Comidinha para os nossos peixinhos II - O robalo médio

O tempo dos lobinhos passa e a um dado momento, aquilo que era um facto assumido, o de permanecer em cardume, passa a ser menos interessante.
Acontece pontualmente, mas começam a surgir os dias em que o robalo prefere, por questões de rentabilidade de resultados, caçar isolado.
É a antecâmara daquilo que irá acontecer anos mais tarde, em que só muito raramente aceita companhia. O robalo tem vantagens em caçar a sós, quando já tem dimensão e peso para isso.
A quantidade de alimento disponível é imensa para um peixe acima dos 5 kgs de peso. Passa a ter o poder de capturar peixes que já têm tamanho.
Mas nesta fase que nos serve de análise hoje, ainda temos intermitências, há muitos momentos em que fazer parte de um cardume ainda é rentável.

É isso que vamos ver a seguir:



Este robalo ronda uma zona em que há peixe de fundo, mas também alguns pequenos peixes que lhe servirão de alimento.
A boca grande do “Dicentrarchus labrax” acomoda com a maior das facilidades uma presa deste tipo, que cresce até 12 cm.
Neste momento, todos os olhos estão absolutamente centrados na passagem deste robalo. Um movimento em falso é …o último, pelo que a concentração dos que podem ser atingidos é máxima.


Aqui o temos, Atherina presbyter, mais conhecido entre nós por….”peixe-rei”, uma das maiores vítimas do robalo.


A reprodução rápida permite o abate de inúmeros efectivos sem que isso seja particularmente problemático. A foz dos rios, desembocaduras de mar, são zonas onde ocorrem com particular incidência. Os cardumes são normalmente densos, e isso faz com que o robalo, e muitos outros predadores, se sintam confortáveis em estar por perto. Também a crónica falta de visibilidade joga a favor do predador, armado de sensores que lhe dão toda a informação necessária.




Este peixe alimenta-se de plancton e zooplancton. O peixe-rei é muitas vezes capturado para servir de alimento a peixe de aquacultura, ou de isca para lançar ao mar na captura de tunídeos. Porque é um peixe que tem limitações de força para se deslocar entre grandes correntes, é comum encontrá-lo em baías abrigadas, recantos onde encontra alimento microscópico em abundância.
E onde é…”encontrado” pelos robalos, que sabem onde o procurar.




Nesta fase, o robalo ainda tem tendência para procurar comida em cardume, mas pode acontecer que já se encontre sozinho. Há uma fase mista, que depende muito da abundância de alimento que a zona apresenta.
Acontece muito estar só sobre campos de macroalgas, onde existem sempre minúsculos peixinhos disponíveis. O predador patrulha a zona de caça atento ao mais ínfimo detalhe. Em qualquer recanto pode estar algo que seja a refeição do dia.




Aqui têm uma baila, a rondar um fundo misto de pedra e areia. Normalmente estão pouco profundas, apenas o suficiente para se conseguirem esconder com alguns obstáculos e com isso chegar perto o suficiente para desferir o seu ataque. Muito frequentemente conseguimos ferrá-las a menos de 1 metro de profundidade.


Imagem menos boa, mas não queria deixar de vos mostrar uma galeota, a deslocar-se sobre um fundo de pedra.


O mais normal é encontrarem-se em zonas de areia, já que são exímias a conseguir enterrar-se numa fracção de segundos. Os robalos adoram. Há amostras que as imitam na perfeição.
Inúmeros fabricantes procuram reproduzir estas linhas quando tratam de moldar os seus vinis. Este movimento ondulado é particularmente atractivo para o robalo.




Reparem nas cores que estes peixes adoptam quando se deslocam em fundos de areia: perdem o contraste, e ficam claros o suficiente para passarem despercebidos.
De cima, para algo que passe sobre eles, são areia na areia.




O caranguejo pilado é uma das presas mais frequentes dos nossos robalos. Sempre que podem, dão-lhes preferência por se tratar de algo bastante nutritivo, e extremamente fácil de caçar.
Este pelágico é muito comum nos anzóis dos pescadores profissionais, nos aparelhos que largam em redor das pedras.




A menor densidade de um acardume de pequenos peixes joga muito contra eles. Permitem ao predador focar as suas atenções sobre uma única presa, e isso facilita-lhe a tarefa, desferindo um ataque fulminante.




Para robalos de 1 a 2 kgs, os cardumes de bogas passam a ser acessíveis a cada momento. É a altura em que a comida começa a estar disponível em cada recanto.
O esforço de caça reduz bastante, e cada presa capturada fornece energia para um período mais longo.

Amanhã vamos pelos grandes, aqueles que conseguiram ultrapassar todas as enormes dificuldades que um robalo tem de superar para chegar à fase final, a de ser GRANDE!



Vítor Ganchinho



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