Aquilo que nos leva à pesca é, muitas vezes, a ideia de que podemos nesse dia conseguir um peixe grande, um bom troféu.
Todos sabemos que, sendo as possibilidades de o conseguirmos algo remotas, ainda assim …existem. Há poucos peixes de bom tamanho, …mas há.
Estes aparecem, de quando em quando, mas são casos de sorte, que ocorrem em zonas com pedra forte, e sendo possíveis, (foi o caso...), implicam alguma sorte de conseguir a picada alguns metros longe do buraco que serve de toca a um exemplar deste tamanho. Ou parte...
Serão sempre o nosso grande…”talvez”, aquilo que nos levanta da cama para ir ao mar. Este mero foi feito com uma cana muito ligeira, elástica, a Protone Micro-Jigging ref GPTS 632-1- MJ, e estou certo de que 99,9% das pessoas dirão não ser possível. É a mesma cana com que se pescam os pargos das imagens que poderão ver abaixo.
Independentemente de conseguirmos ou não um grande exemplar, a ida à pesca faz-nos bem, relaxa, descontrai-nos de uma árdua semana de trabalho e isso em si já é positivo.
Sair à pesca dificilmente pode ser negativo. Com melhor ou pior tempo, mais ou menos peixe, com melhores ou piores resultados, estar lá já é super positivo. Mas não deixamos de tentar o peixe grande.
A enorme pressão de pesca e crescente escassez de grandes exemplares veio colocar questões que se prendem com o grau de satisfação que obtemos aquando das nossas saídas de pesca.
Ao chegarmos a terra, muitas vezes sentimos que estivemos a um passo de fazer algo de memorável. Porque um peixe grande nos partiu a linha, porque conseguimos trazê-lo até meia água e esteve quase... mas desferrou, enfim, estivemos quase. E tudo o resto foram peixes muito curtos de peso e tamanho. Considerando o poder de fogo do equipamento de pesca que levámos, ….sentimos que ficámos muito aquém do seu potencial máximo. Por outras palavras, andámos às moscas com uma bazuca.
Considerando aquilo que é a média de capturas regulares do pescador lúdico, (aquilo que todos nós somos), e tendo em conta o generalizado sentimento de insatisfação pelos resultados obtidos, os fabricantes evoluíram no sentido de produzir equipamentos de pesca diferentes. Aquilo que se procura hoje em dia é ajustar o material de pesca ao peixe que efectivamente existe, aquilo que é expectável que cada um consiga efectivamente pescar. Para peixe pequeno, material mais ligeiro. E o conceito resultou!
Aligeirando as canas, os carreto, as linhas e as amostras, produzindo material “light”, passámos a ter a possibilidade de poder disfrutar de sensações idênticas aos grandes combates com os saudosos grandes peixes de outrora.
Mais que isso, ficámos mais equilibrados, mais desportivos para com o peixe que combatemos. A utilização de linhas mais finas, trouxe consigo a necessidade de melhorarmos o nosso desempenho técnico, de sermos melhores pescadores. E isso tem um retorno psicológico tremendo, sentimos que só conseguimos essa captura porque fomos efectivamente bons a trabalhar o peixe. Há muito pouco mérito em puxar um peixe de 2 kgs com uma linha que suporta 56 kgs de tensão, mas há muito valor em o conseguir fazer, o mesmo peixe de 2 kgs, com uma linha que suporta 1,5 kg!!.... Revela destreza, capacidade técnica e seguramente traz a cada um uma grande sensação de felicidade conseguir uma captura que seja.
E a ideia era exactamente essa! Conseguirmos passar de “ hoje fui pescar e infelizmente só apareceram uns quantos pargos pequenos de 700 gr…”, para “ hoje fui pescar e tive uma série de lutas titânicas com pargos de 700 gramas!”
Esta enorme revolução de ideias, teve origem no Japão, onde o LRF é hoje uma modalidade cada vez mais praticada, por quem quer ir pescar e pretende divertir-se, mais que trazer grandes peixes para casa. Se ter uma picada de um atum de 300 kgs encherá de alegria o sortudo pescador que a conseguir, também teremos de considerar que um peixe desses não aparece todos os anos a quem os procura muito e bem. Em contrapartida, se baixarmos a fasquia e decidirmos ir procurar os pargos de tamanho regular que temos em muitos dos nossos pesqueiros, podemos conseguir uma dúzia de picadas numa manhã. Com o equipamento certo, ou seja, algo que ponha completamente à prova a resistência de todo o conjunto de pesca, então teremos conseguido uma manhã em grande!
Para não estar a passar filmes meus, que são mais do mesmo, passo-vos hoje um filme japonês, em que um pescador local aparece a pescar alguns pargos de tamanho modesto. Mas que correspondem ao que efectivamente temos e podemos pescar todos os dias!
Ele utiliza uma cana Protone, muito elástica, e é exactamente isso que permite a pesca com linha trançada 0.06mm, que muitos de vós considerarão muito fina. Lembro que no dia 31.12.20, passámos neste blog um filme em que o meu amigo Raúl Gil capturou um pargo de 9.6 kgs com linha 0.02mm e chicote de nylon 0.20mm….! Por outras palavras, este pescador japonês não está a fazer nada de especial ao utilizar esta linha. Mas gostava que tivessem a noção do que é fazer jigging ligeiro com canas elásticas. Nos primeiros momentos do filme, temos publicidade à cana. Informo que a cana pode ser esta ou qualquer outra que tenha as mesmas características, todavia, caso queiram mesmo uma destas, é possível importar do Japão, a GO Fishing Portugal faz isso. Os jigs utilizados variam entre 40 e 35 gramas. Mas pode fazer-se o mesmo com jigs de 20 gramas, ou menos. Depende sempre da corrente, e da profundidade.
É clicar no endereço abaixo:
Os campeões do LRF: António Pradillo, o grande mestre, e Raúl Gil Durá, um rapaz com uma intuição rara para a pesca. |
O que eles se divertem com jigs minúsculos….
Os peixes não têm de ser grandes, para nos darem muita luta. Basta reduzir o peso e a potência da cana, e da linha.
Quando um dia estiver aborrecido de lutar com peixinhos miúdos que lhe roubam as iscas, e quiser experimentar a fazer algo de completamente novo, arrisque no Light Rock Fishing!
Aceite uma sugestão: não compre material, não deite dinheiro fora. Vá primeiro experimentar com o material de pesca de um amigo, ou uma empresa de Boat-Charters. A GO Fishing Portugal faz isso, saídas de pesca embarcada específicas para LRF, e fornece todo o material necessário.
A partir daí, já com esta experiência prévia de pesca, e depois de experimentar todas as possibilidades de equipamentos e amostras, passa a poder decidir se compra ou não, e o quê….
É a forma correcta de fazer.
Vítor Ganchinho
(...)
ResponderEliminarA enorme pressão de pesca e crescente escassez de grandes exemplares(...) Assim que li este parágrafo foi inevitável lembrar-me do documentário que vi este fim de semana na Netflix: seaspyraci.
A continuar a este ritmo um dia teremos de nos contentar em lutar com cavalas e salemas porque o resto será somente uma memória.
Parabéns pelo excelente blog que faz as delícias diárias dos minutos que dedico a ler diariamente.
Abraço
Boa tarde amigo Gradeiro Efetivamente o futuro, a este ritmo, tem uma tonalidade mais cinza antracite escuro que propriamente cor-de-rosa....estamos a preparar algo de decepcionante para a geração quem vem a seguir.
EliminarVai sair brevemente um artigo que escrevi sobre a questão dos microplásticos, que é algo de assustador. Entendo que devemos todos saber em que águas navegamos, que não são propriamente calmas. Estou convicto de que é através da partilha de informação, da insistência em boas práticas, que poderemos de alguma forma sensibilizar quem eventualmente não saiba que não deve atirar plásticos para a água....
Estão a caminho, ao ritmo de um por dia, alguns artigos de fundo que me parecem poder ser interessantes. Muito brevemente chegaremos às 60.000 visualizações, o que enche de orgulho esta equipa de pessoas que trabalha diariamente para levar um pouco de mar, um pouco de água salgada a casa de cada um daqueles que fazem o favor de ler os nossos textos.
Muito obrigado pelo seu comentário. Acredite que ajuda imenso saber que há alguém do outro lado da linha que se dá ao trabalho de nos escrever. Dá-nos ânimo para continuar!
Para si, o meu agradecimento pessoal.
Abraço
Vitor Ganchinho
Olá Vítor. Parabéns por mais este cheirinho de mar como diz e bem. A saída que tive o prazer de fazer consigo, mudou de facto a minha perspectiva da pesca e do que nos leva a querer la voltar. Grande Espírito de partilha de experiências e conhecimento. Estamos quase a poder voltar (assim esperamos). Um abraço
ResponderEliminarBom dia Bruno Estamos quase a poder sair. Há muita gente já nos blocos de partida, à espera do tiro da pistola. O tempo vai estar bom, e seguramente o peixe estará a fazer aquilo que sempre fez: mostrar-se difícil, mas a mostrar-se. Como as miúdas morenas que querem casar. No fim do dia, seguramente teremos uns peixes na caixa. O período é muito bom, ainda andam por aí uns pargos dourados.
EliminarBoa sorte aí desse lado!
Abraço
Vitor