Cuidado com os dentes

O manuseamento de peixes com as mãos nuas, pode levar a cortes nas mãos que são sempre de tentar evitar. Desde logo porque o risco real de infecção existe, e também porque ter uma mão afectada é factor limitativo da própria acção de pesca.

Nem sempre temos o discernimento e a cautela necessárias. Os acidentes acontecem, e não necessariamente apenas aos outros.
Mas acontecem menos a quem utiliza luvas de protecção. Em função da pesca praticada, assim temos de eleger o tipo de luvas mais indicadas. Para quem pesca vertical, e faz a vulgar pesca “ pica-pica”, um par de luvas ligeiras, basta perfeitamente. Aquilo que se procura evitar são as arestas dos óperculos e as agulhas das barbatanas dos peixes. No caso do spinning, idem, a situação mais preocupante será sempre o momento de desferrar as capturas.




Mais vale prevenir. A bordo, devemos ter sempre um kit de desferragem à mão. Certo tipo de trabalhos, …só mesmo de luvas.
Olhando aos dentes conseguem entender o porquê. A dentada, seguida de um movimento brusco da cabeça, é o suficiente para inutilizar a mão de alguém.
E com bichos com peso, (este teria cerca de 40 kgs…), todos os cuidados são poucos, porque um movimento em falso e lá vai a mão…




Com certos “meninos” é bom que não se encare de forma ligeira a questão das luvas. Quando queremos livrar um tubarão mako de um anzol, é bom ter material protector mais pesado.
Estes bichos andam por aqui, na baía de Sesimbra, e não sendo objecto de pesca dirigida, podem no entanto morder as nossas linhas.




As tintureiras (que estão aí em força este ano…na casa dos 2 metros) também são um peixe que inspira algum cuidado. Os dentes são muito cortantes, autênticas navalhas, e o acidente pode sempre acontecer.
Sabemos da sua habilidade para morderem os peixes que subimos, quando pescamos com carretos elétricos. Porque são peixes muito rápidos, a possibilidade de se ferrarem por si, existe.
Aconselho o manuseamento com um alicate de pontas longas, e muito cuidado. Caso não existam a bordo condições para retirar o anzol ao peixe, mais vale cortar a linha, tão rente quanto possível.
É sempre uma pena que isso tenha de acontecer, e sempre que tivermos oportunidade, não devemos hesitar em libertar o animal sem qualquer tipo de limitação. Eles merecem.

A utilização de luvas parece-me imprescindível, utilizo-as sempre, e acho estranho que as pessoas não tenham esse cuidado.
Se recebe frequentemente chamadas no seu telemóvel, nada mais incómodo que ter de pôr e tirar luvas de cada vez que o aparelho toca.
A Cultiva produziu luvas que permitem operar com aparelhos “touch screen”, e aqui estão elas:




Claro, …à venda na GO Fishing Portugal, na loja física de Almada, ou através da loja on-line.

São muito fáceis de lavar e aguentam água salgada sem dificuldade. Devem ser adquiridas no tamanho certo, e ficar bem justas na mão. Nada mais incómodo que luvas largas, que atraem anzóis e amostras. Sem necessidade.
É um daqueles acessórios que deve fazer parte da mochila de cada pescador. Pagam-se por si, em conforto.



Vítor Ganchinho



12 Comentários

  1. Bom dia Vitor,

    No ano passado, fiz um pequeno vídeo onde estou a dar de comer a um pequeno Mako, falo de algumas sardinhas.

    Após alguns minutos, já se assemelhava a um cão, vindo a comer à mão!

    Foi de facto um interação fantástica!

    Abraço!
    A. Duarte

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    1. Nós temos os dois. Os makos são bem mais agressivos, muito rápidos na água, e pouco sociáveis. As tintureiras são muito amistosas, diria "mansinhas", e têm um azul lindíssimo. Já mergulhei com elas à minha volta. Não se afastam logo, mas sente-se que são algo reservadas. Com comida perto, umas sardinhas lançadas do barco, é possível que se acerquem. Quando são muito grandes podem não ser assim tão inofensivas, e à noite há relatos de ataques. Se sentem que estão a controlar a situação, podem ser aborrecidas. NO caso de ver uma das grandes, a boa solução é mesmo ir direito a ela com ar agressivo. Afastam-se de imediato.

      O ano passado foi o ano que vi mais, estão em franca expansão nas nossas águas. Ou o kg de tintureira não esteja a apenas...2 euros em lota. Andou um barco da Figueira da Foz nas nossas águas e levou daqui umas toneladas. A partir daí, ficaram ....raras. Eles pescam-nas com palangres de meio fundo. Há zonas do globo onde já as pescaram todas...estão em extinção. Por cá, ainda não.

      Parece que a pesca apeada, de terra, vai avançar primeiro....vamos ter de esperar.

      Abraço
      Vitor

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    2. Caro Vitor,

      Mergulhar com essa bicheza à minha volta, confesso que é algo que me dá um certo desconforto!

      Sejam eles de tamanho reduzido, ou mais ou menos amistosos, francamente não sei se era algo que faria de livre vontade!

      Abraço,
      A. Duarte

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    3. Boa tarde António Alguns tipos de ações implicam um conhecimento profundo dos animais e das suas reações. Vai-se lá por experiências anteriores, e somam-se detalhes, uma a um. No caso do mergulho, ninguém tem vontade de deixar lá um braço. Eu comecei a ver tintureiras na água há muitos anos, a caçar em zonas muito longe das cidades, zonas descansadas, onde elas aparecem para comer. E se o primeiro contacto é sempre algo que nos sobressalta, o segundo já faz menos confusão e a partir daí, aprendemos até onde se pode ir, sem lhes causar constrangimentos. No caso das tintureiras, eu comecei por alimentar algumas a partir do barco. Depois passei a vestir o fato de mergulho, a continuar a alimentar, e a continuar a fazê-lo já na água, com elas. O que noto é que são muito reservadas, assim que nos vêm na água. Enquanto estamos no barco é como se dessemos comida ao nosso cão, mas quando sentem que algo anda por ali, as reações passam a ser muito comedidas. E ao menor sinal de brusquidão, vão-se embora. Digamos que não é raro que tenhamos 3 ou 4 à nossa volta, enquanto estivermos calmos. Se agitamos a água à superfície descem, pese embora eu ache que não deixam de rondar, mas a uma distância de segurança, a 30 ou 40 metros de fundo. Passei várias vezes na zona com a sonda e elas estavam lá, mas mais fundas, fora do nosso raio de ação. É um peixe com uma aptidão para descobrir comida impressionante, são milhões de anos de evolução condensados num corpinho pequenino. O ano passado libertei uma com 2,5 mts....
      Já escrevi sobre elas no blog, é ver o que foi dito.

      Abraço
      Vitor

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  2. Bom dia Vitor,

    Gostaria de "puxar" novamente este post, para referir uma questão que no ano passado foi alvo de alguma apreensão.

    A passagem de algumas orcas pelas nossas águas, suscitou algum furor e foi divulgado alguns episódios com estes animais de grande porte e dotados de uma inteligência fora do vulgar.

    Gostaria que abordasse este tema. O que fazer perante uma situação destas? Cuidados a ter? etc...

    Abraço,
    A. Duarte

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    1. Boa tarde António


      Este é um tema interessante. Penso que já terá sido abordado aqui, mas não na perspetiva de atitude a tomar. O registo está feito e eu vou dar aos dedos com este tema. No meu caso, a falta de temas nem é um problema difícil de resolver, tenho sempre imensos à frente dos olhos. Já a questão de ter tempo para o fazer.....

      Espante-se com isto: um amigo meu que começou a ler o blog disse-me algo como isto:
      _ "Só é pena escreveres sempre sobre o mesmo assunto"...


      Ocorre-me dizer algo parecido com aquilo que o tribuno romano Tácito disse sobre o trabalho das legiões romanas: " Por onde passam, matam, queimam, arrasam e deixam tudo como um deserto. E chamam a isso a paz romana"...

      Fiquei sem palavras. Ao fim de um ano, eu escrevi mesmo apenas sobre um tema? Algo ficou dito que é tudo aquilo que se pode dizer sobre esse assunto? Nunca o entendi dessa forma.

      Neste caso, ...eu penso que escrevo sobre temas diversos, mas procuro fazê-lo de forma não exaustiva, deixando algo para que eu, ou qualquer outra pessoa, possam voltar a escrever. O compromisso é apenas este: " 5 minutos de leitura sobre mar".

      As orcas vão voltar ao blog.

      Abraço
      Vitor

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  3. Bom dia Vitor,

    Quando ao comentário desse seu amigo, tenho a dizer que você efetivamente escreve sempre sobre o mesmo tema...a PESCA na sua globalidade é um tema!

    Agora, dentro desse tema você tem abordado as mais variadas matérias e aí podemos até debater o interesse que cada um lhes dá.

    Este blog tem sido uma boa fonte de conhecimento e aprendizagem, com uma leitura muito acessível e um trabalho de investigação ao dispor de qualquer pessoa que lhe dê uso, de salientar o toque de humor que o Vitor lhe dá!

    Já tive o prazer de sair consigo e de facto a boa disposição e humor é ponto imperativo!

    Bem haja a todos que contribuem para este resultado e continuação com este excelente trabalho!

    Abraço!
    A. Duarte

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    1. Boa tarde António Estamos a contar os segundos para o dia 05.04.21.....o mar vai estar bom!


      Obrigado pelo seu comentário. Falei com esse amigo e perguntei-lhe que tipo de assunto diferente gostaria de fosse abordado aqui. Respondeu-me algo como ..." não tenho ideia...algo sobre pesca, algo diferente"...

      Como me referiu que eu escrevia sempre sobre o mesmo assunto, e a resposta não me ajudava muito, quis ir um pouco mais longe, para entender em que detalhe posso efetivamente melhorar. E perguntei-lhe: _ Mas queixas-te que eu escrevo apenas sobre o quê? O que é que estou a repetir muito?

      A resposta foi elucidativa: _ " Eu ainda só li um artigo, mas parece-me que é tudo igual"....



      António, vai sair uma coisa que espero não seja o suficiente para o nosso amigo Carlos Campos cortar os pulsos....é um dos tais....

      A vitima a seguir parece-me chamar-se António Duarte, pescador português, ...mas preciso de algumas fotos.




      Abraço
      Vitor

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    2. Bom dia Vitor,

      É verdade, ao que parece vamos finalmente ter habeas corpus!

      Veja se tem alguma vaga disponível nos próximos tempos, gostaria de voltar a fazer uma saída consigo, pode ser que dessa forma apanhe algum peixe que faça jus a esse nome!

      O amigo Carlos Campos é o nosso messias dos tempos modernos, foi preciso esperar mais dois milénios para ter-mos novamente um verdadeiro mártir!

      Quantos às fotos, vamos a isso! É só haver tempo para tal!

      Abraço!
      A. Duarte

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    3. Olá António Neste momento eu estou mesmo numa situação aflitiva: tenho quase 100 pessoas inscritas para os meus cursos de LRF, e não posso nem aceito levar mais que 3/4 pessoas por saída. Por razões que se prendem com a atenção e cuidado que quero dar a quem me confia a responsabilidade de um dia de pesca. Na verdade, nos próximos tempos, nem vou conseguir pescar, o mais natural é eu estar no mar mas a ...ver pescar os outros, a corrigir detalhes técnicos, a mostrar como se faz. A minha prioridade vai ser a de fazer um levantamento tão rigoroso quanto possível daquilo que existe na nossa zona de pesca, ver o que alterou, onde está o peixe ( não espere milagres, porque a paragem não existiu para os profissionais, e eles tiveram muito bom tempo, ou seja, lançaram redes onde quiseram...). Preciso de saber o que está a comer, onde, a que horas e aí, já com o filme feito, começo então a levar pessoas. O primeiro passo neste momento terão de ser os peixes que estão de saída, os pargos dourados. Há ainda alguns nas pedras, entre os 3 e os 5 kgs. Mas os dias estão a aquecer, a água vai ficar mais quente e os "amigos" do frio, vão embora. O momento é este. É pescar com jigs ligeiros, até aos 30 gramas, em zonas dos 20 aos 50 metros. Vão aparecer robalos também, eles agora estão um pouco mais fundos, mas estão a querer comer, porque perderam muito peso há dois/ três meses atrás. O Carlos Campos deve estar quase a sair no blog, vamos ver. É o Hugo Pimenta que controla a saída dos textos, eu só escrevo. Acho que o Carlinhos até poderia eventualmente preferir carregar uma cruz de madeira pesada, e ter uma coroa de espinhos na cabeça, porque aquilo que aí vem não é pera doce. E na verdade, eu, que tenho por ele uma grande estima e admiração, sou o primeiro a reconhecer que não devia dizer mal dele. É uma pessoa fantástica! Mas o mundo está cheio de injustiças, ...e agora o mal já está feito. Ainda em Abril, vamos sair nós os dois, nem que o mar esteja com 12 metros de ondas. Prepare um balde de comprimidos para o enjoo. Abraço Vitor

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    4. Boa tarde Vitor,

      É com grande satisfação que vejo essa grande afluência de pessoas a recorrer à sua formação, é um sinal que existe vontade de inovar, melhorar e mudar conceitos.

      O nosso mar e seus recursos, agradecem esse "mind set".

      Quanto á nossa saída... não há pressa, veja a sua disponibilidade, da minha parte terei toda a satisfação de voltar a fazer-lhe companhia, mesmo com ondas de meter inveja ao amigo McNamara.

      Aproveito para vos desejar uma Santa e feliz Pascoa.

      Abraço,
      A. Duarte

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    5. Obrigado, António Amanhã vamos todos ao mar, pelos vistos....

      O tempo está excelente, o peixe está lá, ...vamos ver o que sai de fotos.


      Boa pescaria!!


      Vitor

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