Choco incomodado...

Vimos na passada sexta-feira um polvo a saltar da sua posição para procurar um refúgio mais seguro. Normalmente escolhem locais com pedra rasgada, por onde eles podem entrar mas mais nada entra.
A ausência de esqueleto interno propicia-lhes isso.

Os chocos, e as lulas, são cefalópodes com esqueleto interno. Trata-se de moluscos marinhos muito interessantes, com simetria bilateral, muito rápidos na água, e que vale a pena estudar.

A pele tem cromatóforos, células pigmentadas que lhes permitem mudanças bruscas de cor, e que lhes servem não só para camuflagem, como também para produzir comunicação entre si.
Vimos na última publicação que em situações extremas, os polvos largam o conteúdo de uma glândula, provocando uma nuvem de tinta que confunde o seu predador. Também as lulas e chocos o fazem.
O intuito é o mesmo, e também o efeito.

No caso das lulas, normalmente habitantes da coluna de água, com comportamento pelágico, apenas se deixam ver em situações em que encostam a terra para desovar.
Procuram rasgos na pedra para pendurar os cachos da sua desova, protegendo o local de predadores indesejáveis. A lula é bastante mais rápida de movimentos que o choco, e é responsável por algumas pancadas fortes que recebemos nos nossos jigs, quando pescamos nas pedras onde elas desovaram.

Os chocos, mais lentos, mais pesados de movimentos, procuram mimetizar-se com o fundo, de forma a passarem despercebidos. Quando se sentem descobertos, largam o seu composto de melanina escuro, e afastam-se, normalmente não mais de 15 a 20 metros, escondendo-se na areia, enterrados tanto quanto possível. Podem produzir cores que são em rigor as da areia, dificultando a sua detecção ao predador. Mas também se vestem de traje escuro, quando em entornos menos claros.


Aqui uma situação em que este choco consegue ir até tonalidades azuis.




Quando se preparam para sair, iniciam um processo de transformação mais de acordo com o sítio para onde vão. Neste caso, a mudança dá-se para cores mais claras.
Recorre aos cromatóforos para conseguir estes efeitos.


Podemos encontrá-los em diversos habitats, desde que não muito profundos. Os machos lutam entre si pelas fêmeas e pelo direito de acasalarem.


Vejamos um caso concreto, em que o pequeno choco se sente descoberto na sua cova de areia e é obrigado a reagir.


Aqui, tem o corpo tão comprimido quanto possível, para oferecer o menor volume que consegue. 


A tonalidade começa a clarear, e prepara-se para a fuga, sempre no sentido da sua retaguarda, utilizando o sifão propulsor.


E este é o momento do arranque, em que larga alguma fumaça, e estica o corpo o quanto pode, para conseguir uma posição mais hidrodinâmica.


Reparem na diferença entre o primeiro “frame”, e este. O que é mais significativo é a mudança para corpo fusiforme. Também as cores já estão preparadas para o entorno seguinte, que passará seguramente por se enterrar na areia clara.

Vale a pena ver estas fotos porque permitem mostrar com exactidão os diferentes estados de espirito do animal.
Sabemos quando estão próximos do seu limite de tolerância. Todos temos o nosso...



Vítor Ganchinho



6 Comentários

  1. Bom dia Amigo Vitor,

    Espero encontra-lo de perfeita saúde!
    E que saudades de ver esses "amigos" de voraz apetite, a ferrar um uma toneira!

    Grande abraço... espero que para breve no sitio habitual!

    António Duarte

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    1. Bom dia António Duarte Já terá faltado mais....daqui a uns dias lá estaremos a lançar os nossos jigs, a tentar tramar uns quantos pargos grandes. Este é o momento! Os pargos estão agora encostados aos baixios, e reagem muito bem a jigs até às 40 gramas.
      É dar uma lubrificação aos carretos, porque vão cantar.
      Também para os chocos, esta é a melhor altura do ano.

      Mas eu vou mesmo aos pargos. Recebemos do Japão uns jigs da marca Zeake, que são extraordinários. Estou em pulgas para os lançar lá para baixo.


      Abraço!
      Vitor

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    2. Boa tarde Vitor,

      Por acaso já meti os olhos nesses jigs da Zeake e fiquei com boa impressão deles.
      São bons nadadores?! Já pescou com eles? Ou são 100% novidade?

      Abraço,

      Antonio Duarte

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    3. Olá António Duarte

      Como de costume, eu não coloco nada à venda sem experimentar primeiro.


      Mandei vir uns quantos, fui pescar com eles e vi o que era necessário, Fiz de imediato uma encomenda de cerca de 200 unidades, divididas por 4 famílias e 3 gramagens diferentes. Concretamente 20, 30 e 40 gramas, que são basicamente aqueles que eu utilizo para pescar ao pargo. Menos de 20 gramas pode ser curto para quem tem fundos a 30 metros, e mais de 40 gramas deixa de ser necessário, porque já não estamos a falar de Light Rock Fishing. Os pargos até 5 kgs "pelam-se" por estes jigs, que são uma imitação perfeita das cores naturais daquilo que encontram no seu dia a dia.
      Estou mortinho por ir aos pargos, porque este é o momento, ...até Maio....

      Já tem o seu equipamento de LRF?

      Abraço!
      Vitor

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  2. Boa tarde Vitor,

    Para LRF ainda me falta comprar o "caniço" para casting, de modo a trabalhar esses pequenos "pingarelhos".
    Há muito que tenho em vista a Daiwa MX Ajing Boat 65MHB-S K. Logo que tenhamos ordem de soltura vou à sua loja ver a dita! :-)
    Nos entretantos vou encomendar alguns desses "pingarrelhos" da Zeake, para embeiçar os nossos amigos vermelhinhos!

    Estou que nem posso.... para quem diz que um homem não chora, eu choro todos os dias, pelos momentos magníficos que o nosso mar nos proporciona!!!

    Grande Abraço...
    A. Duarte

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    1. Boa tarde António Então você quer EMBEIÇAR os nossos parguinhos??!! Não lhes faça isso!!!
      É o que não falta agora são pargos. Vamos ter os pargos em força até final de maio, os pargos dourados e as bicas. A seguir entram os legítimos mas não é a mesma coisa, a quantidade reduz muito. O ano passado por esta altura, umas duas semanas antes do confinamento, eu estava a ter acima de 20 pargos no anzol numa manhã....

      Mas há sempre peixe, é só uma questão de se procurar e saber onde procurar.

      Vamos falando.


      Abraço
      Vitor

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