Os grandões andam aí...

Passei o ano de 2020 a ver baleias e muitos golfinhos na zona onde normalmente pesco. 

Uma vezes sozinho, outras acompanhado, terei visto baleias umas trinta vezes, e os encontros que há uns anos eram absolutamente esporádicos, passaram a fazer parte da rotina diária de quem sai ao mar com regularidade. Pode ter a ver com o facto de ter dedicado um pouco mais a pescar em zonas fundas, com carretos eléctricos, pode ter a ver com o facto de gostar de pescar em silêncio no que diz respeito a ruídos de objectos a bater no fundo do barco, pode ter a ver com a presença cada vez mais constante destes cetáceos entre nós. 

Recordo-me de me ter saltado uma baleia a poucos metros do meu barco semi-rígido, não mais de 6 a 10 metros, num dia em que estava a testar umas canas e amostras para o robalo. Para além do calafrio de ter sido surpreendido por um animal com toneladas de peso, foi a sensação e impotência de poder fazer algo para evitar o contacto. Na verdade, quando estamos de cabeça baixa a escolher na caixa uma amostra para robalos e de repente o barco sobe um metro acima da linha de água, pouco se pode fazer. Mais ainda quando nos entram 100 litros de água de repente, a cobrir a consola, os equipamentos de pesca e …a roupinha toda. Contei-vos esta história no blog, anteriormente.

Fotografar baleias é quase sempre um caso perdido, porque não são propriamente fáceis de prever, e porque pouco mostram, nunca as vemos todas fora de água.


Quando as sentimos previamente, as coisas são bem mais coloridas. Porque estamos preparados para o que vamos ver, a expectativa é gerida de forma diferente. 
Normalmente acontece da seguinte forma: estamos em silêncio a pescar, e de repente, ouve-se um sôpro enorme. 
Se tivermos a sorte de o animal vir à superfície perto de nós, normalmente o contacto visual é imediato, até porque elas não deixam muita dúvida de onde estão. 
A grande distância, normalmente aquilo que as denuncia é a espuma da sua deslocação, em dias em que o mar está calmo. Mas desenganem-se aqueles que pensam que é fácil fazer imagens. 
Primeiro pelos fracos meios que normalmente temos à nossa disposição, depois porque nem sempre os temos à mão, e ainda porque se o efeito surpresa dura alguns minutos, já a sua passagem é caso para muito poucos segundos. São animais que não gostam de companhia, não se chegam a nós, antes pelo contrário, procuram meter o máximo de distância possível e muito rapidamente. 
Os cetáceos são normalmente desconfiados, exceptuando os nossos golfinhos, que são amistosos, que confiam em nós, e se encostam imenso, por vezes até demasiado. 
Este foi um ano em que tivemos baleias durante vários meses sempre no mesmo local, com rotinas diárias muito bem definidas, e em zonas onde a comida andou com regularidade e em grande abundância. Os cardumes de carapaus, cavalas, lulas, foram muito regulares e provavelmente terá sido isso o factor decisivo para atrair estes “mastodontes” simpáticos, e que queremos ver e ver, mais e mais. 
Notei que a sua presença intimida o peixe. Durante quinze minutos, os toques são nulos. Enquanto ela passa, o peixe retrai-se, aguarda na expectativa daquilo que se vai passar. Será tudo menos confortável dar de caras com uma baleia a poucos metros, de boca arregalada...

Esta foi por mim fotografada este ano, sem grande qualidade, já que a utilização de um telemóvel não será o mais indicado para o efeito. Mas fica o registo do meu encontro. É bom saber que andam por aí.




Vítor Ganchinho



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