Comidinha para os nossos peixinhos I – O robalo pequeno

Se para um robalo grande praticamente tudo pode ser assumido como comida, um choco, uma tainha, uma salema, uma cavala grande, um caranguejo, já para outros peixes de tamanho mais modesto a selecção terá forçosamente de ser feita de outra forma. Haverá certamente uma relação entre o peso do predador e a sua capacidade de atacar presas de menor ou maior dimensão.

Não chegámos às dimensões standard das nossas amostras de spinning por acaso. Na verdade, aquilo que se faz é apenas maximizar as possibilidades de captura, utilizando um formato e uma dimensão quase que “universal”, algo que tanto pode ser mordido por um predador de tamanho modesto, ou um de grandes dimensões. Há um termo intermédio.

Já aqui o vimos em detalhe por diversas vezes: mesmo os grandes peixes das nossas águas têm interesse por pequenas presas. Há uma evolução do tamanho de presas em função do abaixamento da temperatura das águas. No Verão é muito corrente que um robalo prefira três pequenos peixes a um peixe grande. No Inverno, será o oposto, procuram sobretudo comida que lhes dê o aporte de energia/ gorduras/ aminoácidos de que necessitam para enfrentar as baixas temperaturas. E os peixes gordos dão-lhes tudo isso.
E como os encontram? Quais os critérios de procura, em função das suas capacidades? Um robalo de 200 gramas não caça como um robalo de 8 kgs. Certamente que não.
Vamos espreitar pelo buraco da fechadura e ver como o caçador procura aquilo que pode efectivamente pode caçar.

Por razões de espaço, e porque se pretende neste blog uma leitura ligeira, de poucos minutos diários, vamos dividir este trabalho em três publicações.
Hoje analisamos o comportamento de robalos de pequeno porte, amanhã passamos aos peixes de médio porte e posteriormente aos de grande dimensão.
Vão ver que há evolução no tipo de alimentação pretendida, que o comportamento é um pouco diferente. Não me peçam para publicar fotos com caixas de peixes mortos.
Sempre que possível, continuarei a apresentar o peixe no seu ambiente natural, rodeado das suas presas, tentando dar-vos uma imagem real e concreta daquilo que se passa abaixo da linha de água.

Hoje, vamos pelos …minorcas.

Matilha de pequenos lobos.


Os robalos pequenos frequentemente caçam em cardume, e vão fazê-lo até atingirem um tamanho que lhes possibilite alguma autonomia.


Cardume de peixe-rei. Será seguramente a maior vítima dos nossos lobinhos esfaimados.


Nesta fase juvenil, os futuros “robalões” solitários, ainda são apenas um pequeno peixinho, um projecto de predador. Mordem, mas pouco. Precisam de presas adaptadas à capacidade da sua boca, e por isso invariavelmente pequenas. Podem ocorrer robalos e bailas no mesmo cardume.


Comida para robalos pequenos. A comida procura defender-se agrupando-se em cardumes densos. É isto que os nossos robalinhos juvenis procuram.


O peixe forragem mantém-se em permanente deslocação, não só para encontrar comida, como para sair de zonas mais frequentadas por robalos. Porque são minúsculos pelágicos, é em água livre que se sentem confortáveis.




Aqui temos uma situação diferente. Trata-se de posturas que eclodiram junto a estruturas rochosas, de peixes que as habitam, pelo que procuram manter-se próximos de algo que os esconda. As crias jovens, alevins de variadas espécies, são um alvo preferencial para os robalos, que exploram ao máximo as possibilidades de conseguir comida fácil.




Mesmo zonas de areão grosso, ou areia fina, podem ter muito peixe miúdo, pelo que não são desprezadas por cardumes de pequenos robalos que aí os procuram.
Tentam sempre encurralar esse peixe entre a praia e o cardume, de forma a aproveitar aqueles que se atrevem a tentar passar. Os robalos podem caçar a …15 centímetros de fundo.


Aqui, um cardume de peixe-rei de pequeno tamanho. Têm a dimensão ideal para os pequenos robalos. 


Robalos pequenos: procuram pequenas presas, normalmente pouco armadas de carapaças, tenazes, espinhos. Digamos que aquilo que encontramos nos seus estômagos passa muito por pequenos invertebrados, anelídeos, pequenos peixes, etc.


Nesta fase, crescem com uma dieta que tem muito a ver com procura, com a deslocação do predador.
É necessário prospectar cada recanto da pedra, porque em qualquer lado pode estar um pequeno caranguejo, um minúsculo sargo, etc. Mas a estratégia de caça passa por percorrer longas distâncias, pela movimentação do predador sobre um espaço físico, que pode ser mais ou menos produtivo.

Amanhã vamos passar a uma fase intermédia, em que o robalo começa a querer caçar em solitário.



Vítor Ganchinho



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