O que deixamos no mar, (e que não abona nada a favor da raça humana...)

Nada mais triste que descer ao fundo do mar e ver aquilo que não queremos ver nem é suposto vermos: o que tratamos e como fazemos a tudo em terra firme: com desleixo.

Já aqui vos disse que num dos meus longínquos dias de caça submarina no Cabo Espichel, dei a 17 metros de fundo com algo insólito: uma máquina de costura da Singer!
Seguramente não nasceu ali, e não deixo de ficar consternado por pensar que a pessoa a quem essa máquina, por alguma razão, já não servia, a foi deitar do precipício abaixo.
Essa pessoa resolveu o seu problema, “lavando dali as suas mãos”, porque a máquina despareceu da sua vista. Mas não deixou de existir.
O mesmo se passa com as garrafas e água de plástico, com redes de pesca velhas, com caixas de esferovite partidas e tantas coisas que assusta escrever os seus nomes. Algumas delas são particularmente perigosas em todos os seus estados de decomposição, nomeadamente os plásticos. Esses, mais dia, menos dia, sob o formato de micro-plásticos, irão voltar à mesa de cada um de nós.
E que dizer de pessoas que atiram pilhas para o fundo do mar? Por acaso terão a mais pequena noção do mal que esse tipo de produto químico irá fazer ao meio ambiente? Ou apenas conta o facto de se terem livrado delas?




Encontra-se um pouco de tudo. Quando menos esperamos, os sinais de que há mar a menos para tantas pessoas está ali patente, bem à vista.


Tubagens, cabos, blocos de cimento, plásticos, etc. O mar é a lixeira de muita gente sem escrúpulos.


Quando algo já não interessa, ….lança-se ao mar. Nas zonas próximas das grandes cidades, é desolador olhar para os fundos.


A presença humana faz-se sentir em cada recanto. Estes materiais levam centenas de anos a degradar-se.


As aves marinhas são particularmente vulneráveis à ingestão de plásticos. Morrem por isso.




Enquanto espécie, somos de facto uma lástima. A falta de princípios de vida leva a situações extremas. Quando vamos ao mar, não devemos deixar mais que o sulco da quilha do nosso barco.
Com isso, a Natureza pode bem.


Restos de actividade humana, a cada passo...


A GO Fishing Portugal pratica um tipo de pesca limpa, sem permitir aos seus clientes o lançamento de qualquer tipo de detrito à água. Procuramos que a pegada ecológica seja a menor possível. Porque temos o grato prazer de trabalhar com e para pessoas intelectualmente evoluídas, não sentimos a menor dificuldade em voltar do mar sem deixar marcas. A empresa tem ainda os dísticos Clean & Safe e Safe Travels.
A preocupação por praticar uma pesca sustentável e de baixo impacto deveria ser uma constante, e para todos os que fazem da pesca à linha uma das suas bandeiras.



Vítor Ganchinho



2 Comentários

  1. Quando fazia pesca de alto mar, o meu grupo tinha um luta para convencer os tripulantes para não deitarem o lixo para o mar. Uma vez, depois de termos conseguido guardar todo o lixo num cesto (para esvaziarmos num caixote na marina) no caminho de regresso, o ajudante agarrou no cesto e zumba para o mar ... e ficou surpreendido com as nossas criticas ...
    Hoje penso que a sensibilidade é outra, mas continuam-se a testemunhar destes atentados.
    De cada vez que saio de kayak trago sempre uma remessa de plástico de cabos e de esferovite.
    Toda a sensibilização é pouca, e as pessoas que mais dependem do mar, serão o nosso maior alvo.
    Abraço Vítor.

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    1. Bom dia Paulo Fernandes É um trabalho que pode levar gerações. Na verdade, a questão da ecologia é algo de relativamente novo, uma necessidade que já surgiu depois de as consciências estarem formadas, daqueles que hoje andam ao mar. São pessoas de idade, na sua esmagadora maioria. É muito difícil explicar-lhes que o facto de resolverem o seu problema lançando ao mar, ou seja, ficando sem nada nas mãos, não quer dizer que o assunto esteja resolvido para todos os outros. Inclusive para essa pessoa. Porque estas coisas acabam sempre por ter efeito boomerang, ... um dia irá receber o retorno. Quanto mais não seja através da ingestão de micro-plásticos. Os peixes acumulam-nos, e os nossos marítimos comem...peixe.
      Há que insistir e tentar, com bons modos, explicar que a ação que descreve acima é de todo inconcebível! Como pode essa pessoa atirar ao mar um saco com lixo previamente recolhido?!!....

      Isto leva anos, mas faz-se, ...há que insistir.
      Abraço
      Vitor

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