagem, têm a sua vida francamente mais facilitada. Mesmo aqueles, o meu caso, que levam as baixadas feitas de casa, enroladas em bobines de poliuretano, têm a facilidade de conseguir enfiar a linha de forma muito mais fácil.
Mas não ficam por aqui os Cross D Beads da Daiwa. Porque as linhas têm vantagens em sair da montagem para fora, para não se enlearem na linha madre, então foi calculado o ângulo certo de saída, e por isso, estas pérolas têm uma ligeira inclinação para cima.
Resolve bem o problema. Preço de uma saqueta de 12 peças: 3.80€
Material à venda na GO Fishing Portugal, loja física em Almada, ou loja on-line em https://store.gofishing.pt/pt/ |
A seguir, é levar em linha de conta que o fio fluorocarbono tem uma resistência à abrasão superior ao nylon normal, as baixadas têm menos tendência para enleios, e permite maior invisibilidade.
Porque tratamos de fazer baixadas e estralhos, a quantidade de linha é sempre diminuta, uma única bobine de fluorocarbono faz-nos facilmente alguns meses.
Esta é uma forma muito simples, rápida e prática de fazer os nossos terminais de linha.
Costumo levar várias destas baixadas enroladas em bobines, com anzóis de diversos tamanhos e no local de pesca, a perda de tempo é diminuta.
Podemos explicar como se executam estas montagens completas, caso algum leitor tenha interesse. Sendo o caso, contactar via blog.
Vítor Ganchinho